Capítulo 4

285 14 0
                                    

- Minha mãe me ensina a tourear- leu Deméter.
- Err ok- disse Léo.

Arrancamos noite adentro por estradas rurais escuras. O vento golpeava o Camaro. A chuva açoitava o para-brisa. Eu não sabia como minha mãe conseguia ver alguma coisa, mas ela mantinha o pé no acelerador.

- Agora é só torcer para que não aconteça nenhum acidente- disse Clarisse, Percy olhou pra ela com uma sombrancelha levantada- esquece o que eu disse.

Toda vez que um relâmpago produzia um clarão, eu olhava para Grover sentado ao meu lado no banco de trás e me perguntava se tinha ficado louco ou se ele estava usando algum tipo de calça felpuda.

- Isso não explicaria os cascos- disse Annabeth.

- Você realmente acha que eu estava conseguindo pensar direito, depois de tudo o que aconteceu?- perguntou Percy.

Mas não, o cheiro era o mesmo que eu lembrava das excursões do jardim-de-infância para o zoológico infantil -lanolina, como o de lã. O cheiro de um animal molhado de estábulo.

- Percy- reclamou Grover.

Tudo o que pude dizer foi:
- Então, você e minha mãe... se conhecem?
Os olhos de Grover moveram-se rapidamente para o espelho retrovisor, embora não houvesse carro nenhum atrás de nós.
- Não exatamente - disse El. - Quer dizer, nunca nos encontramos pessoalmente. Mas ela sabia que eu estava observando você.
- Observando, a mim?
- Estava de olho em você. Cuidando que estivesse bem. Mas eu não estava fingindo ser seu amigo - acrescentou apressadamente. - Eu sou seu amigo.
- Ahn... o que é você, exatamente?
- Isso não importa neste momento.
- Não importa? Da cintura para baixo, o meu melhor amigo é um burro...

- Eu não recomendaria você dizer isso a um sátiro- disse Dionísio.

- Tinha acontecido tanta coisa em tão pouco tempo que eu não estava conseguindo pensar direito- disse Percy fazendo biquinho, Luke deu um selinho no namorado.

Grover soltou um agudo e gutural:
- Bééééé!
Eu já o tinha ouvido fazer aquele som antes, mas sempre achei que era um riso nervoso. Agora me dava conta de que era mais um berro irritado.

- Como você confunde isso com uma risada?- perguntou Nico.

- Bode! - exclamou.
- O quê?
- Eu sou um bode da cintura para baixo.
- Você acaba de dizer que isso não importa.
- Béééé! Alguns sátiros poderiam pisoteá-lo por causa de tamanho insulto!
- Opa. Espere. Sátiros. Você quer dizer como... os mitos do sr. Brunner?
- Aquelas velhas na banca de frutas eram um mito, Percy? A sra. Dodds era um mito?

- Está deixando ele mais confuso Grover- disse Annabeth.

- Então você admite que havia uma sra. Dodds!
- É claro.
- Então por que...
- Quanto menos você soubesse, menos monstros atrairia - disse Grover, como se aquilo fosse perfeitamente óbvio. - Nós pusemos a Névoa diante dos olhos humanos. Tínhamos esperanças de que você achasse que a Benevolente era uma alucinação. Mas não adiantou. Você começou a perceber quem você é.
- Quem eu... espere um minuto, o que você quer dizer?
O estranho rugido ergueu-se novamente em algum lugar atrás de nós, mais perto do que antes. O que quer que estivesse nos perseguindo ainda estava na nossa cola.

- Outro monstro- disse Poseidon começando a ficar nervoso.

- Percy - disse minha mãe -, há muito a explicar e não temos tempo suficiente. Precisamos pôr você em segurança.
- Em segurança como? Quem está atrás de mim?
- Ah, nada demais - disse Grover, obviamente ainda ofendido com o comentário sobre o burro. - Apenas o
Senhor dos Mortos e alguns dos seus asseclas mais sedentos de sangue.

Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora