[ESPECIAL] Inside Sanders's Mind

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P.O.V. — Harry

Minha semana não poderia ter começado pior.

Odeio com todas as minhas forças morar com o meu pai. Mas eu odiaria mais ainda ter que morar com a minha mãe e seu namorado pé no saco. Ela já tentou me convencer a ir morar com ela, mas eu simplesmente não suporto aquele mala. O idiota ainda faz de tudo para ser meu "amigo". Será que ele não percebe que para mim ele é apenas o filho da puta que está fodendo a minha mãe nas horas vagas? Isso é uma merda. Não sei conviver com isso.

Apesar do meu pai morar sozinho (duvido muito que alguma mulher em sã consciência aceitaria ficar com ele mais do que dois dias seguidos), a casa vira um inferno sempre que nos encontramos. Ele não me suporta e eu não o suporto. Para ele eu sou um problema, um encosto, um fardo pesado demais para carregar, e para mim ele é um escroto que só pensa em si mesmo e não come ninguém.

A manhã começa com ele me dando um esporro por eu ter chegado em casa quatro horas da manhã e por ter quebrado metade das pratarias ao tentar chegar ao meu quarto, porque o porre era tanto que eu não conseguia nem andar direito. Bom, é tudo verdade. Mas só quebrei dois pratos e uma taça ridiculamente cara.

Então ele decide me colocar de castigo por um mês.

Começo a rir nessa hora. Castigo? Meu ovo.

Ele fica puto e cancela meus cartões.

Agora sou um delinquente de castigo e pobre. Que merda, não?

O que ele não sabe é que comecei a trabalhar, então não preciso do dinheiro dele. Faz meses que estou tentando conseguir um emprego, e finalmente encontrei um que tem a ver comigo: estou ensinando vôlei duas vezes na semana para uns catarrentos de uns sete anos num ginásio local. Adoro vôlei e até quero conseguir uma bolsa de esporte na universidade, mas não vou compartilhar os meus planos com o meu progenitor cuja opinião sobre mim se resume a notas baixas, farra e prejuízo.

No caminho do colégio, fico pensando no meu futuro. Esse é o tipo de coisa que eu nunca faço, mas de uns tempos para cá comecei a fazer. Quero sair de casa – isso é fato. Estou trabalhando meio período e o salário não é grande coisa, então não posso sair agora. Decido esperar até a formatura. Quem sabe eu não vou para uma universidade do outro lado do país?

Automaticamente algo me vem à cabeça. Meus planos parecem estranhamente errados, incompletos. Falta alguém.

Aquela dorzinha chata e insuportável aparece novamente, e esmurro o volante, odiando a mim mesmo por ter voltado a pensar nela. Ambrosine não está nos meus planos. Ela não quis estar. Ela não passa de uma miragem, alguém que eu pensei conhecer, que eu pensei querer, mas que se dissipou como neblina e deixou apenas sofrimento. Tento manter a cabeça ocupada com noitadas, mas não tem dado muito certo.

Duas semanas. Muito pouco tempo, não? De fato. Faz duas semanas desde que saí da casa dela determinado a nunca mais voltar. E não voltei mesmo. Teria voltado, até, teria insistido, teria tentado convencê-la a todo custo do que sinto, do que nós podíamos ter, mas algo aconteceu: ela me esqueceu.

É, isso mesmo. Ela me esqueceu. Assim, rápido e fácil.

Bom, foi isso que Zack fez parecer, pelo menos. Há três dias, quando estávamos no treino de vôlei, em pleno jogo, ele disse "Vou sair com a Rose hoje. Tudo bem para você, né, cara?". Perdi o lance, perdi o ponto, perdi o jogo. Não consegui mais me concentrar em nada. Eu só conseguia sentir. Sentir uma raiva irracional, uma vontade incontrolável de socar a cara daquele merda, de sair daquela quadra e ir atrás da Ambrosine, exigindo que ela desmarcasse esse encontro ridículo imediatamente.

12th Grade and UsOnde histórias criam vida. Descubra agora