Kara deu um passo para trás de Lena. Suas mãos tremiam quando ela pressionou a palma sobre o coração acelerado. Lena provavelmente estava certa, a rejeição de seus sentimentos provavelmente a fez fugir. Mas isso era irrelevante agora.Lena estava pressionada contra a porta do escritório, a cabeça virada para o lado e os olhos bem fechados. Ela não conseguia imaginar a pressão que Lena estava sofrendo. Manter aquela última conversa reprimida deve ter sido uma tortura, mesmo que ela não tivesse entendido a magnitude de suas ações até aquele momento.
Sem falar no medo de que, a qualquer momento, Kara pudesse ser atingida pelas lembranças de seu comportamento.
Ela estendeu a mão trêmula e pegou a de Lena.
Os olhos de Lena se abriram e ela inalou nervosamente.
Kara gentilmente puxou sua mão, afastou-a da porta e gesticulou para que ela se sentasse no sofá. Lena fez o que lhe foi dito. Ela sentou-se afetadamente na beirada da cadeira, parecendo estar esperando o mundo acabar.
Kara sentou-se na mesa de centro em frente a Lena. Seus joelhos quase se tocando.
"Eu nunca, nunca irei, culpar você pelo que aconteceu. Mesmo agora " Kara disse muito claramente. "Independentemente do que você possa ter dito, tomei a decisão de ir embora. Eu me apaixonei por você e deveria saber o que poderia ter acontecido. Decidi deixar você e sofri um acidente. Você não me empurrou na frente de um ônibus", ela fez uma pausa antes de brincar, "não é?"
Lena soltou uma risada hesitante. "Não, não, posso garantir que não. "
"Lamento que você esteja vivendo com essa culpa", disse Kara.
"Estou bem-"
"Não, você não está." Kara se inclinou para frente e enxugou a lágrima que escorreu pelo rosto de Lena. "Você não pode manter as coisas reprimidas assim."
"Eu não tinha ideia de que você sentia- "
"Sinto", corrigiu Kara. Ela observou Lena engolir em seco.
"Kara... estou lisonjeada. Mas tenho certeza de que não é amor o que você sente." Lena falou suavemente, recusando-se a fazer contato visual. "Provavelmente nada mais é do que adoração por eu ter sido sua mentora. Ou síndrome de Estocolmo." Ela riu.
"Eu também pensei", admitiu Kara. "Mas não é. E estar aqui com você me provou que isso é amor."
"E-eu sou completamente errada para você," Lena disse apressadamente. "Sou quase vinte anos mais velha que você. Eu tenho dois filhos. Sou divorciada, sou impossível de conviver, eu sou casada com meu trabalho."
O coração de Kara congelou por uma fração de segundo antes de começar a bater forte em seu peito. Seus olhos se arregalaram e suas sobrancelhas se ergueram.
"Você está... me explicando por que você é errada para mim", sussurrou Kara.
"É claro que sou errada para você", respondeu Lena.
"Mas você não está me dizendo que não sente o mesmo."
Toda a cor desapareceu do rosto de Lena de uma só vez. Poderia ter sido cômico se não fosse tão sério.
"Não me importo com a sua idade", explicou Kara. "Eu amo seus filhos e eles gostam de mim. Alexia me acha muito legal, não se esqueça. E daí se você for divorciada? Qual foi o próximo mesmo? Ah, sim, impossível de conviver. Já morei com você e não achei isso impossível. Eu amei. E não me refiro ao quarto luxuoso. Quero dizer, o tempo que compartilhei com você, que não foi muito porque você continuou fugindo. Mas eu sempre quis mais, mesmo antes de saber o que sentia por você."
"V-você está confundindo amor e gratidão. Porque eu trouxe você para casa."
Kara levantou-se e empurrou Lena de volta para o sofá. Ela montou nela, tomando seu rosto entre as mãos e pressionando o mais leve dos beijos em seus lábios.
Os braços de Lena envolveram suas costas. Ela olhou para Kara com espanto.
"Isso parece gratidão?" Kara perguntou.
Ela lentamente se abaixou para beijá-la novamente. Sem pressa, para dar a Lena tempo para recobrar o juízo e afastá-la. Apenas no caso de Kara ter interpretado mal a situação.
Mas Lena estendeu a mão e puxou-a para perto. Seus lábios se encontraram e Kara soltou um suspiro. Ela não podia acreditar na sua sorte. Ela estava montada em Lena Luthor, beijando-a e sendo abraçada com força por ela. Finalmente os sonhos dela se tornaram realidade.
"Mãe!"
Kara pulou para trás, tropeçou na mesa de centro e cambaleou por alguns momentos antes de se endireitar milagrosamente.
"Impressionante", disse Lena. "Embora ela esteja a dois andares de distância. Ela simplesmente tem pulmões extraordinários."
O coração de Kara estava batendo forte. Lena se levantou e abriu a porta do escritório.
"Sim, querida?"
"Depressa, também queremos ficar um pouco com a Kara", Alexia gritou do andar de cima da casa.
"Estaremos logo aí", prometeu Lena. Ela fechou a porta e encarou Kara.
Kara estava sem coisas inteligentes para dizer. Ela se sentia exausta. As últimas horas tinham sido uma montanha-russa emocional e sua dor de cabeça não parava. Mas Lena não parecia brava. Na verdade, ela estava sorrindo.
"Talvez devêssemos ir jantar. Juntas. Sozinhas", sugeriu Lena. "Em breve."
Os olhos de Kara se arregalaram. "Gostaria disso. Amanhã?" ela sugeriu. Ela não queria que muito tempo passasse.
"Amanhã," Lena concordou. "Posso passar mais algum tempo explicando o quanto sou errada para você." Um sorriso se curvou em seus lábios.
"Bom, isso me dá a chance de dizer o quanto você está errada e o quanto estamos certas juntas." Kara sorriu. "Posso beijar você de novo?"
"Eu não sei, você pode?"
Kara revirou os olhos diante da semântica. Ela atravessou a sala com os braços estendidos. Ela ficou aliviada e em êxtase quando Lena a encontrou no meio do caminho. Elas caíram nos braços uma da outra. Elas se encaixaram perfeitamente.
Desta vez Kara não se incomodou em dar um beijo doce e casto. Desta vez, ela colocou todos os seus sentimentos nisso. Ela moveu os lábios suave mas firmemente sobre os de Lena, demonstrando como se sentia. Lena gemeu em sua boca.
Não ter nenhuma lembrança de qualquer beijo romântico anterior tornou toda a situação ainda mais surreal para Kara. Ela sonhou com esse momento. Antes e depois do acidente, ao que tudo indica. E agora ela estava sendo beijada por Lena. Literalmente a mulher dos seus sonhos.
Lábios macios, mãos que percorrem seu corpo suavemente, cheiro de perfume caro. Tudo ampliado e ainda assim tão fugaz. Ela sabia que tudo acabaria em breve. Mas, por enquanto, ela queria absorver tudo, memorizar cada pequeno detalhe.
Lena parecia estar sem ar, então Kara terminou o beijo suavemente.
Elas se entreolharam em silêncio por um momento, largos sorrisos enfeitando os rostos de ambas.
"Deveríamos nos juntar às crianças", sugeriu Kara.
"Deveríamos. Mas não acho que serei capaz de esconder esse sorriso ridículo do rosto", admitiu Lena. "Eu provavelmente deveria avisar que Colin suspeita dos meus sentimentos por você."
"Alexia sabe que sinto algo por você", confessou Kara. "Eu não contei a ela, ela adivinhou."
As sobrancelhas de Lena se ergueram. "Então... isso certamente torna as coisas mais fáceis."
"Sim." Kara pegou a mão dela. "Sente-se ao meu lado para vermos o filme?"
Lena corou ao olhar para suas mãos unidas. "Tente me impedir."
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KARLENA - Ice Queen
FanfictionLena Luthor, a principal editora de uma prestigiada revista de moda, sempre acreditou que sua fiel assistente, Kara Danvers, a havia abandonado repentinamente em Paris. Um ano depois, Lena descobre que Kara não a abandonou, mas sofreu um grave acide...