Prólogo

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Era fim de tarde e os pés descalços pisavam as folhas vermelhas pelo chão, as lágrimas que já haviam secado, voltaram a encher os olhos da mulher que naquele momento se lembrava que sua menina havia deixado de ser sua, ela se lembrava exatamente das palavras que saíram de sua própria boca quando ela quebrou em vários pedacinhos a mulher que amava.

A saudade a dilacerava desesperadamente, ela também se sentia quebrada, só que ela sabia que não tinha escolha, não depois de tantas mentiras, não depois de tudo...


Oh, pedaço de mim

Oh, metade arrancada de mim

Leva o vulto teu

Que a saudade é o revés de um parto

A saudade é arrumar o quarto

Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim

Oh, metade amputada de mim

Leva o que há de ti

Que a saudade dói latejada

É assim como uma fisgada

No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim

Oh, metade adorada de mim

Lava os olhos meus

Que a saudade é o pior castigo

E eu não quero levar comigo

A mortalha do amor

Adeus

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