Capítulo Quinze

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De volta a Ouro Preto depois do final de semana agitado em São Paulo, tudo que Renata queria era se reconectar com a paz daquele lugar. A estreia da sua exposição tinha sido um sucesso e todas as críticas positivas.

— A Amora se comportou bem, Julieta? — Renata perguntou a funcionária assim que a viu pela casa.

— Ela sentiu muito a sua falta e subia todo dia para chorar na porta do seu quarto. — A jovem respondeu fazendo Renata sorrir.

— Ela já é muito apegada a mim. — Renata se abaixou para fazer carinho na cachorrinha. — A Zezé está na cozinha?

— Está sim, quando vim para cá ela estava preparando café fresco para você.

— Está vendo porque eu amo a Zezé? — Renata brincou já se direcionando a cozinha.

— Olha só quem acordou... senta aí que vou te servir um pedaço de bolo de milho quentinho. — Zélia falou apontando para a cadeira mais próxima assim que Renata entrou na cozinha. — Li as notícias sobre sua exposição, por isso essa cara de felicidade não é?

— Eu não poderia estar mais realizada, Zezé. Para estar completo, só queria que o André estivesse mais perto.

— Seu filho já é um homem seguindo o próprio caminho, Rê, mas entendo a saudade. — Zélia falou com pesar. — E agora você pode contar com a Bellinha também. Tenho certeza que ela tem grande responsabilidade nessa sua cara de felicidade e na pele boa.

— Deixa de ser indiscreta, Zélia!

— Indiscreta não ou você acha que esqueci que escondeu esse romance de mim? Eu quero saber os detalhes.

— Pois você não vai saber de nada, sua fofoqueira. — Renata ralhou fazendo a outra gargalhar, mas continuou a falar. — Foi muito bom passar esses dias lá em São Paulo, mas eu estava morrendo de saudade de casa. Definitivamente não me sinto mais em casa quando estou lá.

XXXX

Arabella teve uma semana agitada ao retornar de São Paulo. Os sócios viajaram para participarem de um congresso e ela precisou cuidar sozinha da clínica, mas mesmo assim a jovem encontrou um tempinho e conversou com o pai sobre seu envolvimento com Renata e explicou que a mulher ainda tinha muitas questões até que pudessem assumir algo mais sério.

Naquele dia especificamente ela estava muito atarefada e administrando tudo sozinha na clínica.

— Marcia, boa tarde! — Lavínia entrou de surpresa na clínica. — Arabella está com paciente?

— Boa tarde. Não, ela está sozinha. Dra Tereza deixou algumas coisas burocráticas para ela resolver e ela reagendou alguns pacientes para dar conta de tudo. Na sexta-feira ela também não trabalhará na parte da tarde e por isso está adiantando algumas coisas. — Marcia complementou porque adorava uma fofoca e percebeu que as duas jovens andavam meio afastadas.

— E por que ela não trabalhará sexta-feira à tarde? — Lavínia fez questão de perguntar.

— Isso eu já não sei. — A recepcionista respondeu.

— Você nem para passar a fofoca completa. — Lavínia seguiu para o corredor das salas reclamando. — Vou até lá falar com ela.

Lavínia deu três batidinhas na porta e Bella autorizou que ela entrasse. A conversa foi rápida e por mais que Lavínia tentasse se reaproximar, Bella já não dava tanta abertura. Todas as mensagens que Bella recebia da advogada tinham por trás algum pedido para que se encontrassem e Bella não queria mais alimentar essa história. Tinha consciência de que Lavínia gostava dela e manter a proximidade agora só iria fazer a outra sofrer, mesmo que Bella sentisse muita falta da amizade dela.

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