005

15.8K 982 183
                                    

Malia

Depois de muita insistência da Maria Eduarda eu vim para essa festa, e ela ainda me deixou sozinha porque foi se pegar com o ficante dela em algum quarto desse hotel que alguém tem por residência. Perambulei pela casa com o copo na mão e fui até a área dos fundos onde haviam poucas pessoas, me sentei em um balanço de banco e peguei meu celular, vendo algumas das poucas notificações que recebi. Minha vida tá ótima, tô tendo paz e tranquilidade, mudei de chip e agora é oficial, sem meu passado por perto.

── Que bom que veio. — O colombiano sentou ao meu lado e eu o encarei. ── Veio sozinha?

── Na verdade não. Duda se sumiu com aquele jogador lá que joga com você.

── Acho que é o Joaco. — Riu. ── Ele tava falando dela.

── Ele chegou nela aquele dia lá, mas nós saímos só para aproveitar, sem homens. — Falei sem manter contato visual porém sentindo seu olhar sobre mim.

── Desculpa por aquela noite. — Pediu. ── Acho que não foi certo eu ter te apostado. — Eu ri.

── É sério que você achou viável me contar aquilo? — O encarei. ── Por Deus, Colômbia, achei que você fosse mais esperto do que isso.

── Olha, se serve de consolo eu deixei teu time ganhar para te ver feliz. — Falou com um sorriso de canto e eu ri, negando com a cabeça.

── Sim, eu acredito que sim. Nem te vi perdendo um monte de passe e com uma péssima posse de bola, tava pior que planta. — O olhei e ele riu.

── Tá, foi um jogo ruim, perdemos mas fazer o que? — Encarou a movimentação. ── Bagulho é treinar e focar no paulista agora.

── É, boa sorte, vocês com certeza vão precisar.

── Quer apostar? — Perguntou com um tom divertido. ── A gente ganha!

── Não ganha, quer apostar o que?

Ele encarou o nada por alguns segundos e me olhou com um sorriso igual de criança quando pensa em algo mirabolante.

── Se a gente ganhar, você me deve um beijo.

Eu ri pela insistência dele e desviei o olhar, até que o colombiano não é tão insuportável quanto parecia ser antes. Fora que eles não vão ganhar, Palmeiras tá afundado!

── E se não ganhar, você vai ceder a algum pedido meu que eu ainda não sei qual é.

── Você quem manda, patroa. — Respondeu com ironia. ── Posso te perguntar uma coisa, Malia?

── Não.

── Por que eu nunca te vi antes? Você é nova aqui? — Ignorou minha resposta.

── Sou. — Falei apoiando o rosto na minha mão. ── Morava na capital do Rio Grande do Sul, cheguei tem uma semana por aí.

── Tá achando difícil se adaptar? Foi bem difícil a minha adaptação mas eu também vim de outro país, só que de estado também deve ser chato.

── Te sendo sincera, não! — Falei encarando meu copo. ── Eu tô adorando, finalmente tô tendo paz, liberdade. Você achou difícil se adaptar?

── Sim, fiquei longe da família e isso foi horrível.

É, para mim foi uma benção.

── Esse foi o maior ponto positivo para mim.

Encarei a casa movimentada e dentre aquelas várias pessoas eu vi aquele rosto que eu conseguiria reconhecer em uma multidão. Porra, desde quando o meu ex namorado vai em uma festa de comemoração do time rival dele? Virei o rosto e consegui ver ele se aproximar de canto de olho.

Puta que pariu!

── Tá tudo bem? — O colombiano perguntou.

Só vou ter uma escapatória porque a única saída é passando por ele e isso é fora de cogitação. Levei minha mão até o rosto de Ríos e me aproximei, grudei nossas bocas em um movimento rápido e notei o susto que ele teve de início, mas não recuou. Sua mão pousou na minha cintura e eu fiz questão de movimentar meu rosto de forma com que ele não me visse. Jean não imaginaria que seria eu beijando um cara qualquer em outro estado, tenho certeza disso.

Senti Ríos apertar minha cintura e um arrepio me percorreu, arranhei de leve sua nuca enquanto o sentia arrepiar e só aproveitava aquela sensação ótima que ele estava me proporcionando. Incrível como o nosso beijo encaixou direitinho, nossas bocas pareciam terem sido desenhadas uma para a outra mas, infelizmente, tivemos que separar quando a falta de ar se fez presente.

Recuperando meu fôlego e ainda com nossos rostos próximos, Richard acabou novamente com qualquer distância entre nós e voltou a me beijar, só que dessa vez com mais intensidade. Eu não recuei, eu deixei rolar porque eu estava sentindo coisas que eu nunca havia sentido com nenhum outro cara na minha vida toda. Desci minha mão de forma lenta pelo seu peito, parando na barra da blusa mas quando eu ia adentrar, ele segurou minha mão e separou nossos rostos.

── Vem! — Levantou e me puxou, me guiando pela multidão.

Eu sequer lembrava o porque havia iniciado isso, consegui desviar meu foco de Jean cem por cento só com o beijo desse desgraçado. Pelo menos, tenho a plena certeza que depois de hoje eu nunca mais vou o ver então posso fazer o que eu quiser sem me arrepender.

dama da noite, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora