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Mal nunca percebeu o quanto sentia falta de Ben. Ou nunca percebeu o quanto ficava irritada por ele ser ocupado demais. Parte porque ela própria tinha suas atividades, parte porque ela sabia que ele sempre voltaria para ela no fim do dia.

Mas agora ela estava bem irritada. Talvez um pouco triste ou sozinha.

Tinha acabado de perceber que ele estava ocupado demais para ela, e ela estava com muita saudade. Tanta saudade que a deixava irritada; ele tinha que estar ali, era culpa dele ela estar naquela situação.

Mas lá estava ela: sentada na sala de espera do hospital, esperando para a médica chama-la enquanto seus olhos transbordavam em lágrimas apavoradas e suas mãos tremiam, apoiadas no ventre.

Estou ocupado. Tenho reunião agora.

As palavras ecoavam na cabeça dela, várias e várias vezes. E a mulher ouvia todo ao mesmo tempo: a voz dele em sua mente, os passos dos outros pacientes e médicos. A risada dos casais que estavam ali.

Mal era a única sozinha ali. Todas as outras gestantes estavam com o marido, ou com pelo menos o pai do bebê.

Risadas. Passos. Voz.

Risadas. Passos. Voz.

Risadas. Passos. Voz.

Risadas. Passos. Voz.

Risadas. Passos. Voz.

Risadas. Passos. Voz.

-Malie.

Ela respirou fundo, se levantando e tentando conter a respiração, esfregando os olhos para esconder as lágrimas porque acima de tudo ela era a impotente rainha de Auradon.

Caminhou atrás da médica pelo corredor enquanto mantinha suas mãos no ventre. Estava assustada, e o idiota do seu marido estava lá, sentado, em uma reunião com sabe-se lá quem.

-Então, o que houve com você? Seu retorno só estava marcado para o dia vinte. Hoje ainda é dia três.- Murmurou a médica ao entrar no consultório.

-Eu... eu não sei... eu só... eu tive um sangramento de manhã. Como se tivesse... não sei, menstruando ou- ou- ou... abortando. Sangrou bastante.- Gaguejou, prendendo os soluços.- Ela não mexeu desde ontem e eu- eu-

-Ah, tudo bem. Tudo bem, vamos só... fazer um ultrassom, certo? Vamos ver o que acontece. -A mulher sorriu gentilmente, vendo a arroxeada subir na maca devagar.- Sem desespero.

-E se ela tiver-

-Não sofra com antecedência. Vamos ver o que acontece aqui.

A doutora tocou o ventre da rainha devagar, ligando o aparelho com a outra mão enquanto a mulher se deitava e erguia a camiseta.

O gel da máquina estava gelado demais, mas Mal não reclamou. A textura e a temperatura a trouxe um pouco mais de calma. Estava tudo bem. Tinha que estar.

-Ah, olha ela aqui!-Sorriu a médica.-Chupando o dedo de novo, Claire?

A menina apareceu na telinha, onde a ultrassonografia mostrava sua silhueta em preto e branco. Estava com o dedo na boca, como em quase todos os ultrassons.

-E o coração dela? Ele está-

-Batendo. Você quer ouvir?

-Sim. Sim, eu quero. Por favor.- Pediu ela. Quase como se em desespero.

Não demorou para que o som semelhante a um tambor ecoasse pelo quarto. Sim, o coração estava batendo, rápido e forte. 

Ela estava bem.

FLOWERS TO MAL - Malen one shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora