Capítulo 8

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FLORIAN


Estou aqui há dois dias. E se não fosse o fato que minha família deve estar me procurando desesperadamente, eu ficaria por muito mais tempo. Gosto disso. Fazer minhas refeições com Branca, assistir qualquer coisa com ela, ouvir o som da sua risada ou sua voz.

Estranhamente me sinto em casa.

Se eu pudesse ao menos dizer a eles que estou bem...

Um celular ou um computador já seria o suficiente para contatar um dos meus irmãos.

Como pode essa mulher não ter nada disso?

Nem eu que estava em uma clínica para "malucos" fui tão prisioneiro quanto ela parece ser.

Hoje ela mandou recado para sua amiga. Ela virá pegar a informação para entrar em contato com meu pai e explicar que estou bem. Só assim, porque nem ela entra com celular quando vem aqui. Esse lugar é a porra de uma prisão.

Hoje Branca saiu para fazer compras com dois "seguranças". Vi pela janela do quarto quando saíram com o carro.

Eu, Florian Seven, sendo sustentado por uma mulher. Deve ser errado isso... Mas não posso fazer nada. Quem mandou me sequestrar?!

Sorrio enquanto escolho um dos seus livros e vou para a sala.

Não leio nem cinco páginas e ela passa avisando que chegou. A história perde a graça na hora. Tudo perde a graça diante do brilho de Branca.

Vou atrás dela e vejo que comprou cerveja. Isso me faz sorrir. Ela comprou porque mencionei que queria tomar. Foi apenas um comentário.

— Comprou cerveja. A minha dívida com minha sequestradora vai aumentar — falo.

Branca se vira para mim e me sinto a porra de um predador quando seus olhos se perdem no meu abdômen. A vontade de que tenho é de ligar o foda-se e foder esse anjo de um jeito insano.

Esse sentimento me faz pensar que sou mais parecido com o Caçador do que imaginava, e isso me fazer ter que conter o riso.

— Alguma novidade sobre a minha libertação, senhora sequestradora? — falo para tirar a sua atenção da minha barriga antes que algo suba aqui embaixo.

— Sobre isso... — Ela começa hesitante.

— Sobre isso? — incentivo curioso.

— Não tenho permissão para sair do morro. Parece que no dia em que te encontrei meu pai havia atacado algum lugar e agora acha que sua família vai revidar.

— Ele está certo. Eles vão revidar. — Eu já sabia disso, por isso quero que a tal amiga consiga informá-los que estou bem o mais rápido possível.

— Desculpa. Foi culpa minha. Eu devia ter pensado antes de te trazer. Eu sou uma sonsa mesmo.

Ela parece tão chateada que não resisto. Toco o seu queixo, forçando a olhar em meus olhos.

— Ei! Você só tentou ajudar alguém que estava mal. Não tinha como saber quem eu era. Isso não é ser sonsa.

— É, mas te trazer pra casa? Já fui mais inteligente que isso. — Ela ri, o que não combina com as lágrimas que forçam saída de seus lindos olhos da cor do mel mais doce.

— É, isso não posso negar — provoco para melhor o clima.

— Idiota! — ela bate em meu peito. Até ai tudo bem. Mas quando ela deixa a sua mão quente ali contra a minha pele... Lembram do foda-se? Está mais do que ligado.

— Branca, eu vou beijar esses seus lábios de morango. — Levo meu dedo sentindo seu lábio macio. — Posso?

Olho dentro dos seus olhos esperando a resposta, esperando o sim.

Branca balança a cabeça e sobe sua mão em direção ao meu pescoço.

Porra! Covardia.

Não perco tempo. Tomo posse da sua boca, da sua língua, de toda ela. Eu preciso dessa mulher e não tem medo nessa porra que vai me impedir de me enterrar todo nela.

Pressiono seu corpo contra o balcão. E afasto nossas bocas, encarando seus olhos brilhantes de desejo.

Eu só preciso de um sim.

"E vai correr o risco de fazer um filho cheio de problemas como você?" A voz da minha consciência leva embora meu momento de certeza.

Não, eu não posso correr esse risco. Ninguém merece a incerteza da minha vida. Não posso trazer essa mulher para o que vivo.

Irritado e com tesão, arranco a porra do elástico do meu cabelo.

— Sinto muito. Não devia ter feito isso — é tudo que consigo dizer.

Mas isso não vai ficar assim. Assim que sair dessa merda de lugar vou fazer uma vasectomia. E essa Branca não me escapa. Eu que serei a porra do sequestrador. E depois a libertarei para que possa ter uma vida com alguém "normal".

— Por que não? — Tenho vontade de rir do desespero que percorre o meu corpo ao ouvir essa pergunta. Ela me quer.

— Porque eu sou a porra do homem mais complicado que você já conheceu ou vai conhecer.

— Por ser um Seven e meu pai odiar vocês?

Balanço a cabeça negando.

— Não vai rolar, Branca. Mesmo eu querendo muito, essa merda não vai rolar.

Ainda. Completo em pensamento.

— Sinto muito, Branca — falo desanimado e pensando seriamente em contar a ela toda a merda que me envolve. Acabo me decidindo. — Eu quero te contar por...

Não termino de falar, uma voz feminina aguda interrompe.

— Querida irmã mais nova, cheguei.

Vejo o desespero no rosto de Branca. Não há mais resquícios de tesão, apenas medo. De tal forma que não ofereço resistência quando ela agarra meu braço com sua mão pequena e me puxa em direção a uma porta na cozinha.

— Pelo que mais ama, fique escondido — implora em sussurro.

Não questiono. Sei que não posso ser visto aqui por ninguém mais que ela e sua amiga Maria.

Ela logo fecha a porta e escuto seus passos se afastando.

Não demora para a mesma voz aguda dizer:

— O espirito de criada não sai de você, queridinha.

Fico atento a conversa.

— Estou guardando algumas coisas que comprei. Por que está aqui, madrasta?

— Aff! Já falei para não me chamar assim. Essa palavra me deixa tão velha. Somos praticamente da mesma idade.

— Tudo bem. Desculpe.

— Sobre minha visita...

Fico com o rosto bem perto da madeira da porta para ouvir melhor. Algo me diz que não vou gostar nada dessa conversa delas.

Branca de Neve do Mafioso - Contos da Máfia IV - Completo até 01/07/2024Onde histórias criam vida. Descubra agora