quatro, jogo da cobrinha.

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CAPÍTULO QUATRO.... jogo da cobrinha.❫

O DIA PARECIA NÃO TER FIM, HELENA HAVIA perdido as contas de quantas vezes olhou no relógio. Se sentia péssima consigo mesma. Quem observava de longe poderia dizer que a garota não se abalava com nada, mas quem a conhecia sabia que traição era algo que a afetava.


Aos cinco anos Valentim aprendeu a ler, se destacava na escola como uma garota introvertida, mas inteligente. Sua curiosidade aguçada faziam que seu vocabulário se dividisse em perguntar sobre tudo e querer saber sobre tudo.

Aos oitos anos descobriu a senha do celular do pai, a felicidade era tanta que os pulos de alegria eram vistos enquanto nutria o aparelho em mão. Toda vez que o mais velho passava seus exatos sete minutos no banho, a garota corria pegar o telefone para jogar um jogo da cobrinha.


Até que um dia, a sua curiosidade se misturou com aflição e raiva. Ela não pode evitar de ler uma, quando viu, rolava o dedo na tela sob todas as mensagens mandadas naquele número.

Assim que seu pai saiu do banheiro, com o cabelo encharcado e as pontas dos pés levemente molhadas, ele sabia, ele soube no mesmo instante que olhou sua filha com o celular na mão e uma mísera lágrima que lutava para não cair do olho, que ela havia descoberto sua segunda mulher.

Helena gostava de se referir como segunda mulher, amante ela chamava aqueles casos nos quais nutriam apenas beijo e atração carnal. Mas com seu pai foi diferente, seu pai tinha uma outra família, o policial renomado nutria uma família diferente por cinco anos, que obtinha uma outra mulher — loira, e gêmeos meninos.

A descoberta foi o suficiente para Clara, mãe de Helena largasse o homem. Que não lutou tanto para que aquilo não chegasse ao fim, um casamento de quatorze anos chegava ao fim por um jogo de cobra.


A capitã muitas vezes culpava a irresponsabilidade e infidelidade do pai por ela não ter uma família, mas agora, com seus trinta e quatro anos e sozinha, a culpa só podia ser dela mesma.


E foi apenas esses pensamentos que a rodeavam toda vez que flashbacks do acontecimento mais cedo viam a tona. Pensava que para Rosane, a garota seria a mesma loira de anos atrás que acabará com uma família. Pensava que se existisse um karma, Helena pagaria por ele.


Tudo piorou no momento em que uma figura feminina adentrou na delegacia, exigindo que os capitães que estavam no comando aquele dia se apresentassem, oque foi feito rapidamente.

Ao sentar ao lado do Nascimento, Helena não podia negar a maneira automática que suas narinas se encontravam com aquele cheiro, porra, aquele cheiro. Levaria qualquer um a loucura.

A garota firmou a atenção na mulher sentada a frente, o nariz vermelho juntamente com os olhos revelavam que estava chorando. Que choraria assim que abrisse a boca.

————— Vim pedir o direito de enterrar o meu filho.


Era uma mãe, uma mãe desesperada pela última despedida do filho. Se o assunto era delicado para Valentim, a situação piorava para Nascimento, que balançava freneticamente a perna por debaixo da mesa, enquanto em um segundo abaixou a cabeça evitando olha-la nos olhos.

————— Dona Regiane...o filho da senhora era envolvido? —— Helena pegou a guarda da conversa.

————— Sim senhora, ele era fogueteiro. —— a voz arrastada enquanto as mãos cruzadas na mesa faziam toda a cena piorar. Helena se recompôs, sabia que se o capitão ao lado não estava disposto para a conversa alguém teria que ser firme, e ela não tinha filho para derramar lágrima.

SALVATORE, capitão nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora