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Foi uma luta terrível controlar tudo o que sentia antes de finalmente dar aquele passo mais longo a encontro do desconhecido.
Atualmente faltavam apenas dois dias para a festa oficial do aniversário de sua sobrinha, um dia inteiro antes de se empanturrar de brigadeiros até não caber mais e aguentar quinze das mais irritantes crianças correndo por todo o seu precioso jardim, tudo aquilo sem poder colocar um pingo de álcool na boca porque segundo Taís, "Era arriscado de mais". Papo fiado.
Natália realmente quis adiar toda aquela comoção em seu estômago e empurrou até não poder mais, porém, tinha um tipo de missão muito importante que não poderia ser adiada de jeito nenhum. Então ali estava ela, meio perturbada, encarando um arranjo imenso das mais deprimentes flores que já avistou, enquanto esperava um ínfimo suspiro de coragem para caminhar na direção do interior da loja e abrir o seu sorriso mais gentil, e que não demonstrasse tanto assim sua ansiedade e palpitações seguidas em seu coração fraco.
Não era difícil.
Lá estava, cheia de pausas dramáticas, caminhando como uma velha senhora com torcicolo, carregava um peso imenso nos ombros e um pouco de tremores nas mãos. Era só empurrar uma porta e sorrir feito uma "Miss Simpatia", o que definitivamente com certeza não é nem de perto, só para constar. Estava tentando soar casual, foi o que Taís a disse, ser casual significava agir normalmente, mas naquele instante nem se lembrava quem costumava ser em seu dia mais normal.
Carol trajava um pequeno avental preto florido, luvas de jardinagem e um livro bem ao seu lado enquanto carregava uma pá em uma das mãos e um olhar muito concentrada em um vasinho bem em sua frente.
Estava deslumbrado. Realmente deslumbrante, pelo menos para seus olhos. Mesmo que catasse em sua realidade outra cena mais bela, seus suspiros continuariam sendo direcionados para aquela tão simples e despretensiosa.
— Me parece uma tarefa dificílima.
Natália sorriu com as mãos atrás no corpo quando Carol se assustou e levantou nervosa apontando a pá de plástico em sua direção com os óculos meio tortos e a bochecha suja de terra.
— Uau, você realmente parece bem ameaçadora me apontando uma pázinha de plástico — Riu agindo casualmente. Seja lá o que aquela palavra realmente significava.
— É só você — Suspirou em alívio relaxando e abaixando aquele objeto tão mortal da direção do peito de Natália.
— Você parece meio decepcionada — Comentou tão casualmente que poderia sufocar. E casualmente se aproximou e ajeitou o óculos de Carol em seu rosto como se não fosse nada, mesmo estando tremendo por dentro.
Casual. Taís poderia engolir aquela palavra, porque não a ajudou em absolutamente nada.
Suas mãos agiram por conta própria, titubeou pela bochecha direita e varreu o pouquinho da terra que havia ali, então empurrou com cuidado a armação na direção do rosto avermelhado até ficar reta o suficiente. Nem notou até que encarou os olhos arregalados da florista e sentiu sua respiração entrecortada bem na palma da mão.
— Uau, bem, nossa — Perdeu as palavras por um instante. O mesmo instante em que encarava sem piscar os olhos profundos de Natália. O mesmo instante em que sentiu uma imensa euforia sapatear em sua caixa torácica, bater como nunca e doer por todos os ossos — Quer dizer, não estou decepcionada apenas não estava esperando por sua visita assim tão de repente.
— Claro que não, eu venho quando bem quero no momento menos apropriado possível, vai demorar para se acostumar, mas sou um pouco assim, invasiva — Abriu os braços como se demonstrasse e perambulou um pouco pelo interior da loja.
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Todas as Flores
Fanfiction🌼 Edição Narol ; Natália havia prometido uma única vez a sua cunhada que buscaria seus sobrinhos na escola. Não era uma tarefa difícil e soava extremamente normal apenas acompanhar a dupla de crianças até em casa por um curto caminho em um tempo c...