Lena e seus filhos tinham uma tradição. Sempre que voltavam de uma viagem sem ela, ela mesma os buscava pessoalmente no aeroporto ou na estação de trem. Foi seu gesto de lembrá-los do quanto ela os amava, mesmo tendo que mandá-los em viagens apara a casa dos avós de vez em quando por causa de seu trabalho.Depois da troca de abraços, eles sempre iam tomar sorvete. Nos últimos anos, virou iogurte congelado, que era muito mais saudável. As crianças comeriam xícaras gigantes de iogurte congelado com os ingredientes que quisessem, desde que um deles fosse fruta. E ocasionalmente, Lena roubava uma ou duas colheradas deles.
Alexia adorou a tradição. Aos oito anos, ela ainda estava numa idade em que seu perdão poderia ser comprado com uma guloseima açucarada. Colin tinha catorze anos e às vezes era mais difícil de apaziguar.
"Então, Kara está no quarto de hóspedes?" Alexia perguntou antes de dar outra mordida em seu iogurte congelado de morango.
"Não, eu a coloquei no seu quarto. Você está na cama de Izzy." Lena roubou uma colher do iogurte de Alexia.
"Mãe!" Alexia riu.
"É claro que ela está no quarto de hóspedes", disse Colin. Ele revirou os olhos de uma forma que Lena sabia que refletia as suas próprias manias.
"Achei que ela poderia estar no antigo quarto do papai", defendeu Alexia.
"Por que ela estaria lá?" Lena franziu a testa.
"Caso você precise ficar de olho nela. Por causa da memória dela e outras coisas."
"Uhum. Não, ela está no quarto de hóspedes. Ela está bem, só não tem todas as suas memórias ainda."
"Mas ela vai se lembrar de nós, não é?" Alexia perguntou.
"Não", Colin olhou carrancudo, "por que ela se lembraria de nós, sua estúpida?"
"Colin, seja gentil", alertou Lena.
Ele resmungou um pedido de desculpas para sua irmã.
"Não entendo como ela conseguiu esquecer tudo. Como isso aconteceu?" Alexia perguntou.
"É muito complicado", disse Lena suavemente. "O cérebro é uma parte muito complicada do corpo. Ainda não entendemos ele direito. Às vezes, coisas acontecem ao cérebro e não sabemos por quê. Mas, respondendo à sua pergunta, não, Kara não vai se lembrar de você."
"Mas ela vai se lembrar de nós depois que nos encontrar novamente, certo?" Alexia perguntou. "Tipo, ela vai nos esquecer de novo? Teremos que dizer a ela quem somos todas as manhãs?"
Lena sorriu. "Não, querida, ela se lembra de tudo o que aconteceu depois do acidente. Ela simplesmente não consegue se lembrar de nada antes dele."
"Alguém sabe o que aconteceu com ela?" perguntou Colin. Ele brincou com a colher em volta do iogurte congelado de chocolate.
"Infelizmente não", disse Lena. Ela usou a colher para tirar um pedaço de brownie de chocolate da xícara dele.
"Parece assustador", disse Alexia.
"Foi, e é por isso que temos que ser os melhores anfitriões que pudermos. Devemos fazê-la sentir-se em casa, segura e bem-vinda."
"Por que ela está ficando conosco?" Colin perguntou.
"Porque ela não tem mais ninguém", Lena respondeu.
Colin parou de mexer a colher e olhou para a mãe. "Tipo, ninguém? "
"Ninguém."
Ele ergueu uma sobrancelha e voltou sua atenção para sua guloseima.
"Podemos ir até o quarto de hóspedes e vê-la?" Alexia perguntou. "Porque quanto mais tempo ela passa conosco, mais ela pode se lembrar de nós. E então ela pode se lembrar de outras coisas."
Lena sorriu diante da simplicidade inocente da filha. "Eu entendo como você está pensando, mas é improvável que as memórias dela voltem dessa forma. Ela pode nunca se lembrar. Portanto, precisamos nos concentrar em criar boas lembranças, em vez de tentar trazer de volta as antigas."
"Ela se lembrou de alguma coisa?" Colin perguntou.
Lena resistiu à vontade de mencionar que Kara se lembrou da maldita cachorra, embora eventualmente tivesse que fazê-lo. Ela balançou a cabeça. "Nada específico até onde eu saiba. Ela diz que sente sensações, como uma vaga lembrança de saber ou sentir algo. Mas nada muito específico."
"Mas podemos ir vê-la, certo?" Alexia empurrou.
"Claro, querida, mas você deve respeitar a privacidade dela. Como faria com qualquer outro convidado. Embora eu espere que ela passe a maior parte do tempo conosco na parte principal da casa."
"Eu me pergunto se ela vai se lembrar de como jogar Xbox conosco", refletiu Colin.
Lena sentiu seu queixo afrouxar. "Perdão?"
Colin olhou para ela. "Kara costumava jogar Xbox conosco, principalmente alguns jogos de Lego. Quando você estava atrasada."
A mente de Lena girou. Ela não tinha ideia de que seus filhos já haviam se socializado com Kara. Ela sabia que Kara havia feito tarefas que os envolviam, que os conhecera, que falara com eles. Mas isso parecia ser algo mais.
"Isso acontecia com frequência?"
"Sim, algumas vezes", disse Colin, inutilmente.
"Hum."
"Ela está com problemas?" Alexia perguntou tristemente.
"Não, não... não ninguém está com problemas. Eu simplesmente não sabia."
"Não dissemos porque Kara era legal e você provavelmente a demitiria se soubesse " disse Alexia.
"Shh." Colin empurrou a irmã gentilmente. "Esta tudo bem, mãe. Fizemos ela subir e brincar, ela não queria."
Lena assentiu. "Eu entendo. Isso pouco importa agora. Eu só... não sabia."
"Ela pode brincar conosco agora?" Alexia perguntou.
"Se ela quiser, eu não sou a mãe dela." Lena encolheu os ombros.
"Você meio que é," Colin apontou.
"Coma seu iogurte antes que derreta", disse Lena. Ela não estava disposta a ter essa conversa. Ela não precisava que Alexia fizesse um milhão de perguntas embaraçosas sobre os direitos de procuração, um detalhe que ela só compartilhou com Colin por telefone.
"O que você quer dizer com isso?" Alexia perguntou.
"Coma seu iogurte também", disse Lena. "Precisamos ir para casa logo."
Alexia sabia que era hora de parar de fazer perguntas e, sabiamente, começou a comer. Colin continuou a olhar para ela com uma sobrancelha levantada e um sorriso malicioso no rosto. Ela olhou para ele. Ele riu e olhou para seu chocolate. Infelizmente, o olhar disciplinatório havia parado de funcionar nele muitos anos antes. Ela esperava que ele não fosse causar muitos problemas nos próximos dias.
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KARLENA - Ice Queen
Fiksi PenggemarLena Luthor, a principal editora de uma prestigiada revista de moda, sempre acreditou que sua fiel assistente, Kara Danvers, a havia abandonado repentinamente em Paris. Um ano depois, Lena descobre que Kara não a abandonou, mas sofreu um grave acide...