capítulo 2 - Adão, vá embora!

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― De nada, oras, o prazer é todo meu! - entre os risos, saiu da loja de roupas.

"Foi um bom passeio, talvez eu possa trazer Charlie para olhar as estrelas no campo de girassois um dia."

Lucifer caminhava distraído entre os aldeões, e não percebeu o homen robusto atrás de sua pessoa.

"Então, a princesa beijou o pato e ele se transformou em um deslumbrante príncipe..."

― Olá, Lúcifer.

Uma voz que ele conhecia muito bem se fez presente atrás de seu ouvido, causando arrepios por todo o seu corpo. Oh, não... era Adão...! Se levantou em um pulo e olhou para trás, vendo o maior e sua "camarada" atrás o encarando.

― Bonjour, Adão - iria o ignorar e voltar a ler o conto em suas mãos, porém, seu livro foi brutalmente retirado de suas mãos.

― Adão! Pode devolver meu livro, por favor? - perdiu com gentileza. Doeu um pouco ver seu livro sendo segurava de forma tão errada por mãos tão ignorantes.

― Como pode ler isso? É tão... sem graça! Não acha, Lute? - a mulher de cabelos brancas apenas concordou com a cabeça, vendo o show se desenrolar.

― É só usar a imaginação! E além disso, é para Charlie! - tentou pegar o livro das mãos moreno, que levantou o braço. Adão continuava a olhar o livro sem ânimo nenhum.

― Meu bem, é hora de você parar com essa mania de ler. Ler é para mulher... - parou de falar quando olhou para Lute, que o encarava de sobrancelhas erguidas ― quase todas as mulheres. É hora de dar atenção a coisas mais importantes, como eu!

Enquanto falava, deixou o livro cair numa poça suja, o loiro se desesperou com a possibilidade de ter perdido o livro. Se ajoelhou e com cuidado pegou o livro da poça, por sorte, o livro era de capa dura e ainda estava a salvo.

― Ah... Adão! - Lúcifer jurou ouvir três meratrizes suspirarem apenas de olhar para o homen a sua frente. Não entendia o que todas as pessoas que caíam no..."charme" de Adão. O homem é bonito, não podia dizer não, porém, o que tem de beleza, tem de arrogância.

― Sabe, a cidade inteira está comentando, ler não é bom para uma homem... - olhou novamente para a companheira, que continuou os observando sem reação ― Logo ele começa a ter ideias e a pensar coisas, como fazer patinhos de borracha!

Lúcifer olhou ofendido para Adão. "Como ele pode?" Pensou o loiro. Patinhos são as coisas mais fofas e engraçadas do mundo, é um crime imperdoável não gostar, na opinião de Lúcifer.

― Adão, você é mesmo primitivo - quis dizer em uma maneira não tão positiva, sem ofensas. Adão se aproximou do loiro, que por insisto se afastou com passos lentos.

― Puxa, obrigado, Lúcifer! - agradeço com exagero. Por algum motivo desconhecido pelo o loiro, Adão sempre fazia um movimento com os braços, que destacavam seus músculos, apesar de serem bem vistos a longa distância ― O que você acha de eu e você irmos andando até a taverna para ver os meus troféus? - não teve a decência de esperar um resposta e puxou o loiro pelo o ombro.

― Talvez em outra ocasião... - Lucifer se soltou dos braços do homem robusto. Ouviu novamente as meratrizes resmungarem; "O que há de errado com ele?" "É louco..." "Adão é lindo!"

― Por favor, monsieur Adão. Não posso. Tenho que voltar para casa e ver minha filha, e tenho trabalho a fazer! - tentou argumentar ― Até logo! - virou-se para trás e caminhou até seu lar.

― A filha dele não é aquela pirralha que ainda tem esperanças que o rei volte? Ela precisa de ajuda urgentemente. - Zombou Lute.

― Não fale de Charlie desse jeito! - colocou as mãos na cintura, repreendendo a mulher à sua frente.

― É! Não fale da filhinha dele desse jeito! - Adão colocou as mãos na cintura, fazendo os mesmos gestos que o loiro, ganhando um olhar repleto de zombaria vindo de Lute. Porém, bastou um troca de olhares entre o moreno e a albina que não se aguentaram e começaram a gargalhar.

Lucifer suspirou, Massageando as têmporas e virando de costas novamente. "Quer saber... é melhor não sair de casa e construir novos tipos de brinquedos sozinho."

[...]

― Charlie, char-char? Voltei para casa! Te disse que não ia demorar muito! - na verdade, ele nunca disse isso, mas como sua memória não era uma das melhores, acreditou que sim.

― Onde você esteve? Pensei que iria apenas comprar pão... - olhou com curiosidade o livro nas mãos de seu pai.

― Dei uma passadinha na livraria, e advinha?! - Charlie arregalou os olhos.

― A madame Sera decidiu parar de controlar a vida de Emily?

― O que? Não!

Entregou o livro na mão de de Charlie, que olhou surpresa. ― A... pai... - A loira olhava para o conto com um misto de emoções, nostalgia e encanto. Conseguia lembra de quando chegava a noite e seu pai sentava em sua cama e lia cada página para sua versão menor. Algumas vezes, era o próprio Lúcifer que acabava dormindo e Charlie rabiscava seu rosto com giz colorido.

― Feliz aniversário, minha filha. - Charlie olhou para o seu pai com pequenas lágrimas nos olhos e o abraçou com força.

― É o melhor presente de todos. Obrigada, pai.

Após o presente de aniversário, Lúcifer e Charlie resolveram fazer um bolo de chocolate, com pequenos doces em formatos de patos de borracha e um vela com a forma de um "15" no meio. A pequena casa humilde se encheu de risadas, sendo abraçada pelo o ambiente confortável e pacífico.

E depois, o sol se pós e a noite veio, trazendo consigo o medo e o uivo dos lobos que se escondiam as estreitas, procurando por uma nova vítima.

[...]

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Momento fofo de pai e filha💖 pena que a felicidade do pobre dura pouco...

A bela e a fera | Radioapple (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora