Capítulo Quatorze

56 6 0
                                    

Após alguns segundos de silêncio Miguel se pronunciou.

— Arabella é um nome diferente... — Expressou pensativo. — Então, vamos?

— Com licença e desculpem interromper, mas vou precisar roubar a Renata uns minutinhos para falar com alguns jornalistas. — Hian Anderson chegou falando em inglês e levando Renata em direção a sala onde alguns jornalistas agendados previamente já aguardavam.

Renata acompanhou o pintor, mas o olhar não desgrudava de Arabella. Ela notou que a jovem olhava para baixo, postura que só adotava quando estava chateada ou triste. Após a saída de Renata, Miguel voltou-se para Arabella fazendo gesto para que o acompanhasse.

— É Miguel seu nome, certo? — Arabella se direcionou ao homem.

— Isso, minha jovem. — O homem respondeu fazendo Arabella querer revirar os olhos.

— Então, Miguel... Eu não vou te acompanhar, não tenho o menor interesse em conhecer o irmão da sua namorada e não me sinto minimamente entediada dentro de uma galeria de arte e nem conversando com pessoas mais velhas.

— Uii... — Miguel fez um som de assovio demonstrando que estava constrangido.

— Minha intenção não é ser grosseira. só não estou mesmo interessada. Com licença. — Arabella saiu deixando Miguel e Leonor sozinhos.

— Você não muda mesmo, né Miguel? Sempre achando que sabe o que os outros querem. — Leonor respondeu com irritação.

— Quem não muda é você, sempre me alfinetando. Não viu que Renata concordou comigo? Ela também acha que seria bom para a nova amiga conhecer gente jovem.

— A Renata se separou de você e já evoluiu muito, mas ainda falta parar de dar ouvidos as asneiras que você diz. — Retrucou a mulher.

— Você sempre foi uma invejosa que quis o que não pode ter ou ser. — Miguel aproveitou que estava sozinho com Leonor para espezinhá-la como sempre fez sem que Renata soubesse.

— Não começa com sua transfobia porque eu não tenho mais medo de magoar a Renata e vou em dois segundos na mídia e exponho o grande porco que você sempre foi. — Leonor falou entre os dentes tentando fingir que era uma conversa normal.

— Quer saber? Essa exposição já deu o que tinha que dar. Eu tento manter uma boa relação com vocês por causa do André, mas aturar a Renata e você como a madrinha que ela arrumou para ele está ficando impossível. — Miguel respondeu fazendo aspas com os dedos quando falou madrinha.

— Acho bom você sumir mesmo daqui ou não respondo por mim. — Leonor falou ainda mais irritada vendo o homem logo se retirar.

Leo procurou por Arabella pelo térreo e não encontrou, localizando a moça no terraço com uma taça de champanhe na mão e sentada diante de uma escultura feita por Renata que ficava fixa na parte externa do andar superior. A escultura era feita em cobre e representava uma mulher que dançava com uma cobra a segurando pelo pescoço.

— É linda não acha? — Leonor perguntou sentando ao lado dela.

— Tudo que a Renata faz é lindo. Ela é incrivelmente talentosa. — Bella respondeu.

— Mas as vezes ela faz e fala cada merda... — Leonor respondeu com uma risada sarcástica.

— É... — Bella respondeu sem entusiasmo. Se sentia magoada.

— Não sei se posso te pedir isso, mas vou pedir mesmo assim. Releva o que ela disse. Ela não fez por mal e ainda terá muito para aprender e se adaptar nessa relação que vocês têm.

Verbo BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora