Capítulo 2

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- Três velhas senhoras tricotam meias da morte- leu Apolo.

- Meias da morte?- perguntou Léo.

- Você vaí entender- disse Percy.

Eu estava acostumado a uma ou outra experiência esquisita, mas normalmente elas passavam depressa. Aquela alucinação 24 horas por dia e sete dias por semana era mais do que podia encarar. Durante o resto do ano escolar o campus inteiro parecia me pregando algum tipo de peça. Os alunos agiam como se estivessem completa e totalmente convencidos de que a sra. Kerr - uma loira alegre que eu nunca tinha visto na vida até o momento em que ela entrou no nosso ônibus no fim da excursão - era nossa professora de iniciação à álgebra desde o Natal.

- Tá agora eu quero saber de onde essa mulher surgiu, porque até onde eu sei a névoa não pode fazerem uma pessoa aparecer do nada ou pode?- perguntou Chris.

- Não pode- agente já tinha uma pessoa para substituir alguma professora- disse Quíron.

De vez em quando eu soltava uma referência à sra. Dodds para cima de alguém, só para ver se conseguia
fazê-los titubear, mas eles me olhavam como se eu fosse louco.
Acabei quase acreditando neles: a sra. Dodds nunca tinha existido.
Quase.
Mas Grover não conseguiu me enganar. Quando eu mencionava o nome Dodds ele hesitava, depois alegava que ela não existia. Mas eu sabia que ele estava mentindo.
Alguma coisa estava acontecendo. Alguma coisa havia acontecido no museu.
Eu não tinha muito tempo para pensar no assunto durante o dia, mas, à noite, visões da sra. Dodds com garras e asas de couro me faziam acordar suando frio.

Percy soltou um gemido ao se lembrar daquele pesadelo.

O tempo maluco continuou, o que não ajudava meu humor. Certa noite, uma tempestade de raios arrebentou a janela do meu dormitório. Alguns dias depois, o maior tornado jamais visto no vale do Hudson tocou o chão a apenas trinta quilômetros da Academia Yancy.

- Tá a briga parece ser seria, más ainda não é motivo de culpar os mortais- disse Hestia.

Um dos eventos correntes que aprendemos na aula de estudos sociais era o número inusitado de pequenos aviões que caíram em súbitos vendavais no Atlântico naquele ano.
Comecei a me sentir mal-humorado e irritado a maior parte do tempo. Minhas notas caíram de D para F.

Athena e Annabeth quase caíram de onde estavam sentadas.
- Não tenho culpa se meu humor muda conforme o clima- disse Percy.

Entrei em mais atritos com Nancy Bobofit e suas amigas. Era posto para fora da sala e tinha de ficar no corredor em quase todas as aulas.
Finalmente, quando nosso professor de inglês, o sr. Nicoll, me perguntou pela milionésima vez por que eu tinha tanta preguiça de estudar para as provas de ortografia, eu explodi. Chamei-o de velho dipsomaníaco.

- Você chamou seu professor de velho bêbado- disse Annabeth.
- Não tenho culpa se ele cheirava a bebida alcoólica- disse Percy.

Não sabia direito o que aquilo queria dizer, mas soou bem.
O diretor mandou uma carta para minha mãe na semana seguinte, tornando oficial: eu não seria convidado a voltar para a Academia Yancy no ano seguinte.

- Maneira educada de dizer que expulso- disse Hermes.


Ótimo, disse a mim mesmo. Simplesmente ótimo.
Eu estava com saudades de casa.
Queria ficar com minha mãe no nosso pequeno apartamento no Upper East Side, mesmo que tivesse de
freqüentar uma escola pública e aturar meu padrasto detestável e seus jogos de pôquer estúpidos.

Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora