Capítulo 10

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- Eu destruo um ônibus- leu Will.

- Como você fez isso?- perguntou Jason.

- Você vai ver- disse Percy.

Não precisei de muito tempo para fazer as malas. Decidi deixar o cifre do Minotauro no meu chalé, então só restaram uma muda extra de roupas e uma escova de dentes para enfiar numa mochila que Grover encontrara para mim.

- O acampamento não poderia fornecer roupas para os campisatas?- perguntou Dakota.

A loja do acampamento me emprestou cem dólares em dinheiro mortal e vinte dracmas de ouro. Essas moedas eram grandes como um biscoito gigante, tinham imagens de diversos deuses gregos estamapadas de um lado e o Edifício Empire States do outro. Os dracmas dos mortais antigos eram de prata, Quíron nos contou, mas os olimpianos nunca usavam nada menos que ouro puro. Quíron disse que as moedas poderiam vir a calhar para transações não-mortais - o que quer que isso significasse. Ele deu a Annabeth e a mim um cantil de néctar e um saco hermético cheio de quadradinhos de ambrosia, para usar somente em emergências, se fôssemos gravemente feridos.

Annabeth e Percy trocaram olhares se lembrando o que aconteceu naquele dia.

Aquilo era o alimento dos deuses, Quíron lembrou. Iria nos curar de qualquer ferimento, mas era letal para mortais. Em excesso, poderia deixar um meio-sangue com muita, muita febre. Uma overdose nos faria pegar fogo, literalmente.

- Um pequeno aviso se não quiser morrer queimado- disse Connor.

Annabeth carregava seu boné mágico dos Yankees, que era, ela me contou, um presente da mãe pelo seu décimo segundo aniversario. Ela levou um livro sobre a famosa arquitetura clássica, escrito em grego antigo, para ler quando estivesse entediada, e carregava uma comprida faca de bronze escondida na manga da camisa.

- Acho que é meio difícil ficar entendiada numa missão dessas- disse Chris.

Eu tinha certeza de que a faca ia nos causar problemas na primeira vez em que passássemos por um detector de metais.

- Agora que eu percebi que o Percy não tem nenhuma arma pra se defender- disse Léo.

Grover estava com seus pés falsos e calças para passar por ser humano. Usava uma touca verde estilo rastafári, porque, quando chovia, seu cabelo encaracolado se achatava, deixando aparecer a ponta dos chifres.

- Não quero nem saber o que os mortais iriam ver se não tivesse a toca- disse Reyna.

Sua mochila berrante, alaranjada, estava cheia de sucata de metal e maçãs para o lanche. Em seu bolso havia um conjunto de flautas de bambu que o papai-bode esculpira para ele, muito embora ele só conhecesse duas músicas: o Concerto para Piano n° 12, de Mozart, e So Yesterday, de Hilary Duff, e ambas soassem muito mal em flautas de bambu.

- Você está melhor hoje em dia- disse Percy, Luke e Annabeth concordaram.

Acenamos em despedida para os outros campistas, demos uma última olhada para os campos de morangos, o oceano e a Casa Grande, depois subimos a Colina Meio-Sangue até o alto pinheiro que outrora fora Thalia, filha de Zeus.
Quíron nos esperava em sua cadeira de rodas. Ao lado dele estava o surfista que eu tinha visto quando me recuperava no quarto doente. De acordo com Grover, o cara era chefe de segurança do acampamento. Supostamente, tinha olhos espalhados pelo corpo inteiro para jamais ser pego de surpresa.
Naquele dia, no entanto, usava uniforme de chofer, então só pude ver os olhos extras das mãos, do rosto e do pescoço.
- Este é Argos - disse Quíron. - Vai levar vocês de carro até a cidade e, ahn, bem, ficar de olho em tudo.
Ouvi passos atrás de nós.
Luke veio correndo colina acima, carregando um par de tênis de basquete.
- Ei! - ofegou ele. - Ainda bem que alcancei vocês.
Annabeth corou, como sempre acontecia quando Luke e Jacob estavam por perto.
- Só queria desejar boa sorte - disse ele para mim. - E pensei... ahn, quem sabe você poderia usar isso.
Ele me entregou os tênis, que pareciam bastante normais. Tinham até cheiro de normais.
Luke disse:
- Maia!

Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora