—❁—❁—❁—Natália comumente não era o tipo de mulher de favores, não oferecia, tampouco se dispunha a aceitar qualquer favor, porque além de uma mulher muitíssimo ocupada, muito obrigada, também era alguém de pouca disposição.
Então obviamente foi um choque e tanto para sua cunhada ouvi-la se oferecer tão vagamente, de repente em um café da manhã pacato, buscar os sobrinhos na escola aquele dia.
Tinha uma boa relação com os sobrinhos, não havia nada de ruim em sua atitude repentina, amava mesmo passar um pouquinho mais de tempo com Joaquim e Julia, os dois sobrinhos de onze e sete anos respectivamente, eles eram ótimos e se orgulhava em ensinar algumas de suas piadas para eles e aos poucos torná-los uma pequena parte de si mesma apenas para irritar um pouquinho Pedro.
Taís a conhecia a muito tempo, antes mesmo de entrar em um relacionamento com seu irmão, e sabia que Natália não costumava se oferecer tão facilmente para coisas sem segundas intenções ou verdadeiro interesse por algo, que sendo honesta, claramente não era os muros azuis celeste da escola que os filhos estudavam.
E vamos combinar, não havia nada de interessante em caminhar até a escola barulhenta cheia de crianças animadas e esperar a chegada das suas. Era até mesmo um pouco entendiate. E Natália odiava o tédio, era seu inimigo mortal.
Mas Taís estava ocupada, sempre estava, levava seus filhos pontualmente até a escola e se ocupava pelo resto da manhã com seus deveres como estilista chefe de uma nova linha que estrearia ainda no inverno, estava atolada de mais e mais trabalhos, o que parecia estar a enlouquecendo aos poucos, então não teria tempo nem mesmo para questionar, mesmo querendo muito. Pedro naquele dia tinha alguns clientes extras em seu petshop, era difícil está lotado ultimamente, então aceitava agendamentos de última hora, sua situação, apesar de ser tranquila pela tarde, dificilmente sairia em um bom horário para pegar suas crianças pela manhã.
Natália não fazia nada. Eufemismo. Ela fazia alguma coisa sim, mas seu horário era tão flexível que se permitia abusar de saídas periódicas por pura diversão e vontade de afrontar o sistema. Era difícil se manter por muito tempo trancafiada em seu estúdio, na verdade eram raras as ocasiões que estava realmente muito focada ao ponto de esquecer as horas. Apesar de amar fotografia e a imensa sensação de enxergar tudo que a transmitia, ainda se sentia muito sufocada em um lugar por muito tempo, por mais calmo, imenso que poderia ser.
Seu estúdio ficava cerca de 20 minutos a pé até a escola dos sobrinhos, mesmo a residência em que moravam sendo relativamente mais perto não via problema em caminhar um pouquinho mais.
Então o faria sem contestar, andaria um pouco antes do horário até a escola de fachada grande em um bairro muito comum meio distante do caos completo da cidade, se sentaria em um banquinho recém pintado bem na frente da instituição, apoiaria as mãos sistematicamente nos joelhos inquietos, desembalaria um sanduíche meia boca e esperaria o horário em que os portões se abririam e era permitido a entrada dos responsáveis para levar as crianças.
Era uma coisa simples.
Faria sem problemas.
Não parecia difícil.
Mas havia um grande problema sim, e esse era sua cabeça. O caos que vivia nela. Sua distração. Um par de olhos distintos que insistia em tomar toda sua atenção, mesmo do outro lado da rua. E um par de listas de coisas que deveria fazer antes das três da tarde.
1- Editar as fotos de um casal breguissimo
2- Comprar um tripé novo
3- Prestar atenção na floricultura
4- Regar um punhado de suculentas no fundo do seu quintal
5- Jogar o lixo fora
6- Perguntar para a moça do outro lado da rua se poderia fotógrafa-la apenas uma vez

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Todas as Flores
Fanfiction🌼 Edição Narol ; Natália havia prometido uma única vez a sua cunhada que buscaria seus sobrinhos na escola. Não era uma tarefa difícil e soava extremamente normal apenas acompanhar a dupla de crianças até em casa por um curto caminho em um tempo c...