Capítulo 7

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Branca


Dois dias. Florian Seven está escondido na minha casa há dois dias. Já pedi permissão para o meu pai para sair do morro, mas ele não permitiu, alegou que estão em alerta porque invadiram um lugar dos Seven. Não me deu explicação, só disse que não posso sair nos próximos dias. Terei que esperar.

Não sei como contar isso ao Florian. Como dizer a ele que precisa ficar confinado na minha casa?

Droga! Que merda!

Ninguém merece essa vida de cárcere privado.

Eu devia tê-lo levado a um hospital ou deixado outra pessoa com senso de noção cuidar dele. Agora o homem que deve levar uma vida de luxo, está revezando entre a roupa que chegou e a que Maria deixou aqui. Um homem que deve ter a vida agitada, nem mesmo pode sair na rua.

Juro que não sei como corrigir isso.

— Cheguei — aviso passando pela sala, onde ele está lendo um dos livros da série Arsène Lupin.

Passo direto para a cozinha para guardar as coisas.

— Comprou cerveja. A minha dívida com minha sequestradora vai aumentar. — Sua voz aproximando mostra que ele vem até a cozinha.

Olho em sua direção. E me perco em seu abdômen definido, lisinho. Está usando só a calça.

É pecado imaginar como seria beijar essa região?

Desvio o olhar quando vejo o sorriso presunçoso surgir em sua boca perfeita. Ele sabe que me afeta. Safado!

— Alguma novidade sobre a minha libertação, senhora sequestradora?

— Sobre isso... — É melhor ser sincera. Só não sei como.

— Sobre isso? — ele questiona.

— Não tenho permissão para sair do morro. Parece que no dia em que te encontrei meu pai havia atacado algum lugar e agora acha que sua família vai revidar.

— Ele está certo. Eles vão revidar.

— Desculpa. Foi culpa minha. Eu devia ter pensado antes de te trazer. Eu sou uma sonsa mesmo.

— Ei! — sinto seu toque em meu queixo, levantando o meu rosto em direção ao seu. Quando ele chegou tão perto? — Você só tentou ajudar alguém que estava mal. Não tinha como saber quem eu era. Isso não é ser sonsa.

— É, mas te trazer pra casa? Já fui mais inteligente que isso. — Rio sentindo meus olhos rasos de lágrimas.

— É, isso não posso negar. — Ele ri sem soltar meu queixo.

— Idiota! — bato com uma mão em seu peito, e lá mesmo ela fica. Sem chances de tirar ela dessa pele quente e macia.

— Branca... — sua voz está mais grave. — Eu vou beijar esses seus lábios de morango. — Sinto seu dedo subir do queixo para meu lábio inferior e tocá-lo levemente. — Posso?

Apenas confirmo com a cabeça. Sem chance de achar voz agora. Levo a mão que está em seu peitoral ao seu pescoço e ele se curva, tomando meus lábios.

Esperava um beijinho. Não estava preparada para o que se seguiu. Os lábios de Florian tomaram os meus sem cerimônia, sua língua invadiu minha boca, provocando a minha, me deixando louca.

Nunca senti tanto tesão na vida.

Ele me prensou contra o balcão. Sua mão agarrou firme meu cabelo solto e afastou nossas bocas, me fazendo encarar o brilho de tesão em seus olhos cinza.

Estou por um triz de jogar a sensatez para escanteio e entregar a minha virgindade aqui e agora.

Mas o banho de água fria vem quando uma sombra passa pelo seu olhar e ele leva a mão aos cabelos, bagunçando, arrancando o elástico.

— Sinto muito. Não devia ter feito isso — diz nervoso.

— Por que não? — ridiculamente sinto a decepção em minha voz.

— Porque eu sou a porra do homem mais complicado que você já conheceu ou vai conhecer.

— Por ser um Seven e meu pai odiar vocês?

Ele nega com a cabeça, mas não explica. Isso me deixa irritada e envergonhada.

— Não vai rolar, Branca. Mesmo eu querendo muito, essa merda não vai rolar.

O que dizer quando tudo que sente é vergonha?

Eu me ofereci tão descaradamente. Quase tirei a roupa e pulei nele. Que humilhação. Branca, você vai morrer virgem pelo jeito.

— Sinto muito, Branca. — Seu tom é baixo, desanimado. — Eu quero te contar por...

Ele é interrompido.

— Querida irmã mais nova, cheguei.

Puta que pariu! Essa voz... ela não pode nem sonhar que tem um homem aqui.

Levada pelo desespero, agarro o braço de Florian e o empurro para um quartinho de vassouras que tem na cozinha.

— Pelo que mais ama, fique escondido — sussurro. — Eu te imploro.

Não tenho tempo de ouvir sua resposta, fecho logo a porta e corro para a pia, onde ela me encontra.

— O espirito de criada não sai de você, queridinha. — A voz debochada arrepia meus pelos.

Respiro fundo.

Vai começar a sessão ofensas.

E saber que Florian está ouvindo tudo é lamentável. Principalmente depois do fora que me deu. 

Branca de Neve do Mafioso - Contos da Máfia IV - Completo até 01/07/2024Onde histórias criam vida. Descubra agora