Capítulo 2

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CAÇADOR


Um ano após o aparecimento de Flor...


Essa cama está mole demais, macia demais. Impossível dormir aqui.

Esse é o meu primeiro pensamento ao acordar.

Abro os olhos e engulo o grito de raiva. Maldita Flor! Ela destruiu o quarto do Florian. O nosso quarto.

Forço os olhos para enxergar a data.

Maldição. Tempo demais se passou desde que despertei. Tempo demais.

— Pra que tanto rosa? — reclamo sentando na cama.

Isso parece um quarto de bonecas... E era. Uma boneca de um metro e noventa.

Levanto jogando o edredom no chão e sinto meu estômago revirar ao notar a porra do pijama com desenhos de unicórnios.

— Que caralho!

Tiro e jogo junto com o edredom.

Pelo menos a cueca é verde escuro. Só faltava ser neon.

A porra do cabelo está batendo no meu ombro e quando abaixo cai na minha cara. A vontade que sinto é de arrancar essa porra. Pego um elástico e amarro. Depois resolvo.

Agarro essas coisas e desço as escadas de cueca mesmo. Vou queimar essa porcaria colorida.

Levo para o quintal e jogo em um canto. Volto até a cozinha e pego um isqueiro. Flor gosta de show, darei um show.

As chamas começam a subir. É bonito de se ver.

Volto até a casa e pego as roupas coloridas. O guarda-roupa parece um arco-íris.

Quando chego na fogueira vejo Henry e Felipe olhando, assim como alguns empregados. Estão horrorizados. O idiota do Felipe está cobrindo os olhos do cão em seu colo como se ele não pudesse ver algo assim.

— Estão atrapalhando, curiosos. Tem vida não? Aff!

Me aproximo e jogo as coisas nas chamas.

— Por que está queimando, Flor? — Henry pergunta.

— E por que está pelado? — Felipe completa.

Olho para Henry com a minha melhor cara de raiva.

— Se me chamar de Flor mais uma vez vai precisar de dentes novos, babaca.

— Ora, mas foi você que exigiu que chamasse assim toda vez que possuía o Florian. Como quer que chame dessa vez? — ele retruca.

— Prefiro que nem me chame. Duvido que tenha algo importante para dizer.

— Nossa! Chato.

— Nossa! Chato. — O imito. — E esse bicho estranho ai? Será que queima? — Sorrio para o animal em seus braços. É um Dálmata.

— Se afasta do Lucky! Paii! — ele grita e corre para a direção do nosso pai que se aproxima, provavelmente curioso pelas chamas em sua propriedade.

— O que está acontecendo aqui?

— Essa Flor quer queimar meu cãozinho. — Felipe acusa.

Vou pra cima dele. Flor é a puta que pariu.

Meu pai nos segura e separa. Enquanto Henry só ri. Babaca!

— Parem com isso!

— Falei pra ele não me chamar assim.

Branca de Neve do Mafioso - Contos da Máfia IV - Completo até 01/07/2024Onde histórias criam vida. Descubra agora