Capítulo Dezenove

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Arabella fechou os olhos por alguns segundos tentando assimilar tudo que estava acontecendo e antes que conseguisse concatenar as ideias, André falou o que ela mais temia que Renata ouvisse.

— Claro que nos conhecemos, mãe! Íamos ficar noivos! — O rapaz falou assim, na lata, sem saber o maremoto que aquelas palavras trariam para a vida das duas mulheres.

— Mas, mas... Você nunca me falou que o nome da sua noiva era Arabella. Eu me lembraria. Sei que não cheguei a conhecê-la porque já estava morando aqui, mas você nunca me falou sobre Arabella. — Renata falava tentando encontrar alguma justificativa, algum equívoco.

— Lua! Era assim que Arabella era conhecida na USP. Assim que chegou na faculdade, ela venceu os jogos de calouros que aquele ano foi chamado de Jogos da Lua e como todo mundo achava o nome dela difícil, logo o apelido Lua pegou. — O rapaz respondeu com um sorriso.

Bella ainda não tinha conseguido dizer uma palavra, ela queria poder ler a mente de Renata para saber o que ela estava achando de tudo aquilo. A garganta estava se fechando em um nó, mas ela falou quase em um sussurro...

— Nós não íamos ficar noivos. Só namoramos por sete meses...

— Como você e minha mãe se conheceram, Lua? — O rapaz interrompeu ignorando a fala de Bella.

— Fisioterapia. Arabella é minha fisioterapeuta. Lembra que te falei sobre e evolução da minha recuperação? Estou quase de alta. Foi assim que nos conhecemos... — Renata respondeu antes que Bella o fizesse. — Bom, vou na cozinha buscar nosso jantar, podem se sentar.

— Eu te ajudo. — Arabella falou já seguindo a mulher até e cozinha.

Assim que se afastaram de André, Arabella tentou falar.

— Rê, me deixa te explicar, podemos conversar com ele e...

— Não ouse! — Renata interrompeu se virando para Arabella com o dedo indicador em direção ao rosto dela. — Não quero que você fale absolutamente nada com o meu filho, você está entendendo? Depois, longe dele, nós conversaremos!

Renata seguiu para a cozinha e pegou tudo que precisava para servir o jantar. As duas mulheres jantaram quase em silêncio absoluto, sem conseguirem lidar com o turbilhão que se passava dentro delas. André foi o responsável por conduzir o diálogo durante o jantar, falando sobre o tempo que passou na Austrália e sobre os planos de ficar no Brasil. O rapaz estava visivelmente mais empolgado após encontrar Arabella.

Após a sobremesa e sem aguentar mais aquele clima, além de não poder conversar com Renata, Arabella preferiu ir embora. André insistiu que ela ficasse, mas a jovem não queria mais passar um minuto sem poder esclarecer as coisas com a namorada e resolver o que fariam.

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— Mãe, você e a Lua são amigas não são? — André sentou no sofá ao lado de Renata assim que Arabella foi embora.

— É filho, pode-se dizer que sim. — Renata respondeu meio aérea.

— Queria te pedir uma coisa, mãezinha. — André se aconchegou no colo de Renata. — Eu fiquei anos fora do Brasil tentando esquecer a Lua, mas nunca consegui. Ela é a mulher com quem eu quero me casar. Me ajuda a reconquistar ela, mãezinha? Me ajuda por favor!

Renata sentiu seu estômago embrulhar, os olhos ardiam querendo produzir lágrimas que ela tentava segurar. Como ela poderia ficar com a mulher que André ama? Como poderia magoar o próprio filho?

Verbo BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora