Capítulo 7

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Flávio:

Finalmente chegamos, sabia que a ideia que havia sugerido não era tão inútil, ruim e péssima, como Pedro a descreveu, sabia que eu tinha que ser o capitão e sabia mais ainda que sempre eu que tinha que ficar no comando. Não estamos com os pés no chão ainda, estamos cerca de mais ou menos 2 á 3 metros de distância, agora com a alegria transbordando no meu corpo, dirijo essa embarcação da forma mais rápida que eu consigo, em uma velocidade que eu desconhecia que a lancha era capaz de atingir. O sol estava radiante, estava realmente muito lindo, a sua luz aquecia a pele, como se estivesse tocando um forno, era uma sensação muito boa de sentir, mesmo que eu estivesse ensopado de protetor solar. Alguns minutos depois a lancha já estava em frente a um caminho de areia, que deduzir ser a praia que estávamos, mas alguma coisa de errado tinha nela, a areia parecia a mesma, porém o que me deixa encabulado é o fato de não ser a mesma praia, alguma coisa estava errado, alguma coisa não estava completa e eu precisava descobrir. A luz vermelha do painel que perdia a sua real cor por conta da claridade solar, estava apitando, quando olho para ela percebi que a gasolina ia acabar,  estava lutando pelo combustível para não chegar ao seu fim, definitivamente não há outra decisão, teremos que parar nesta ilha ou praia desconhecida. Mas eu prometo, prometo a mim mesmo que tirarei todos nós daqui, não vamos passar muito tempo aqui, não enquanto eu estiver no comando. 

— Acorda pessoal, terra firme! – dou um grito e bato palmas, acordando todos. 

— Tem certeza que essa é a praia? É porque assim… não parece – Janaína me questiona. 

— Foi a mesma coisa que imaginei e me perguntei, refiz todos os passos que dei, era para estarmos na praia, não entendo porque paramos aqui. – comento, minha voz saindo baixa e em um tom de chateação. 

— Então vamos embora, gente, não temos mais nada para fazermos aqui – Joana ordena.

— A gente até iria, mas estamos sem gasolina – os informo. 

— E agora como vamos embora? Ai meu Deus! Eu não quero ficar aqui por muito tempo, imagina como vai ficar o meu cabelo, as minhas unhas. Que pesadelo! Anda Flávio faz alguma coisa – Janaína fala com desespero, tento acalmá-la, dizendo que tudo vai ficar bem, mas a mesma parece não acreditar nas minhas palavras, que até então… são só palavras, como ela mesma gritou pra mim.

Com a lancha em frente a areia não sobrou outra opção a não ser ficar nesta ilha, todos ficaram meio receosos em aceitar a minha ideia, mas no fundo todos sabiam que essa era a melhor opção, a única, na verdade. Todos ainda estão dentro da lancha pegando algumas coisas que eles deduzem ser indispensáveis nas condições que nos encontramos. Até concordo que a situação não é das melhores, mas só peguei um casaco, que por algum motivo trouxe para a praia. Ando pela ilha, para explorar o novo lugar que eu não ficaria por muito tempo, era mais para conhecer e trazer um pouco de aventura, mas é óbvio que sem ir muito longe da lancha e ir marcando cada passo que dava. Diferente do que eu imaginava, a ilha não era assombrada, era bem bonita e aparentemente muito bem cuidada, mesmo sabendo que ninguém se dava esse trabalho de limpar-lá. A natureza realmente é perfeita, em todos os sentidos. Aqui é bem verde, tem várias árvores, com vários frutos, muitas flores que além de lindas eram muito cheirosas, vários passarinhos já passaram por mim e sempre bem animados, cantarolando e deixando esse lugar mais belo. Ainda olhando essa paisagem que com certeza representaria o paraíso, vejo algo que rouba toda a minha atenção, meus olhos que estavam orbitando entre as árvores e o céu, por algum motivo sentiu a necessidade de olhar para baixo, vendo a coisa que me fez encará-la e ao mesmo tempo silenciar tudo ao meu redor. Me aproximo, me abaixando e esticando a mão. 

— O que você está fazendo? – escuto uma voz feminina que me fez cair no chão, sinto meu coração correr igual um atleta em uma maratona, viro para trás me deparando com Joana, suspiro aliviado e mando embora todos meus pensamentos que tinha imaginado antes de saber que era ela. Fico de joelho me virando para fitá-la. 

— Eu que te pergunto, o que você está fazendo aqui? – Lhe faço a mesma pergunta —Você quase me matou do coração – termino fazendo uma cara de prezar. 

— Foi mal assustadinho! - exclamou, reviro os olhos — Só queria conhecer a nossa “nova” moradia.

— Está bem, vamos voltar para perto dos outros. – antes que ela fale alguma coisa, empurro ela pelas costas com delicadeza. 

— Por que quando cheguei você estava no chão? Sei que não foi pelo susto, até porque você já estava no chão –quase concluindo o caminho, ela nos para fazendo a pergunta.  

— E-Eu… só estava olhando algumas flores que estavam no chão. 

Voltando de onde saímos, nos deparamos com uma cena um tanto quanto caótica. Pedro gritava com Janaína que estava debaixo de um coqueiro tentando encontrar sinal, mesmo sabendo que não iria encontrar a mesma não desistiu, e não lhe dando a mínima. Percebo que ele estava tentando segurar a lancha, observo mais um pouco e vejo que ele tirou os pertences de todos de dentro dela. 

— E vocês dois vão ficar só me olhando? Venham me ajudar. – percebendo a gente não nos deixou outra escapatória. 

Fomos até ele, e eu só conseguia pensar em como que isso tinha acontecido. Óbvio que nós três não conseguimos segurar a lancha que acabou afundando, não me importava o valor que iríamos pagar, ou as consequências da rede em que alugamos, esses com certeza era o menor dos nossos problemas. Eu só queria saber o que diabos aconteceu para a lancha afundar e o porque Janaína não estava o ajudando.

— Vocês poderiam dizer o que aconteceu? Porque sinceramente nada está fazendo sentido. – pergunto encarando os dois, Joana parece ter a mesma curiosidade que eu, já que a mesma também os encarou. 

— Vai Pedro! Conte para eles a sua brilhante ideia. – Janaína, que até então não havia notado a nossa presença, desistiu de encontrar sinal após soltar um grito e começa a encarar Pedro. 

— Desculpa gente. – ele pede de forma arrependida. 

— Sabe que não é o suficiente. O que foi que você fez? – Pergunto de forma séria e seca, odeio fazer isso, principalmente com o meu melhor amigo, mas como líder eu precisava fazer isso para impor limites e passar um ar de autoridade. 

— Eu meio que sem querer abrir um buraquinho que já tava – fala soltando um sorrisinho 

— Você o quê? – Joana grita quase pulando em cima dele, puxo seu braço a impedindo. 

Diferente de Joana, não consigo esboçar uma reação. Fico só imaginando como que apareceu um buraco na lancha, pelo menos eu não me lembro de bater a lancha e não me lembro também da Joana batendo, isso não fazia o menor sentido, mas também não ia falar nada para não discutir. Agora mais do que nunca devemos nos unir, porque não sei se vou conseguir cumprir com a minha promessa. 







Um capítulo mais longo.
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