Capítulo 16

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 Observo atentamente o rosto de Lauren enquanto caminhamos até o refeitório, procurando qualquer sinal de decepção. Passamos as últimas duas horas deitadas em sua cama, conversando, nos beijando e, por fim, cochilando, até que ouvimos os gritos das pessoas a caminho do banquete no corredor.

Mas a verdade é que ela parece mais leve agora do que antes. Pelo menos, está sorrindo mais.

Quando chegamos à porta, nos separamos. Eu entro primeiro e corro até a mesa que compartilho com Max e Dinah. Lauren entra um minuto depois e se senta ao lado do Zeke, que lhe oferece uma garrafa escura. Ela recusa.

– Onde você esteve? – Pergunta Dinah. – Todos nós estávamos no dormitório.

– Apenas andando por aí. – Digo. – Eu estava nervosa demais para conversar com qualquer um.

– Você não tem nenhum motivo para ficar nervosa. – Diz Dinah, balançando a cabeça. – Eu me virei para conversar com Max por um segundo, e você já tinha terminado.

Detecto um tom de inveja em sua voz e mais uma vez gostaria de poder explicar para ela que eu estava bem preparada para a simulação, por causa do que sou. Mas apenas dou de ombros.

– Qual emprego você irá escolher? – Pergunto-lhe.

– Acho que quero um emprego como o da Lauren. Treinando iniciandos. – Diz ela. – Aterrorizando-os. Sabe, algo divertido. E você?

Eu estava tão concentrada em concluir a iniciação que mal pensei nisso. Poderia trabalhar para os líderes da Audácia, mas eles me matariam se descobrissem o que sou. O que mais posso fazer?

– Acho... que eu poderia ser uma embaixadora para as outras facções. – Digo. – Acho que o fato de eu ser uma transferida me ajudaria.

– Eu esperava que você dissesse que queria treinar para ser uma líder da Audácia. – Diz Dinah, suspirando. – Porque é isso o que James quer. Ele não parava de tagarelar a respeito disso hoje mais cedo no dormitório.

– E é o que eu quero. – Diz Max. – Espero que eu consiga uma posição mais alta do que a dele na tabela... ah, e do que todos os iniciandos nascidos na Audácia também. Esqueci deles. – Ele solta um gemido. – Ai, meu Deus. Isso vai ser impossível.

– Não vai, não. – Diz ela.

Dinah segura a mão do Max e entrelaça os dedos nos dele, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele aperta a mão dela.

– Uma pergunta. – Diz Dinah, inclinando o corpo para a frente. – Os líderes que estavam assistindo à sua paisagem do medo... eles estavam rindo de alguma coisa.

– É? – Mordo o lábio com força. – Que bom que eles se divertiram com o meu pavor.

– Você tem alguma ideia de qual foi o obstáculo?

– Não.

– Você está mentindo. – Diz ela. – Você sempre morde a parte de dentro da boca quando está mentindo. É o que te entrega.

Paro de morder a parte de dentro da boca.

– Se serve de consolo para você, o que entrega Max é quando ele contrai os lábios. – Fala.

Max cobre imediatamente a boca.

– Está bem. Eu estava com medo de... intimidade. – Digo.

– Intimidade. – Repete Dinah. – Tipo... sexo?

Eu fico tensa. Forço-me a concordar com a cabeça. Mesmo se só a Dinah estivesse aqui, e mais ninguém, eu ainda iria querer estrangulá-la agora. Penso em algumas maneiras de causar o máximo de dano a ela, com o mínimo de força. Tento lançar chamas dos meus olhos.

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