Capítulo Quatro

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Arabella chegou na academia que treinava boxe no sábado antes das 9h da manhã. Ela estava com a cabeça cheia de pensamentos emaranhados e precisava gastar energia. Alê chegou logo em seguida e ficou surpreso por ver Bella ali tão cedo. Eles treinavam juntos aos sábados, mas ela costumava chegar bem mais tarde porque aproveitava aquele dia da semana para dormir pelo menos até as 10h.

− Caiu da cama, Arabella Muniz? – Alê falou assim que entrou no campo de visão da moça, enquanto ela dava chutes em um saco de areia. – Pelo tamanho dessas olheiras, acho que você nem dormiu.

− Ai meu amigo, acho que me meti em uma bela duma enrascada. – Ela respondeu parando os movimentos e abraçando o saco de areia.

− E eu posso saber o que aconteceu? – Alê perguntou demonstrando preocupação.

− Vamos treinar primeiro? Preciso gastar energia antes de voltar a pensar em tudo que tá na minha cabeça e me deixando maluca desde ontem. – Alê concordou colocando as luvas e acompanhando a amiga.

Eles passaram a hora seguinte chutando e socando o saco de areia e fizeram alguns treinos um contra o outro até que chegaram ao limite físico. Depois de uma chuveirada no vestiário, Bella chamou Alessandro para irem a lanchonete da academia.

− Vai me dizer o que aconteceu que fez você acordar cedo em pleno sábado? – Alessandro perguntou impaciente.

− Eu acho que estou procurando confusão para a minha vida, Alê. – Ela abaixou a cabeça pensativa. – Pior que não sei se quero sair disso tudo.

− Você está falando do que exatamente, Bella? Não estou te entendendo.

− Renata! Estou falando da Renata. – Ela respondeu chateada.

− Como a dona do casarão entra nessa história, Arabella? Preciso que você seja clara. – Alê retrucou, mas sabia exatamente do que a amiga estava falando.

− Ontem nós jantamos juntas. Foi maravilhoso, Alê! Nós conversamos, tomamos vinho e no final da noite eu convidei ela para dançar. – Alê olhou assustado na direção da amiga.

− Ela aceitou, Arabella? – Alessandro estava incrédulo.

− Nós dançamos, Alê. Dançamos e eu não resisti, eu quase beijei a boca dela durante a dança. Aquela boca linda, tão desenhada que até parece uma obra de arte...

− O QUÊ?! Arabella, como foi isso?

− Não sei, Alê. Aconteceu! Estávamos tão próximas e eu queria tanto. Mas a maldita Alexa tinha um alarme programado e que tocou bem na hora do quase beijo.

− E como ela reagiu a isso, Arabella? – Alê perguntou enquanto tomava o suco de uva que tinha pedido na lanchonete.

− Não sei, Alê. Foi tudo tão rápido e ela me pareceu tão tímida. Eu fui embora logo em seguida, estava muito desconcertada e não soube bem como agir.

− Bella, eu não quero ser chato, mas você me disse que essa mulher é hetero. – Alê ressaltou deixando-a ainda mais atordoada. – Você está gostando dela, Bella? Pensa bem porque sabe que isso pode acabar mal.

− Eu não sei, Alê. Não sei! – Ela respondeu com olhar triste. – Você me conhece bem e sabe que nunca gostei de verdade de ninguém. Estou muito confusa, mas o que posso te dizer com certeza é que estar com a Renata tem sido o melhor momento dos meus dias desde que voltei para Ouro Preto.

− Você acha que ela já percebeu que você tem algum interesse por ela além de amizade?

− Ela sempre reforça que nossa relação é de amizade e isso é o que me deixa mais confusa. Talvez ela nem imagine a possibilidade de ter algo comigo além de amizade e deve achar que sou hetero.

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