Capítulo 1

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-Sem querer, transformo em pó minha professora de iniciação à Álgebra- leu Hera.

- Nenhuma pergunta- disse Percy- e se você abrir a boca pra falar alguma coisa eu te castro escutou Luke.

- Sim- disse Luke.

Olhe, eu não queria ser um meio-sangue.

- Acho que ninguém iria querer se soubessem tudo o que passamos- disse Luke, todos os Deuses se mecheram desconfortáveis.

Se você está lendo isto porque acha que pode ser um, meu conselho é o seguinte: feche este livro agora mesmo. Acredite em qualquer mentira que sua mãe ou seu pai lhe contou sobre seu nascimento, e tente
levar uma vida normal.
Ser meio-sangue é perigoso.

- Sim- disse Thalia.

É assustador. Na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito penoso e detestável.

- Sim- disse Annabeth.

Se você é uma criança normal, que está lendo isto porque acha que é ficção, ótimo. Continue lendo. Eu o invejo por ser capaz de acreditar que nada disso aconteceu.
Mas, se você se reconhecer nestas páginas - se sentir alguma coisa emocionante lá dentro -, pare de ler imediatamente. Você pode ser um de nós. E, uma vez que fica sabendo disso, é apenas uma questão de
tempo antes que eles também sintam isso, e venham atrás de você.
Não diga que eu não avisei.
Meu nome é Percy Jackson.
Tenho doze anos de idade. Até alguns meses atrás, era aluno de um internato, na Academia Yancy, uma escola particular para crianças problemáticas no norte do estado de Nova York.
Se eu sou uma criança problemática?

- SIM- todos os semideuses gregos gritaram, Percy abaixou a cabeça e Luke segurou a mão do namorado.

- Não liga pra eles peixinho- disse Luke no ouvido de Percy.

Sim. Pode-se dizer isso.

- Até você sabe que é uma criança problemática- disse Grover.

Eu poderia partir de qualquer ponto da minha vida curta e infeliz para prová-lo, mas as coisas começaram a ir realmente mal no último mês de maio, quando nossa turma do sexto ano fez uma excursão a Manhattan - vinte e oito crianças alucinadas e dois professores em um ônibus escolar amarelo indo para o Metropolitan Museum of Art, a fim de observar velharias gregas e romanas.

- Velharias?- perguntou Annabeth, Percy apenas deu de ombros.

Eu sei, parece tortura. A maior parte das excursões da Yancy era mesmo.
Mas o sr. Brunner, nosso professor de latim, estava guiando essa excursão, assim eu tinha esperanças.
O sr. Brunner era um sujeito de meia-idade em uma cadeira de rodas motorizada. Tinha o cabelo ralo, uma barba desalinhada e usava um casaco surrado de tweed que sempre cheirava a café. Talvez você não o achasse legal, mas ele contava histórias e piadas e nos deixava fazer brincadeiras em sala.
Também tinha uma impressionante coleção de armaduras e armas romanas, portanto era o único professor cuja aula não me fazia dormir.

- Eu já tenho muita experiência com crianças- disse Quíron- principalmente semideuses.

Eu esperava que desse tudo certo na excursão. Pelo menos tinha esperança de não me meter em encrenca dessa vez.
Cara, como eu estava errado.
Entenda: coisas ruins me acontecem em excursões escolares. Como na minha escola da quinta série, quando fomos para o campo de batalha de Saratoga, e eu tive aquele acidente com um canhão da Revolução Americana. Eu não estava apontando para o ônibus da escola, mas é claro que fui expulso do mesmo jeito.
E antes disso, na escola da quarta série, quando fizemos um passeio pelos bastidores do tanque dos tubarões do Mundo Marinho, e eu de, alguma forma, acionei a alavanca errada no passadiço e nossa turma tomou um banho inesperado. E antes disso... Bem, já dá para você ter uma idéia.
Nessa viagem, eu estava determinado a ser bonzinho.
Ao longo de todo o caminho para a cidade agüentei Nancy Bobofit, aquela cleptomaníaca ruiva e sardenta, acertando a nuca do meu melhor amigo, Grover, com pedaços de sanduíche de manteiga de amendoim com ketchup.

Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora