"Existem coisas que você não pode deixar para trás. Não pertencem ao passado. Pertencem a você.
- Rick Yancey"
- Meu nome é Spencer - o perfilador tentava mascarar seu nervosismo, mas falhava terrivelmente. Ele já frequentava as reuniões há algumas semanas, mas não havia compartilhado nada sobre si mesmo - e eu sou viciado em heroína.
- Oi, Spencer - um coro de vozes e olhares empáticos se voltaram para ele, o que o fez se sentir mais calmo, até mais seguro.
- Essa é a primeira vez que eu falo abertamente sobre isso. Eu tive alguns... Problemas com Dilaudid, recentemente, e acabei ficando com o que sobrou. Achei que seria mais fácil de superar o que aconteceu assim, mas não foi. Minhas dores de cabeça pioraram muito, assim como minha sensibilidade a luz e barulhos altos e também minha irritabilidade, e isso está começando a me prejudicar no meu trabalho, mas, com a minha profissão, se eu deixar qualquer detalhe passar despercebido, pode custar a vida de alguém. Por isso eu resolvi procurar ajuda...
Spencer havia conversado com seu mentor e estava prestes a seguir caminho para sua casa, quando uma figura familiar se aproximou dele. Reid já havia a visto em outras reuniões, seu cabelo castanho e olhos azuis acinzentados eram inconfundíveis.
- Com licença - ela perguntou, sua voz era calma e possivelmente a mais gentil que Spencer já ouvira - Desculpe, mas eu preciso perguntar, você é o Dr. Spencer Reid?
O doutor ficou surpreso em ter sido reconhecido, e também curioso sobre como a garota o conhecia.
- Sou sim. E você é?
- Dra. Maeve Donovan. Eu li seu artigo sobre a cognição social de psicopatas, e é absolutamente fantástico.
- Oh, muito obrigado, é muito gentil da sua parte dizer isso.
- É a verdade.
Então ela também é doutora. Ela parece ter a minha idade, talvez tenhamos feito faculdade juntos ele pensou.
- Dra. Donovan, se importa se eu perguntar em que você fez seu doutorado?
- Eu tenho PHD em genética, mas e você? No artigo só é citado um bacharel em psicologia.
- Na verdade, eu tenho três PHDs em matemática, química, engenharia e claro, sou bacharelado e psicologia, mas também em sociologia e estou concluindo filosofia.
- Uau. Você tem seis formações acadêmicas enquanto eu quase enlouqueci para conseguir meu único doutorado... Inclusive, é por causa disso que eu venho aqui toda segunda-feira.
Maeve ficou quieta por algum tempo, e Spencer se perguntou se errou em ter falado sobre seus títulos. Ele não teve a intenção de se gabar, só estava contente porque fazia tempo desde a última vez que teve uma conversa que não fosse sobre vítimas dessangradas, decapitadas, amputadas ou terrivelmente mutiladas e descartadas como lixo. Enfim seus pensamentos foram interrompidos por algo que parecia uma pergunta, mas que soou como um sussurro.
- Como você deu conta?
- Desculpe?
- Como você deu conta - ela disse, um pouco mais alto desta vez - como equilibrou tantas faculdades com seu emprego, que pelo que você disse, parece ser muito estressante e ocupar quase todo o seu tempo?
- Sinceramente, eu não sei. Quer dizer, ter uma memória eidetica e ter acabado o ensino médio com doze anos podem ter ajudado em uma coisinha ou outra - ele provoca um leve riso no rosto da geneticista.
- É, talvez... - ela brinca.
- Sabe, se precisar de um conselho ou algo assim - ele retira um de seus cartões de contato de dentro da sua bolsa transversal e oferece para a jovem doutora - eu ficaria mais que feliz em ajudar.
- Ah, obrigada - ela lê a inscrição acima do número no cartão - Unidade de Análise Comportamental?
- É, eu trabalho como perfilador pro FBI, eu e minha equipe estudamos os suspeitos e traçamos seu perfil para conseguir localizá-lo.
- Isso é incrível. Mas não é mais emocionante do que passar o dia inteiro em uma sala escura olhando células em um microscópio.
- Definitivamente não - ele riu
A doutora checa seu relógio ao guardar o cartão em sua bolsa - Bom, eu adoraria continuar a nossa conversa, de verdade, mas já está ficando tarde e eu tenho que trabalhar cedo amanhã.
- Eu compreendo perfeitamente, e inclusive também tenho que trabalhar pela manhã - ele estende a mão para cumprimentar a geneticista - Foi um prazer, Dra. Donovan.
- O prazer foi todo meu, e por favor Dr. Reid, me chame de Maeve.
- Desde que você me chame de Spencer.
- Por mim tudo bem - ela sorriu de uma maneira tão encantadora que a fez parecer um princesa - Até a próxima segunda, Spencer.
- Até lá, Maeve.
Os dois se despediram e seguiram direções opostas, ela a caminho do estacionamento e ele em rumo ao seu apartamento, que era a apenas algumas quadras do prédio, ambos se sentindo alegres, e até mais humanos do que quando acordaram naquela manhã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
nobody but ourselves
Fanfictionmaeve donovan e spencer reid, mas eles vivem uma vida juntos.