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SÓ FAZEMOS ISSO PORQUE NOS AMAMOS

Estou estacionando meu Ford na minha vaga de sempre no estacionamento da escola em mais uma segunda-feira pós recesso, mas dessa vez não sinto a preguiça e o desânimo habituais. O motivo é simples: essa é a última segunda-feira pós recesso. Esse foi o último spring break como uma aluna do 12th grade. E, dentro de dois meses, tudo o que estou vendo e vivendo agora terá ficado no passado.

Com um aperto doloroso no coração, caminho a passos lentos pela entrada do colégio enquanto observo a movimentação de alunos. Não sei quanto desses rostos voltarei a ver algum dia. A sensação é estranha.

Antes que eu cruze as largas portas do prédio principal, um cara alto se coloca no meu caminho segurando um buquê de margaridas amarelas. A visão é quase engraçada, porque o cara em questão é ninguém mais ninguém menos que Harry Sanders, meu namorado nem um pouco romântico. Ele está vestido em tons de preto e cinza e está com um boné virado para trás — e provavelmente será barrado por algum inspetor e terá que tirar —, então as flores vibrantes e amarelas parecem erradas em suas mãos enormes.

— Uau. Bom dia. — eu digo, sem conseguir esconder minha surpresa. — São para mim? — aponto para as flores.

Ele baixa o olhar, parecendo envergonhado, então estende o buquê para mim.

— Me dei conta de que nunca te dei flores. Que tipo de namorado eu sou? — ele diz e eu estreito os olhos, duvidando que não haja nenhum outro motivo oculto por trás desse gesto. Ele devolve meu olhar por alguns instantes e então acrescenta, revirando os olhos: — E também quero fazer as pazes. E quero te convidar para ir ao baile de formatura.

— Ainda faltam dois meses para o baile. E a galera geralmente vai com amigos, não em casais. — rio.

— Mesmo assim, não vou correr o risco de alguém te convidar antes. Vai que você me troca por algum idiota qualquer só porque ele vai para UC San Diego assim como você. — ele zomba, mas percebo que por trás da brincadeira ele está meio magoado.

Não conversamos desde a pool party na casa da Erika, dois dias atrás. Tivemos aquela conversa desconfortável e o clima ficou estranho desde então. Acho que nós dois precisávamos de um tempo para processar tudo o que falamos. Nem sei se consegui processar tudo ainda.

— Não existe ninguém nesse colégio com quem eu gostaria de ir ao baile além de você, Harry. — dou um passo a frente e toco seu peito.

Ele acena com a cabeça, aceitando minhas palavras. Ou talvez se consolando com elas.

— Escuta, Ambrosine, eu não quero desperdiçar os últimos meses do high school longe de você. Honestamente, foda-se o que vai acontecer no meio do ano. Eu refleti sobre o que conversamos e entendi o seu ponto de vista. — ele solta um suspiro e me puxa para um abraço.

— Então você não vai mais escolher a UCLA só para ficar perto de mim? — pergunto.

Ele protela por alguns instantes, mas responde contra o meu cabelo:

— Vou escolher o que eu julgar ser melhor para a minha carreira. — ele diz, e por algum motivo isso basta. Quero que ele escolha por ele, não por mim. — E, se isso significar ficar longe de você, não importa, daremos um jeito, né? — ele recua para averiguar minha expressão.

Balanço a cabeça em concordância.

— Vai dar tudo certo. Eu sei que vai. — sorrio para ele com confiança, embora eu não tenha tanta certeza assim.

12th Grade and UsOnde histórias criam vida. Descubra agora