Twenty-two

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MINHA NAMORADA E PONTO FINAL

Entro de fininho pela porta da garagem da minha casa quando o sol está prestes a nascer.

Antes que Harry acordasse, chamei um motorista de aplicativo e fui do apartamento dele até Tuna Harbor Park, pegando meu carro no estacionamento e dirigindo correndo para casa. Minha mãe costuma acordar cedo e eu não quis correr o risco de ela entrar no meu quarto pela manhã e não me encontrar.

Eu poderia ter pedido para o Harry me levar até o meu carro, mas a verdade é que preciso de alguns momentos sozinha para digerir o que aconteceu noite passada.

Eu perdi a minha virgindade com Harry Sanders na véspera de Natal. Aposto que cometi algum pecado muito grave, mas a verdade é que não me sinto arrependida, embora não saiba em que pé a noite passada nos deixa.

Quando subo as escadas na ponta dos pés e finalmente chego ao meu quarto, fechando a porta atrás de mim com o máximo de cautela, é que minha ficha cai.

Não sou mais virgem. Ah, meu Deus, não sou mais virgem!

Enquanto me dou conta do marco da maioridade que ultrapassei, percebo que só existe uma única pessoa no mundo com quem eu gostaria de conversar sobre isso. A única que me entende e conhece de verdade.

Mandando embora toda a vergonha e toda culpa que me consumiram nos últimos meses, disco os números que sei de cor no celular.

― QUEM CARALHOS ESTÁ ME LIGANDO ÀS SEIS HORAS DA MATINA EM PLENA MANHÃ DE NATAL? ― mesmo sonolenta Gillian é capaz de estourar os tímpanos de alguém.

― Hum... Oi, Gillian. Feliz Natal. ― encolho-me involuntariamente.

Tenho medo de que ela desligue na minha cara. Ou que me xingue e me mande para aquele lugar. Mas tudo o que escuto é um silêncio espantado do outro lado.

― Rose? ― ela suaviza o tom, mostrando o choque.

― Eu sei que é muita cara de pau minha te ligar. Sei que você deve estar me odiando e com toda razão. Mas é que... Você é a única pessoa que me conhece de verdade e...

― Eu não te odeio, Rose. ― ela suspira.

― Eu sei que odeia, não precisa mentir.

― Não, eu não te odeio. ― ela retruca. ― Só sinto muito pela nossa amizade. Você simplesmente abriu mão dela.

― Eu sei. ― meus olhos enchem de lágrimas. ― E, acredite, sinto vergonha pelo que fiz com você todos os dias.

― Foi por isso que você nunca retornou nenhuma das vezes que entrei em contato?

― Eu simplesmente não sabia o que te dizer. Não existem desculpas para o que eu fiz.

― Você poderia ter dito exatamente o que está me dizendo agora.

― Mas do que adiantaria? Você acha ridículo o fato de eu querer ser popular. Você ia odiar todas as novas amigas que fiz e a vida que escolhi...

― Eu posso odiar todas essas coisas, mas você ainda era minha amiga e eu jamais me afastaria de você por conta disso. Foi você que me afastou.

Uma lágrima solitária escorre. Ela está certa, eu me afastei. Nem sequer tentei conciliar nossa amizade com minha nova rotina, meu novo círculo social.

― Eu sinto muito...

― E sabe por que você fez isso? Porque sabia que eu não seria aceita no seu novo grupinho, porque eu jamais me sujeitaria às coisas que você se sujeitou para se encaixar. E agora eu te pergunto: valeu a pena?

12th Grade and UsOnde histórias criam vida. Descubra agora