CAP 20

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CAP 20
Elisa.
- Oi, eu sou a professora Elisa. - estendo minhas mãos para cumprimenta-la.
- É um prazer conhecê-la, o Saulo fala muito bem de você. - ela sorri, posso ver suas ruguinhas aparecendo.
- Bom, no que posso ajudar a senhora? - mudo de assunto por estar corada.
- Então professora Elisa, eu queria saber como está as notas do Saulo, como está o comportamento.. Mas eu não quero que a senhorita diga que eu estive aqui, ele pode não ter uma reação muito boa.
- Tudo bem dona...?
- Lúcia. - ela diz.
- Vou pegar o boletim dele, só um minuto. - digo é caminho até a sala do Thiago.
. Ao chegar, escuto uns gemidos, ótimo ele estava transando. Bato na porta e o escuto bufar, que culpa eu tenho? Aquele lugar era impróprio. Depois de alguns minutos o escuto dizer que podia entrar e quando entro aquele cheiro de sexo entra pelo meu nariz me dando ânsia de vômito e o pior, não encontro ninguém com ele.
- Desculpe atrapalhá-lo diretor, eu queria o boletim do aluno Saulo do Nascimento. - peço.
- Vou pegar, sente-se. - ele oferece a cadeira que estava até meio torta.
- Eu tenho pressa. - digo sem rodeios, ele solta um sorrisinho, abre uma grande gaveta e procura. Depois de um tempo ele me entrega mas antes faz questão de tocar em minha mão, que idiota.
- Obrigada. - agradeço e saio em seguida, febrônio.
. Volto para a sala de reuniões e me desculpo pela demora, havia dito que houve um imprevisto na sala do diretor, mal sabe a coitada que ele estava transando. Apresento o boletim à ela que sorri tão lindo que acabou me contagiando.
- Esse garoto é o meu orgulho. - diz emocionada ao ver que as notas dele era de seis pra cima.
- O Saulo é uma adolescente muito quieto, na dele... Ele não conversa com ninguém e o por que eu não sei, o vejo sozinho nos intervalos, na sala de aula faz todas as lições e sempre é o primeiro a entregar. Ele é um bom aluno dona Lucia, sem sombra de dúvidas. - digo tocando suas mãos.
- Fico feliz professora por não ter reclamação do meu garoto, tenho certeza que o meu filho mais velho lá de cima deve estar orgulhoso assim como eu. - ela diz e deixa uma lágrima solitária cair de seus olhos. - Desculpa. - ela pede.
- Desculpa por chorar? Não se preocupe, todos nós choramos. Ontem eu encontrei o Saulo na praça ele estava esperando por seu marido, será que podemos conversar sobre?
- Claro professora. - ela seca uma outra lágrima.
- Dona Lucia eu vejo em seu rosto que a senhora sofre bastante. Ontem o Saulo contou um pouco da história da vida dele e por incrível que pareça a senhora passa pelo mesmo problema que eu passava há menos de um mês atrás. O marido da senhora a agride não é? - ela concorda. - Pois bem, o meu também me agredia.
- Poxa, a senhora me parece ser tão nova...
- Todos dizem isso e realmente eu sou, tenho vinte e sete anos, me casei muito cedo. Fui casada e ainda sou no papel por dez anos, eu apanhei muito nesses dez anos e só não morri pois não era a minha hora. Ele queria um filho e eu não pude dar a ele por ter um problema no útero, hoje estou gravida mas foi por inseminação artificial. Surgiu a oportunidade de vir para cá e eu aceitei vir para sair das garras do meu marido, mas mal sabia eu que o homem que doou o esperma estava tão próximo de mim. - digo e ela me olha atenta.
- Eu sinto muito professora. - ela diz ajeitando sua bolsa no ombro.
- O que eu quero dizer Lúcia como sua amiga é que você deveria fugir. A senhora é uma mulher e não deve apanhar, se não tiver coragem de denunciá-lo, arrume algum dinheiro e fuja das garras do seu marido alcoólatras, aposto que a senhora será muito feliz ainda com o Saulo.
- O problema professora Elisa é que eu não tenho com quem arrumar dinheiro e tão pouco tenho dinheiro! Na minha casa nós vendemos a janta para comer o almoço ou vice-versa. É complicado. - ela diz levantando-se,fico pensativa por alguns minutos até que me levanto e seguro sua mão.
- Eu lhe dou esse dinheiro dona Lucia, tenho condições. Lhe dou uma boa quantia em dinheiro para que a senhora junto com o Saulo consiga fugir e passe de uma dessa para melhor! - eu digo.
- Mas professora Elisa, eu não posso aceitar... - ela diz e eu seguro sua mão.
- Aceite Lucia, sinto um carinho muito grande pelo seu filho e agora que sei da sua história e entendo sua dor, me sinto no dever de ajudá-los. - tento convencê-la.
- Mas, eu não terei condições de pagá-la. - ela diz derramando suas lágrimas, eu a seco.
- Não precisa me pagar Lucia, considere isso como um presente. Um presente de quem quer o seu bem e o bem do seu filho! Chega de sofrer Lucia, você tem a faca e o queijo na mão, basta aceitar e procurar a sua felicidade. - digo.
- Tudo bem professora Elisa, eu aceito seu dinheiro, mas quero que saiba que assim que eu estiver em uma boa condição, irei pagar você. - ela diz.
- Não precisa mas se você faz questão... Não tenha pressa pois eu não tenho, nunca é tarde para ser feliz minha cara amiga. Eu estou procurando a minha felicidade ainda mas com o tempo eu irei descobri-la. - falo com um sorriso, ela toca meu ventre.
- Eu não sou uma vidente e tão pouco sou macumbeira/cigana mas talvez a sua felicidade seja ao lado do pai dessa criança. - ela me abraça em seguida.
- Eu acho que não Lucia, ele é comprometido, daqui um tempo ele estará se casando. - dou um sorriso forçado.
- Acredite e verás professora. - ela sorri.
- Bom, na hora do almoço eu irei ao banco, retiro uma boa quantia para você e mando pelo Saulo, tudo bem? - pergunto.
- Sim, nossa professora Elisa, muito obrigada! Eu serei grata por toda vida à senhora. - ela me abraça novamente e eu sorrio.
- Desejo toda felicidade do mundo à senhora dona Lucia, agora eu preciso voltar para minha sala, essas horas meus adolescentes devem estar destruindo tudo. - brinco.
- Tudo bem, não conte nada ao Saulo, quando for entregar o dinheiro não deixe com que ele faça perguntas. Meu filho é uma benção mas de vez em quando ele tem lá seus cinco minutos. - ela sorri.
- Quem não tem não é dona Lucia? - pergunto.
- Pois é. - caminhamos até a porta e demos de cara com o Thiago, ele cumprimenta a dona Lucia e me encara, ela nota que ficou um clima tenso, se despede, agradece mais uma vez e se vai.
- Olha professora Elisa, se a senhorita não fosse professora, poderia ser psicóloga. - fala passando a mão pela mesa notando que a mesma estava empoeirada.
- Não sei do que você está falando, Thiago. - respondo friamente, pego minhas coisas que acabei sendo obrigada a trazer.
- Claro que sabe, adorei seu conselho para a mãe daquele garoto.
- Sua tia não lhe deu modos? Ela não te disse que é muito feio ouvir a conversa dos outros? - perguntei.
- Claro que sim, mas eu não uso. Aliás a escola está sob minha direção e eu mereço ouvir a conversa. - responde cruzando os braços.
- É aí que você se engana meu " querido" - dou ênfase no querido. - Um dia você irá cair do cavalo, alguém vai ser tão grosso ou grossa com você por ouvir conversa atrás das paredes que você vai até desistir de viver. Eu não serei essa pessoa, por que de verdade, eu não posso me estressar é tão pouco perder meu tempo com você! - tento sair, sem sucesso.
- Você está linda hoje.
- Porque você não vai ver se eu estou lá na esquina Thiago? Para de me perseguir, para de ser chato. Foca na sua namorada, na sua amada e idolatrada NAMORADA e sai do meu pé. - digo e saio, esse cara está me fazendo perder as estribeiras.

O DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora