Capítulo Dois

60 5 4
                                    


O dia amanheceu preguiçoso, Arabella tinha ido dormir mais tarde do que gostaria, isso porque encontrou a filha dos sócios na saída da clínica e depois da outra muito insistir, elas foram até o Moinho para um happy hour e para conversarem um pouco.

Lavínia era filha de Oswaldo e Tereza Bittencourt, com 28 anos, era uma jovem advogada bem-sucedida em Ouro Preto, bonita com longos cabelos loiros, um corpo magro e cheio de curvas. Se mudou para a cidade já adulta, no intuito de morar com os pais que haviam saído de Belo Horizonte e empreendido com a clínica alguns anos antes. Como prosperaram mais do que o esperado, quando Lavínia se formou, resolveu tentar a carreira ali também, tendo suporte dos seus pais. A família de Lavínia sempre soube que ela era bissexual, embora nunca tenha apresentado uma namorada aos pais. Ela gostava de sair com garotas, mas nunca havia se apaixonado por uma a ponto de iniciar um relacionamento, isso até conhecer a nova funcionária da clínica de seus pais.

A primeira vez que Lavínia viu Arabella foi no dia da entrevista que a moça foi fazer na clínica. Lavínia estava na recepção aguardando sua mãe para almoçarem juntas, quando Arabella chegou para ser entrevistada por seu pai. Ela ficou instantaneamente encantada pela moça alta a ponto de chamar atenção e Marcia percebendo os olhares da filha de seu chefe para a recém-chegada, assim que Arabella entrou na sala de Oswaldo, ela não perdeu tempo em contar as recentes fofocas para Lavínia.

− Arabella voltou há poucas semanas para Ouro Preto. - Marcia falou chamando atenção de Lavínia que estava distraída olhando para a porta que Arabella havia acabado de entrar.

− Oi? Desculpa, não prestei atenção. - Respondeu Lavínia sem entender do que a recepcionista falava.

− A moça que acabou de entrar na sala do seu pai. Ela sempre morou aqui na cidade, nos conhecemos desde que ela era criança, mas ela foi estudar em São Paulo e só voltou há pouco tempo. - Lavínia olhava com curiosidade enquanto Marcia falava.

− É mesmo? Parece que agora ela voltou para ficar, já que quer trabalhar aqui na clínica do meu pai.

− Sim, ela voltou para ficar e veio cheia de novidades. - Marcia falou em um sussurro e continuou. - Falou para todo mundo na cidade que é lésbica.

Lavínia olhou para a recepcionista entre divertida e curiosa enquanto ela continuava falando.

− Ela não namorou muito antes de ir para a faculdade, mesmo com os rapazes da cidade todos loucos por ela, afinal, você viu, né? Ela é uma moça muito bonita. - "Bonita demais! " Pensou Lavínia, mas preferiu não comentar nada.

A recepcionista ia continuar falando quando Tereza chegou na recepção para levar a filha para almoçarem. Lavínia ficou com aquelas informações na cabeça e como Arabella começou a trabalhar na clínica de seus pais, logo ela deu um jeito de se aproximar da moça. As coisas aconteceram de maneira natural, ambas jovens e bonitas, o interesse acabou sendo mútuo. A diferença é que Arabella estava apenas se divertindo, não havia sentimentos além do físico e do carinho, já Lavínia que começou aquele flerte também de maneira despretensiosa, acabou de envolvendo mais do que deveria.

Quando Lavínia, levada pelo sentimento, falava sobre futuro ou sobre relacionamentos, Arabella sempre deixava claro que estavam apenas saindo juntas e que eram "amigas com benefícios". Lavínia resolveu continuar essa amizade com benefícios e inconscientemente esperava que Arabella passasse a enxergá-la de outra forma, o sentimento era unilateral, mas ela acreditava que isso poderia mudar.

XXXX

Bella encontrou seu pai na cozinha terminando de tomar café da manhã, deu um beijo na testa dele e sentou ao seu lado para acompanhá-lo na refeição.

Verbo BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora