You came

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A intuição é uma sensação imediata, seja para algo bom ou algo ruim. Mal se lembrava de ter tido uma intuição de que algo bom aconteceria no dia que foi pedida em noivado, e desde então tudo seguia da melhor forma possível: Ben tinha conseguido despertar nela seu lado mais frágil. Seu lado sensível, amoroso e gentil.

E então sua sensação imediata ia além de algo bom, sua sensação levava seu pensamento sempre a dúvidas inúteis como "O que será que Ben está fazendo agora?" ou como "Quando podemos nos ver novamente?" mesmo que soubesse que Ben provavelmente estaria ocupado demais em seu escritório com coisas de rei ou em reuniões com reinos vizinhos.

E sim, ela sabia que ele seria sempre assim, mas as vezes se perguntava se teriam uma chance diferente se ele não fosse rei. Se poderiam viver grudados, se todas as noites ela poderia se acolher em seus braços e dormir tranquilamente sabendo que ninguém procuraria pelo rei no meio da madrugada, pois nessa utopia ele não seria mais rei.

Eram noivos. Por isso, tão somente, ainda não moravam juntos.

Óbvio, não se passava de uma questão puramente burocrática: Mal e Ben já eram duas metades de um só, tanto emocionalmente quanto fisicamente, depois de uma tarde agitada no lago encantado e meia garrafa de wisky. Gostavam de estar juntos pois ali realmente parecia que os opostos se atraíam. Ali parecia que nada mais importava, como se apenas eles existissem no mundo, não como se Auradon fosse o maior país conhecido entre os sete mares.

E agora ali, deitada na cama de seu quarto na Auradon prep depois de faltar mais uma aula por "indisposição", tudo o que Mal podia pensar era que estava com saudades do noivo, que não via há três dias.

Era estranho para os outros como Mal evitava qualquer contato com as pessoas. Tinha como amigos apenas os outros três jovens que vieram da ilha junto a ela, e Jasmine que conheceu durante um baile de inverno. Mas, sendo sempre muito reclusa, comumente desviava de abraços e conversas sentimentais e essas eram reservadas àquele que mais a conhecia intimamente; um certo garoto loiro muito, muito ocupado.

Se sentava na cama, as pernas próximas ao peito enquanto olhava para o nada e para tudo ao mesmo tempo. Os olhos tão cheios de lágrimas que mal podia enxergar. Estava ali há meia hora, com a cabeça tão cheia e cansada que não conseguia organizar pensamento nenhum, mas sentiu quando seu celular vibrou ao seu lado na cama.

"Está tudo bem por aí?" Dizia o visor.

Era ele.

Ela fungou, esfregando os olhos ao começar a digitar uma resposta.

"Não sei."

"Aconteceu alguma coisa?"

"Estou com muita, muita saudade." Ela mandou. "Daquele jeito que a gente conversou aquele dia."

Ensinada na ilha dos perdidos, Mal jamais aprendeu a entender suas emoções pois foi criada em negligência parental e caos. Muito era visto agora em Auradon, e muito conversava com ele. Ela entendia essa necessidade em estar perto: fazia parte do amor. O amor que ele ensinou a ela. O amor que tinha pelos amigos. Por Bela e Adam. Por sua terra tão distante.

Então uma vez ele disse, com o coração apertado de vê-la chorar, que se estivesse com muitas saudades a ponto de sentir vontade de chorar ou de dormir e não acordar, que ela podia chorar, porque choro fazia bem e não era algo ruim, só a tornava mais humana. E, disse que podia mandar mensagem que ele viria correndo.

"Mas você nem me disse nada." A mensagem de Ben chegou acompanhada de um emoji dengoso.

"Pensei que fosse estar ocupado."

"Precisa de mim?

"Talvez..."

"Me espere. Vou estar aí em meia hora."

FLOWERS TO MAL - Malen one shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora