Eram seis horas da tarde quando Lena voltou ao hospital. Ela marchou até a recepção e tirou os óculos escuros."Kara Danvers, s'il vous plait."
A recepcionista assentiu e começou a digitar em seu computador antes de franzir a testa: "Danvers?"
Lena suspirou. "Ela pode estar cadastrada como Clémence Dubois..."
"Ah, sim." A recepcionista sorriu. "Você é a senhora que veio levar Clémence para casa?"
"Kara Danvers." Ela estava perdendo a paciência com toda essa confusão de Clémence Dubois.
"Claro." A recepcionista abaixou a cabeça. "Vou chamar a doutora Fontaine para você. Por favor, sente-se." Ela apontou para uma fileira de cadeiras de plástico alinhadas contra a parede.
Lena virou-se lentamente para olhar as cadeiras. Ela fungou com desdém e ficou de pé, recusando-se a se mover. Ela não conseguia se lembrar da última vez que lhe pediram para esperar na recepção. E certamente não em cadeiras de plástico.
A recepcionista fez um telefonema e em poucos instantes chegou Charlotte Fontaine.
"Bonsoir, bem-vinda de volta."
"Merci." Lena assentiu.
"Vejo que sua equipe jurídica tem trabalhado muito. Nosso gerente jurídico me disse que tudo parece estar pronto para a partida de Kara amanhã."
"De fato." Lena ofereceu um sorriso tenso.
A última vez que esteve no hospital, ela se sentiu desequilibrada. O choque de ver Kara novamente, o medo de que ela pudesse ser impedida de vê-la no futuro. Agora ela se sentia mais ela mesma, mais confiante. Ela tinha um advogado caro fazendo o trabalho jurídico e logo não teria que se curvar diante da equipe do hospital.
"Também recebi uma ligação do Hospital Presbiteriano de Nova York. Assim que o juiz aprovar tudo, encaminharei os detalhes médicos de Kara para eles", disse Charlotte.
"Maravilhoso," Lena disse sem sentimento. Ela estava muito consciente de que elas ainda estavam na recepção.
"Temo que Kara não esteja bem no momento", admitiu Charlotte. "Nada muito sério, mas ela está com enxaqueca. É comum com o tipo de lesão cerebral dela, e acho que toda a excitação de hoje foi a causa."
Lena frequentemente sofria de dores de cabeça tensionais e enxaquecas e sentia uma ponta de simpatia por Kara.
"Devo voltar amanhã?" ela perguntou.
Charlotte riu. "Ah, não, não. Ela ficaria furiosa comigo se eu deixasse você sair sem pelo menos dizer olá. Ela está em seu quarto. Por favor me acompanhe."
Charlotte indicou o elevador com a mão. Elas se aproximaram e Charlotte apertou o botão para chamar o elevador.
"Ela precisa se deitar e ir descansar até a enxaqueca passar, mas sei que ela está ansiosa para falar com você. Acredito que ela tenha muito mais perguntas."
"Eu temia que ela pudesse ter", Lena murmurou.
"Problema?" Charlotte perguntou.
As portas do elevador se abriram e as duas mulheres entraram. Charlotte apertou o botão do andar correto.
"Kara só trabalhou comigo por menos de um ano", explicou Lena. "E não éramos, de forma alguma, próximas. Muito simplesmente, não sei quase nada sobre ela."
Charlotte assentiu. "Pela minha experiência, você saberá muito mais do que pensa. Por exemplo, alguém com perda de memória pode perguntar se tem irmãos, e podemos dizer: sim, você tem um irmão. Mas até que o paciente consiga se conectar com esse fato em um nível emocional, será apenas uma afirmação e não um sentimento."
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KARLENA - Ice Queen
ФанфикLena Luthor, a principal editora de uma prestigiada revista de moda, sempre acreditou que sua fiel assistente, Kara Danvers, a havia abandonado repentinamente em Paris. Um ano depois, Lena descobre que Kara não a abandonou, mas sofreu um grave acide...