Capítulo 7

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- Meu jantar se esvai em fumaça- leu Hefesto.

- Oferendas- disse Beckendorf.

A notícia do incidente no banheiro se espalhou na mesma hora. Aonde quer que eu fosse, os campistas apontavam para mim e murmuravam algo sobre água de vaso sanitário. Ou talvez apenas olhassem para Annabeth, que ainda estava bastante encharcada.

- Pior que estava mesmo- disse Chris.

Ela me mostrou mais alguns lugares: a oficina de metais (onde as crianças forjavam as próprias espadas), a sala de artes e ofícios (onde os sátiros jateavam com areia uma estátua gigante de um home-bode) e a parede para escalada, que na verdade consistia em duas paredes que se sacudiam violentamente, deixavam cair rochas, espalhavam lava e colidiam uma com a outra se a gente não chegasse ao topo bem depressa.

- Depois de um tempo você aprende a chegar rápido ao topo- disse Luke.

Finalmente retornamos ao lado de canoagem, de onde a trilha levava de volta aos chalés.
- Tenho treinamento - disse Annabeth secamente. - O jantar é às sete e meia. Você só tem de seguir o pessoal do chalé até o refeitório.
- Annabeth, desculpe pelos sanitários.
- Não importa.

- Não era isso que parecia, você estáva culpado ele por uma coisa que ele nem sabia que podia fazer e controlar- disse Connor.

- Não foi minha culpa.
Ela me olhou com ar cético e me dei conta de que tinha sido minha culpa. Eu havia feito a água jorrar no banheiro. Não entendia como. Mas os vasos tinham respondido a mim. Era como se eu fosse um dos canos.

-Mais ou menos isso, é mais como se você fosse parte da água- disse Poseidon.

- Você precisa falar com o Oráculo - disse Annabeth.
- Quem?
- Não quem. O quê. O Oráculo. Vou pedir a Quíron.

Quíron olhou para Annabeth com uma sombrancelha levantada, Annabeth não olhou para o centauro.

Olhei para o lago, desejando que alguém me desse uma resposta direta pelo menos uma vez.
Eu não esperava que alguém estivesse olhando de volta para mim do fundo, portanto meu coração deu um pulo quando notei duas meninas adolescente sentadas de pernas cruzadas na base do píer, cerca de seis metros abaixo. Vestiam jeans e camisetas verdes cintilantes, e os cabelos castanhos flutuavam soltos em volta dos ombros enquanto peixinhos passavam por entre eles. Elas sorriram e acenaram como se eu fosse um amigo há muito perdido.

- Acho que alguém chamou atenção das náiades- disse Travis.

- Porque será- disse Luke.

Eu não sabia que outra coisa fazer. Acenei de volta.
- Não as encoraje - advertiu Annabeth. - As náiades são flertadoras incontroláveis.

- Elas não iriam fazer nada com Percy- disse Poseidon.

- Eu não sabia disso na época- disse Annabeth.

- Náiades - repeti, sentindo-me completamente estupefado. - Já chega. Quero ir para casa agora.
Annabeth franziu as sobrancelhas.
- Você não percebe, Percy? Você está em casa. Este é o único lugar na terra seguro para crianças como nós.

- Como você quer que ele se sinta em casa se todos o tratam mal- disse Rachel- bem a maioria.

- Percy só começou a se sentir em casa e a entender como o acampamento funciona quando Jacob e eu explicamos melhor as coisas pra ele- disse Luke.

- Você quer dizer crianças mentalmente perturbadas?
- Eu quero dizer não-humanas. Não totalmente humanas, de qualquer modo. Meio humanas.
- Meio humanas e meio o quê?
- Acho que você sabe.
Eu não queria admitir, mas sabia, sim. Senti um formigamento nos membros, uma sensação que às vezes
me tomava quando minha mãe falava sobre meu pai.
- Dessas - disse eu. - Meio deusas.
Annabeth assentiu.
- Seu pai não está morto, Percy. Ele é um dos olimpianos.

Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora