Capítulo 16

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O aeroporto era enorme e cheio de gente correndo. Kara lutou com o barulho e o ritmo da atividade. Era bem diferente de seu hospital tranquilo. Ela se perguntou como lidaria com as ruas movimentadas de Nova York se já estava a meio caminho de um ataque de pânico no aeroporto.

Felizmente, ela tinha Lena. E com Lena veio tudo de primeira classe, incluindo um lounge privativo onde você poderia fazer uma refeição antes do voo.

No momento em que passaram pelas portas e passaram pela recepção, ela soltou um suspiro de alívio. Um garçom saiu desesperado para acomodá-las na melhor mesa do salão. Kara estava começando a entender o quão importante Lena era.

Ambas fizeram o pedido e Lena rapidamente começou a trabalhar. Ela colocou um iPad Mini em um suporte sobre a mesa e leu seus e-mails. Ao mesmo tempo, ela falou com várias pessoas ao telefone. Antes de a comida chegar, Kara ouviu Lena falando em pelo menos três idiomas diferentes.

Ela se perguntou se ela mesma conhecia algum idioma. Ela passou muito tempo se perguntando sobre seu eu anterior. Havia tão pouco mais para ocupá-la no hospital. Todos os seus tratamentos giravam em torno de tentar ajudá-la a lembrar-se da sua vida passada, por isso era impossível escapar do enorme ponto de interrogação que tinha sido a sua vida antes do acidente.

O acidente acionou o botão de reset em seu cérebro. E de certa forma, ela estava prestes a fazer o mesmo novamente. Ela estava prestes a deixar tudo e todos que conhecia. Ela estava agora sob os cuidados de algum guru da moda todo poderoso que usava roupas específicas para viagens. Ela estava prestes a voar por nove horas para seu país de origem, do qual ela não se lembrava.

"Você não está com fome?" Lena questionou, seus olhos paralisados na refeição quase não consumida de Kara. "Ou há algo errado com sua comida? Você gostaria de algo diferente?"

Lena já estava se virando para procurar o garçom.

"Não, não", Kara gritou para recuperar sua atenção. "Está tudo perfeito, só não estou com muita fome. Estou um pouco nervosa."

"Sobre o vôo? Você vai ficar bem. Você se acostuma logo." Lena acenou com a mão com desdém e voltou sua atenção para seu iPad.

"Não acho que seja por causa do voo que estou nervosa", admitiu Kara. "Mais... tudo."

Lena olhou para ela por cima dos óculos. Ela examinou Kara por alguns momentos.

"Você deveria tentar se distrair", disse ela.

"É mais fácil falar do que fazer", respondeu Kara.

Kara ergueu o garfo e começou a mexer na comida, esperando que isso acalmasse seu estômago enjoado.

"Por que você não lê? Percebi que sua bolsa não contém praticamente nada além de livros."

Kara riu. "Sim, eles são todos meus bens materiais. Quando comecei a me recuperar, não conseguia ler muito bem, então pratiquei muito e descobri que gosto muito. Mas não havia muitos livros em inglês por aí, então os que tenho são antigos e doados pela equipe do hospital. Provavelmente já li cada um trinta vezes ou mais. Algumas nem são histórias."

Ela estendeu a mão para a mochila e deslizou o zíper. Ela puxou o primeiro livro dilapidado e colocou-o sobre a mesa. "Este é sobre nuvens, principalmente. Às vezes entra na possível teoria de um deus sentado em uma nuvem. Mas principalmente, são nuvens por todo o caminho."

Ela enfiou a mão na mochila, tirou outro livro e colocou-o sobre a mesa.

"Esta, bem, esta beleza é sobre estações de trem em Moscou. O que, temo dizer, é bastante interessante. A primeira vez. Mas quando você tem pouco o que fazer e já leu várias vezes– "

"Por favor, tire isso da mesa." Lena ergueu o nariz.

Kara colocou os livros de volta na mochila. Quando ela se sentou novamente, Lena puxou o iPad na frente dela e estava deslizando na tela.

"Que livros você gosta de ler?" Lena perguntou.

"Oh, eu gosto de tudo", respondeu Kara. "Acho que gosto mais dos clássicos. Tenho dois livros de Charles Dickens dos quais gosto muito. Tenho um livro mais moderno sobre o romance de uma mulher de carreira, mas acho que esse não é o meu tipo."

Lena assentiu. "Crime? História? Humor? Ficção científica?"

"Hum. Eu acho?" Kara respondeu. "Não tenho certeza sobre crime, na verdade não li nenhum. História, sim. Mencionei os três capítulos inteiros sobre as estações ferroviárias de Moscou durante os anos quarenta? Humor, sim. Não tenho certeza sobre ficção científica. Nunca li nenhum."

Enquanto Kara falava, Lena digitava em seu iPad. Ela se sentou e acenou com a cabeça com satisfação e entregou o dispositivo para Kara.

Kara pegou-o hesitantemente e franziu a testa.

"Comprei os cem livros mais vendidos atualmente, de acordo com o New York Times. Eles estão baixando. Tenho certeza que você encontrará algo que combine com você aí."

Kara engasgou e olhou para o iPad como se fosse feito de ouro. Ela sabia que isso era demais, especialmente depois de tudo o mais que Lena estava lhe dando. Ela devolveu o dispositivo para Lena.

"Isso é muito generoso, mas não posso aceitar isso. Você precisa disso para fazer seu trabalho."

"Bobagem, eu tenho meu notebook. E provavelmente dormirei durante a viagem de qualquer maneira." Lena gesticulou para o garçom pegar seu prato.

Kara colocou o dispositivo ao lado de seu prato. "Então aceitarei com gratidão. Obrigada. "

"De nada." Lena tomou um gole de água.

Kara olhou para o iPad com interesse. "Como você usa isso?"

Lena pareceu assustada. "Oh, bem, é bastante fácil. Na verdade, você me ensinou."

Kara riu. "Eu? Uau."

"Sim, cheguei um pouco atrasada na festa quando se tratava de tablets e coisas assim. Você instalou todos os aplicativos e sincronizou com meu notebook." Lena quase parecia melancólica ao recordar a memória.

Tão rapidamente quanto aquele olhar tomou conta dela, ele desapareceu novamente. Ela balançou a cabeça, tirou o guardanapo de tecido do colo e colocou-o sobre a mesa. Ela arrastou a cadeira para mais perto de Kara e olhou para o iPad.

"Como eu disse, é tudo bastante simples..."

KARLENA - Ice QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora