Capítulo 12

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Desculpem-me a imensa demora para atualizar, eu estive em semana de provas finais, porém minhas férias finalmente chegaram e aqui estou eu. Enfim, boa leitura.

(>*~*)>

 Abro os olhos e vejo as palavras "Tão Somente Temei ao Senhor" pintadas em uma parede branca. Ouço mais uma vez o som de água corrente, mas desta vez o ruído vem de uma torneira, e não do abismo. Passam-se alguns segundos até que eu consiga ver os contornos das coisas ao redor com mais clareza: as linhas do batente de uma porta, de uma bancada e do teto.

A dor lateja continuamente na minha cabeça, bochecha e costelas. Eu não deveria me mover; só vai piorar as coisas. Vejo uma colcha de retalhos azul sob minha cabeça e faço uma careta de dor ao tentar virar o rosto para ver de onde está vindo o barulho de água.

Lauren está no banheiro com as mãos na pia. O sangue nas juntas de seus dedos faz com que a água fique rosa. Ela tem um corte no canto da boca, mas, fora isso, parece estar inteira. Mantém uma expressão plácida enquanto examina o corte, depois desliga a água e enxuga as mãos com uma toalha.

Só tenho uma lembrança de como cheguei aqui, que se resume a uma única imagem: tinta preta ondulando no lado de um pescoço, a ponta de uma tatuagem, o suave balançar que só pode significar que ela me carregou.

Ela apaga a luz do banheiro e pega um pacote de gelo na geladeira, que fica no canto do quarto. Quando caminha em minha direção, penso em talvez fechar os olhos e fingir que estou dormindo, mas nossos olhares se encontram antes que eu consiga fazer isso.

– Suas mãos. – Resmungo.

– Você não precisa se preocupar com minhas mãos. – Responde ela.

Apoia o joelho sobre o colchão e se inclina sobre mim, colocando o saco de gelo sob a minha cabeça. Antes que se afaste, estico a mão para tocar o corte no lado do seu lábio, mas paro, com a mão suspensa no ar, quando me dou conta do que estou fazendo.

O que você tem a perder? Pergunto-me, e encosto levemente os dedos em sua boca.

– Camila. – Diz ela, com boca colada aos meus dedos. – Eu estou bem.

– Por que você estava lá? – Pergunto, abaixando a mão.

– Eu estava voltando da sala de controle. Ouvi um grito.

– O que você fez com eles? – Digo.

– Deixei Wagner em uma enfermaria há meia hora. – Responde. – James e Jacob correram. Wagner disse que eles estavam apenas tentando assustar você. Pelo menos, eu acho que era isso o que estava tentando dizer.

– Ele está muito machucado?

– Ele vai sobreviver. – Responde, e depois conclui, amargamente. – Só não sei em que condições.

Não é correto desejar a dor a outra pessoa só porque ela me machucou primeiro. Mas uma sensação incandescente de triunfo toma conta de mim quando penso em Wagner na enfermaria, e aperto o braço de Lauren.

– Que bom. – Digo.

Minha voz soa firme e feroz. A raiva se acumula dentro de mim, substituindo o meu sangue por um líquido amargo e me preenchendo, consumindo-me. Quero destruir algo ou bater em algo, mas tenho medo de me mexer, então começo a chorar.

Lauren se agacha ao lado da cama e me observa. Não vejo nenhuma compaixão em seus olhos. Eu teria ficado desapontada se tivesse visto. Ela solta o pulso e, para minha surpresa, pousa a mão sobre meu rosto, acariciando-o com o dedão. Seu toque é delicado.

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