Capítulo 1.

118 19 67
                                    

   Definição de entusiasmo: a efervescência da alma, a chama ardente que incendeia os sonhos e impulsiona os passos. É a vibração que transcende o simples interesse, é o fervor que alimenta a jornada rumo ao desconhecido. Em todas as línguas, desde o antigo sumério ao moderno mandarim, o entusiasmo é celebrado como a força motriz do progresso e da realização.

   Para Harry, ver Hogwarts após cinco longos anos foi mais que uma emoção, foi um reencontro com a própria essência. A majestosa construção emergiu diante dele, tão imponente e encantadora como no primeiro vislumbre, nas sombras da noite. Era cheio de entusiasmo que ele encarou aquela vista. Mesmo com as sombras obscuras que percorreram aquele lugar a alguns anos, nada tiraria tamanho sentimento de seu peito.

   Seu sorriso irradiava felicidade, recordando-se dos momentos que lá viveu. Cada pedra, cada corredor, ecoava memórias vívidas de sua juventude. Era como reviver um livro de contos encantados, onde cada página guardava uma história de amizade e aventura.

   Hogwarts era mais que uma escola; era um lar, um refúgio onde os laços se fortaleceram e os sonhos ganharam asas. E agora, diante dela novamente, Harry sentia-se em casa, como se nunca tivesse partido.

   — Fecha a boca, Harry, vai entrar mosca. — disse Ronny ao seu lado, enquanto caminhavam pelo gramado familiar dos terrenos de Hogwarts.

   Era fim de tarde naquele sábado. O sol, em seu lento mergulho no horizonte, pintava os arredores da escola com tons dourados e alaranjados, criando uma vista encantadora que Harry poderia admirar por muito mais tempo. Mas seus amigos o puxavam em direção à entrada. O baile estava prestes a começar, marcado para as seis horas em ponto, e ainda não poderiam adentrar o salão. Restava-lhes aguardar nos corredores ou nos terrenos ao redor.

   Faltava apenas uma semana para o início das aulas do próximo ano letivo, então não havia estudantes curiosos escalando janelas das comunais na tentativa de se infiltrar na festa, nem tentando azarar os adultos ou fazer questionamentos inconvenientes. Era um momento perfeito para desfrutar da tranquilidade antes da agitação do novo ano começar.

   — Olá, rapazes! — Hermione cumprimentou, deslumbrante em um vestido cor carmim que ressaltava o batom vermelho em seus lábios. A mulher caminhou até eles, com seu sorriso protetor costumeiro.

   — Oi-UAU! — Seamus reagiu ao perceber a beleza reluzente da mulher, e ela deu uma risadinha, observando os quatro garotos à sua frente, mesmo que com as máscaras, pudesse reconhecê-los.

   Era inevitável não reconhecer aqueles quatro patetas como seus amigos. Dean e Seamus sorriam fascinados por Granger, enquanto Ronny e Harry apenas se entreolhavam com risinhos sacanas, sabendo que a garota não costumava se vangloriar de sua beleza.

   — Fizeram boas escolhas. — ela disse, ao notar os olhares dos rapazes, sutilmente ajeitando a máscara de cor dourada, e encarou Harry. — Está sem os óculos, é aquele feitiço que eu te ensinei, não é?

   — Sim.

   Harry havia aprendido um feitiço que tornava sua miopia imperceptível, permitindo-lhe enxergar tudo ao seu redor como se nunca tivesse precisado de óculos. No entanto, tratava-se de um feitiço delicado, pois mexia com os olhos, algo intrinsecamente arriscado na magia. Por isso, não era uma solução permanente e segura, sendo recomendado apenas para ocasiões especiais e raras. Esta era apenas a segunda vez que Harry recorria a esse feitiço em três anos desde que o aprendera.

   A primeira vez ocorreu durante uma missão como auror, quando ele caiu em uma caverna e seus óculos foram destruídos por um ácido excretado por uma criatura mágica que habitava o local. Sem qualquer outra solução disponível para repará-los ou conjurar novos, Harry teve que recorrer ao feitiço, que lhe proporcionou cerca de seis horas de visão nítida.

Masquerade | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora