Four

67 10 173
                                    

4

O MUNDO É MESMO PEQUENO

Nem vejo o tempo passar. É só a primeira semana de aula e os professores já nos enchem de atividades e conteúdos. Estou fazendo um cronograma mental para eu conseguir estudar tudo no final de semana quando o sinal toca, anunciando o final das aulas.

Saio da sala de Álgebra e encontro Gillian me esperando encostada num armário.

Não posso esperar na saída com ela dessa vez. Harry vai estar na sala de música, e duvido muito que ele tenha paciência de me esperar por mais do que alguns minutos. Não vou dar motivo para ele parar de me ajudar. Já é um sufoco conseguir me comunicar com ele, quase enlouqueço de ansiedade.

— Gillian, não posso ir com você agora. — digo, sem jeito.

Ela franze o cenho.

— Por que não?

— Harry me pediu para encontrá-lo na sala de música.

— O quê?! Posso saber o motivo? — ela quase grita. Faço "shhh" para ela. Sempre exagerada.

— Ele não me disse. Mas tem a ver com aquela ajuda que eu te falei...

— Ah, aquela ajuda besta. — ela ri.

— Não é besta para mim, ok? — retruco. Sei que ela não entende, mas espero que respeite.

— Eu sei, calma. — ela ergue as mãos em sinal de rendição. Claro que ela respeita. Gillian é minha amiga de verdade, sei disso. Nunca vou me esquecer. — Vai lá. Mas depois me conta como foi. Só não entendo por que esse acordo de vocês dois é tão secreto.

— Não quero que ninguém saiba que só fiquei popular por causa dele. E duvido que ele queira que saibam que precisou de aulas de uma nerd anônima porque não conseguiu tirar as notas de que precisava sozinho.

— Você fala como se já fosse popular. — ela ri.

— É melhor já ir me acostumando. — pisco para ela.

Despedimo-nos e eu sigo sozinha pelos corredores em direção à sala de música. A sala não é muito grande, mas é apinhada de instrumentos. Alguns eu nem sei o nome. O lugar nunca fica trancado, mas só é visitado pelo pessoal da banda e do coral. No momento não há ninguém. Há um piano de armário empoeirado num canto, e eu me sento no banquinho para esperar por Harry.

Vim correndo como uma louca para não deixá-lo esperando e sou eu que acabo esperando por ele. Irônico, não? Sinto que faço papel de idiota sempre que ele está por perto.

Sou inquieta e não aguento ficar parada por muito tempo, então começo a tocar uma musiquinha infantil que aprendi nas aulas de música quando eu ainda me interessava pela área, há uns oito anos.

Minha falta de talento como pianista me "aposentou" em menos de um ano.

Toco todo o meu repertório decorado, que vai de Jingle Bell a Billie Jean.

— Bravo! — ouço um ruidoso bater de palmas e, quando olho para trás, vejo-o. Ele está com a roupa do time de vôlei. Os cabelos estão soltos e desgrenhados. Típico. — Sublime!

Paro de tocar. Lá vem ele me zoar.

— Você demorou. — resmungo e me afasto do piano.

Ele me olha de modo analítico.

— Eu gostei. Sério. — ele diz.

Oi? Estreito os olhos, desafiando-o a falar a verdade. Ele suspira.

12th Grade and UsOnde histórias criam vida. Descubra agora