HALLOWEEN (hell in)

103 8 8
                                    

—Eu amo ficar assim, sabe?

Ben murmurou no escuro, fazendo Mal sorrir na curva de seu pescoço. Estavam deitados na grande cama de casal, sem cobertor por conta do calor e do ventilador ligado, mas agarrados um ao outro de forma que parecessem um emaranhado de membros. Os braços de Ben em volta da cintura da esposa, a cabeça dela no ombro dele, as pernas dos dois entrelaçadas e ela se sentindo uma criança pedindo consolo.

Voltava de uma crise de sua ansiedade. Mais um pesadelo que a fez acordar de noite chorando e gritando como uma louca. Mais um pesadelo que fez ele abraça-la e acolhe-la no peito como alguém que precisava de proteção.

—E eu amo seu carinho...—Sussurrou ela.—Eles também.

Estava em sua segunda gestação.

Uma gestação preocupante, como diria o rei. Ser anêmica, diabética, amamentando e mãe de gêmeos não era algo fácil para Malie Bertha, que não estava ainda nem nos 24 anos. As contas eram dobradas. Ultrassonografias pagas em dobro, dois berços, duas cadeirinhas, um parto dobrado e muitas consultas por conta da gravidez de risco. O que não era problema para os reis.

Há um ano e meio, Mal e Ben trouxeram ao mundo a pequena Amy Beast. Doce e sensível e educada, sempre presente para todos os momentos, a menina era um anjinho.

Anjinho esse que ainda tinha a demanda do seio da mãe. E, como haviam muitos boatos de que... bom... mulheres amamentando não tinham tendência a engravidar... vieram os gêmeos.

Então há sete meses a mulher carregava em seu ventre dois bebês - magros o suficiente para preocupar os pediatras e obstetras - que teriam o sobrenome de Ben em breve, se nascessem bem.

—Mal...—Ben Gaguejou, se afastando um pouco para sentar na cama, encarando ela se acolher.

Estava muito, muito preocupado. Mas não sabia como ter a conversa com ela, não quando sabia que podia gerar uma discussão imensa.

—O que foi?

—Eu... eu estou... bom, me preocupo muito com a nossa situação agora.

—Quer conversar a respeito?—Ela forçou seu corpo cansado e pesado a se sentar, e segurou o rosto do marido nas mãos.

Ele desviou o olhar para Amy que dormia no berço ao lado da cama, dormindo tranquila enquanto abraçava a girafa de pelúcia que ele deu a ela ainda na maternidade, depois voltando o olhar para esposa e enfim tocando seu ventre com ambas as mãos.

—Sabe... eu... não sei, talvez tenha ouvido coisas demais ou boatos demais e... disseram que geralmente gravidez de gêmeos não vai até o fim. E que por eu ser maior do que você, você sofreria bastante no parto.

—Sofri bastante na vez de Amy. Dezoito horas de dor não era brincadeira.—Disse ela.

—E me preocupa pensar que algo pode acontecer. Que o fato de você viver doente possa levar ao impasse de ter de escolher a sua vida ou a deles.—O homem abaixou a cabeça, olhando firmemente a barriga em sua frente.—Eu amo eles, demais. Mas amo Amy, que já nasceu e precisa de uma mãe. Amo você. Preciso de você.

—...tudo bem.—Deu de ombros, de um jeito esquisito, mas definitivamente não do jeito que ele esperava que a conversa seguiria rumo.

—Digo... filhos... filhos podemos fazer outros. Não é... não é tão difícil.—Gaguejou ele, sem jeito.—Mas você é única. Quem eu sou sem você? Eu não posso te perder. Entende o que eu quero dizer?

—Entendo.

—Não posso escolher eles.

—Sim. Eu sei.—Insistiu ela.—Nem vou pedir para que faça isso. Mas... por que isso agora?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 30 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

FLOWERS TO MAL - Malen one shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora