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Richard

Eu acho que a vida foi feita para viver, não pode ficar desperdiçando oportunidades por medo do resultado que elas podem trazer. Malia pousava na minha frente para uma foto ao nascer do sol pós mais uma noite que viramos juntos. Ela vestia um vestido branco longo e justo, uma fenda na perna, alcinha e aberto nas costas deixando à mostra todas suas tatuagens. Tinha a maquiagem levemente borrada resultado dos inúmeros beijos que demos e da bebida que tanto bebemos também.

── Essa aqui ficou muito boa! — Falei indo até ela e mostrando, que sorriu.

── Eu amei! Você é um ótimo fotógrafo, sabia?

── Sério, Malia, só eu para catar um lugar bonito só para você tirar foto! — Falei e ela riu. ── Por que não abre seu insta? Você é tão bonita e fica se escondendo.

── Eu tenho pavor de pensar em ser reconhecida, os cinco minutos de fama que eu tive por sua causa no Twitter me causaram arrepios!

Essa mulher me desperta tanto interesse, tenho uma vontade tão grande de conhecer quem ela é por trás dessa armadura e de todos esses traumas. Sei que ela finge um personagem, reconheço isso nas pessoas, ela não é tão durona quanto finge ser.

Mas isso leva tempo, e eu gosto de tudo para ontem.

── Sabe o que eu pensei? — Ela falou segurando minhas mãos.

Passamos a noite bebendo, rindo, se pegando e falando de mil pessoas. Eu contei sobre as pessoas que eu odeio e ela me contou a fundo sobre as pessoas que ela odeia que, ironicamente, não é a mãe e nem o ex namorado. Malia me contou sobre o bullying que sofreu e agora eu tenho raiva de uma menina chamada Juliana, loira e que tem seis anos. Bom, tinha na época!

Não ligo se ela vai embora antes de eu acordar ou se vamos passar mais um tempo gigantesco sem nos ver e se falar, eu gosto disso.

── No que?

Passei minha mão pelo rosto dela e coloquei uma mecha atrás da sua orelha, aquela mecha que insiste em cair no olho dela sempre. Seu cabelo hoje estava liso e, consequentemente, mais longo. Eu achava ela linda de vermelho até ver que branco também combina bastante com ela.

Ela tem o esteriótipo daquelas mulheres que, definitivamente, não valem nada, mas ela é tão linda!

E hoje eu tenho jogo, tô virado, bebado e extremamente feliz ao lado dela. Ela vai ir me assistir depois de insistência minha.

── Seu jogo é às seis, tem que estar que horas no estádio?

── Cinco, por aí, também a hora que terminar eu vou dormir dois dias seguidos. — Falei e ela riu. ── Por que?

── Tá, eu consigo dormir um pouco, não muito. Mas já pensei até na roupa que eu vou!

── Cacete, nem me lembrava! — Falei levando a mão até a cabeça. ── Tenho que arrumar uma camiseta para você do verdão.

── Tem nada! Vou com uma blusa preta. — Tinha esquecido que ela é extremamente fiel ao time dela.

── União DPA, Malia.

── Foda-se? Simpatizo com você, não com seu time, Colômbia.

── Bom, você não tem muitas escolhas, eu tenho uma que talvez entre em você. — Falei e ela me encarou com cara de poucos amigos. ── Nem adianta me olhar com essa cara bonita aí!

── Sabia que você tem tornado meus dias em São Paulo bem melhores? — Falou sem fazer contato visual e eu senti meu coração acelerar. ── Um medo que eu tinha era ficar sozinha.

── Mas você não é sozinha, você tem suas amigas.

── É, mas eu consigo ser mais eu com você do que com elas. — Me encarou. ── Não sei o porque disso! Mas eu gosto.

Eu também me sinto assim, eu só sou eu do lado dela, sem filtros nem nada porque sei que ela não vai me julgar. Que sensação boa e leve!

── Eu acho que vamos ser bons amigos. — Falei e ela riu. ── Com benefícios, é claro!

── Seremos ótimos amigos, Ríos. — Falou brincando com meus dedos.

Eu odeio ser chamado pelo sobrenome, mas quando é com ela tudo parece tão melhor então nem reclamo.

dama da noite, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora