CAP 28

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CAP 28
Elisa.
. Carina quis pegar um lanche natural com uma coca-cola e eu quis apenas dois pães de queijo com um copo de suco de laranja. Estava sem fome pois aquele beijo me tirou qualquer coisa, estava em silêncio e nem vi quando Emika e Thiago fizeram questão de sentar ao nosso lado, só consegui perceber quando ouvi aquela voz enjoada rindo igual uma hiena.
- No mundo da lua, Elisa? - perguntou Emika.
- Não quero papo, fica na tua. - digo tomando um gole do meu suco e belisco meu pão de queijo. O clima estava tenso, Carina só conversava comigo e os dois conversavam entre eles, eu não via a hora de terminar de comer para poder voltar pro ônibus, só tínhamos quinze minutos ali. E então, vejo que Emika toca as mãos de Thiago que parece gostar, e com a mão esquerda ela toca o rosto dele que tinha uma barba por fazer, me sinto mal pois era eu quem deveria estar fazendo carinho nele, respiro fundo e tomo o meu resto de suco.
- Licença. - digo e me retiro, posso ver o sorriso de quem estava feliz no rosto de Emika, nojenta. Carina também sai ao meu lado, vamos ao banheiro, tiramos uma foto muito bonita, lavamos as mãos e saímos. Peguei um biscoito de polvilho para levar pra comer pois tínhamos ainda duas horas e meia de viagem pela frente. Passamos ao caixa e pagamos o que estávamos devendo, em seguida caminhamos até o ônibus. Eu fiquei no mesmo lugar de sempre, e Carina sentou-se aonde estava antes de descermos.
- Amiga, você ficou bolada não ficou? - ela pergunta.
- Se eu fiquei? Estou péssima, Cá. - digo.
- Não fica assim, eu te amo. - ela diz, já estava em pé e tocou meu rosto, deixo uma lágrima solitária rolar.
- Eu também te amo. - respondo.
. Ficamos em silêncio e uma dor repentina veio, e senti que a bebê se mexeu dentro de mim.
- AII... - reclamo.
- O que aconteceu? - ela pergunta assustada.
- Minha filha deu seu primeiro chute... - digo emocionada.
- Ai que linda, deixa eu sentir? - ela pede.
- Sim. - coloco sua mão aonde ela estava, e a bebê dá mais um chute, nisso Thiago entra e vê que nós duas estávamos emocionadas.
- O que aconteceu? - ele pergunta confuso, eu me calo.
- A filha da Elisa, deu seu primeiro chute.- Carina disse.
- Nossa filha. - ele a corrige.
- Dela, pois o que você fez até há um tempo atrás não lhe dá o direito de ser pai. - ela começa uma discussão e minha pequena chuta mais uma vez.
- Não vamos brigar, obrigada. - digo e eles se calam, Thiago senta ao meu lado e Carina se afasta e vai para o seu lugar.
- Eu pensei que você tinha me perdoado. - ele diz.
- Eu não falei nada, falei? - digo colocando a mão na minha barriga e a bebê para de se mexer, acho que cansou de me agredir.
- Ela está mexendo? - diz colocando a mão na minha barriga.
- Não. - digo.
. Eu não estava nem coberta, foi tão emocionante que me deu calor, mas confesso que um pouco mais pra frente da onde estávamos o frio começou a bater, minha mala estava no lado de baixo do ônibus e o motorista não pararia pra pegar uma simples coberta, respiro fundo e me cubro com os braços, na tentativa de conseguir me esquentar mas foi em vão. Thiago então me cobriu sem que eu pedisse, aquilo foi bom e aquecedor, por um momento eu quis muito que ele me amasse do mesmo jeito que talvez eu o ame, com esses pensamentos acabei adormecendo encostada na poltrona.

Thiago.
. Eu a amo, porra, eu amo a Elisa. Por que temos que estar tão longe um do outro? Agora eu estou aqui, a vendo dormir recostada nessa poltrona, sinto vontade de cuidar, amar, fazer com que ela seja mim mas tudo parece conspirar ao oposto do que queremos. Ela sente algo por mim, isso é evidente mas o que ela sente? Por que não diz? Eu queria ter uma bola de cristal apenas para adivinhar seus pensamentos em relação à mim.
. Eu sou um ogro, mas sou assim por que não quero deixar transparecer o que sinto para não ser pisado, ah se ela soubesse que eu penso nela todos os dias... E então, noto que Elisa dormindo coloca sua cabeça em meu peito, fico com as mãos pra cima, tentando não tocá-la. Ela arruma uma posição para que consiga dormir, depois que ela se ajeita, eu crio coragem a acaricio seus cabelos, ela parece gostar pois nem se mexe, até dormindo ela conseguia ser linda, eu parecia um idiota zelando pelo seu sono.
. Ela dormiu por quase trinta minutos e só acordou quando um celular começou a tocar alto dentro do ônibus, ela levantou com tudo, quase acertando meu queixo.
- Que susto. - ela passa as mãos pelo cabelo.
- É só um celular...
- Eu estava tendo um pesadelo. - ela diz.
- Já passou, você acordou.
- Por que eu estava deitada em você? - pergunta confusa.
- Você deitou sozinha, parecia estar bem aonde estava.
- Talvez, preciso ir ao banheiro. - se levanta e sai meio cambaleando.

Elisa.
. Eu estava deitada em seu peito, e não consegui nem ao menos ouvir seu coração, só soube que estava em seu peito quando acordei e quase o acertei. Agora eu estava no banheiro, urinando e pensando no homem que está sentado ao meu lado, pai da minha filha, namorado de outra que também está grávida...que destino cruel.
. Logo volto para o meu lugar, me sento e não digo nada, minha filha se mexe e para, dou um sorriso fraco e toco minha barriga. Alguns segundos depois, Thiago coloca suas mãos que por sinal estavam geladas em cima das minhas, respiro fundo.
- Ela está mexendo?
- Mais ou menos. - digo e tiro a minha mão, ela se mexe mais uma vez. Pego a mão de Thiago e coloco em cima da minha barriga, no caso, aonde ela estava mas a garotinha não quis nem ao menos se mexer para o pai que ficou frustrado.

O DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora