Capítulo 2.

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   Harry tinha a vaga sensação de que estava bêbado, mas não conseguia distinguir muito bem porque estava tentando dançar com seu amigo Ronald, que se movia tão divertido que arrancava o ar dos pulmões do moreno. Eles tentaram chamar Hermione, mas ela preferiu continuar tomando uma deliciosa taça de vinho enquanto trocava conversa com as amigas de longa data.

   Talvez Harry devesse tomar um vinho também.

   Eram pouco mais das dez da noite, e a música agitada ainda ecoava pelo salão. O moreno se apressou em sair da pista de dança, esbarrando em mais pessoas bêbadas que se divertiam. A aglomeração ali tinha aumentado, e ao finalmente alcançar a mesa, ele se apoiou sobre as bebidas. Por que continuavam cheias? Como não tinham acabado?

   — Merlin. — Harry resmungou quando suas mãos trêmulas derrubaram um pouco de vinho em um dos recipientes com outra bebida.

   — Você está bem mesmo? — a voz familiar soou novamente. Harry se virou um pouco mais devagar, mas não conseguiu evitar a breve tontura. Sua visão estava embaçada, mas ele ainda assim sorriu para o homem à sua frente. Aquele cheiro de novo, de carvalho, preenchia o ar.

   Hortelã, Harry.

   — Estou ótimo! — um soluço. — Apenas tentando pegar vinho.

   Ele conseguiu notar que brotou um sorriso no rosto do homem à sua frente. Sentiu uma forte vontade de se aproximar para poder ver aquele sorriso com mais nitidez, mas seu lado minimamente consciente o manteve preso no lugar.

   — Definitivamente você não está bem. Não seria melhor tomar água? — sugeriu o homem.

   — Água não tem gosto de álcool. — Harry franziu o cenho, confuso com a sugestão.

   — Esse é o ponto, Potter. — o homem respondeu, com um suspiro resignado.

   Harry deu uma risadinha, percebendo sua estupidez. Até que ficou sério, tombou a cabeça para o lado e estreitou os olhos.

   — Você sabe quem eu sou? — perguntou, com um tom mais sério.

   — Eu seria idiota se não percebesse. — veio a resposta, acompanhada de um sorriso ladino.

   Quando Harry tentou se aproximar, tropeçou no longo forro da mesa e se apoiou sobre ela para se equilibrar, derrubando uma das bebidas e quebrando um dos copos. Isso alcançou alguns olhares mais próximos, mas já tinham feito coisa pior do outro lado da mesa, então rapidamente deixaram de prestar atenção. Contudo, Potter exclamou surpreso ao sentir o corte em sua mão. Ergueu o braço para perceber o sangue escorrendo lentamente. Fez um bico com a dor e tentou amenizar com um assopro. O que, definitivamente, não teve resultado algum.

   — Céus. Me dê sua mão, eu vou ajeitar isso. — o tom sério do homem e ao notar ele erguendo a varinha, fez Harry recuar, mantendo a mão para perto do peito. — O que foi?

    — Eu... prefiro um curandeiro. Ou Hermione. Ou Madame Pomfrey.

   O homem respirou fundo, Harry não soube distinguir o que ele sentia por estar sério demais. Assim, ele guardou a varinha no bolso mas manteve a outra mão estendida.

   — Venha, vou te levar até a enfermaria.

   — Tudo bem! — sua animação fez parecer que ele nem tinha ficado receoso com uma varinha desconhecida apontada para si a poucos segundos.

   E então veio aquele gélido de novo, envolvendo sua mão direita quando tocou a dele. Era reconfortante, de alguma maneira. O moreno aproveitou que ele se encontrava a sua frente, observando as costas bem adornadas naquela roupa, subindo o olhar pelos fios, mesmo que borrado, era familiar e atrativo.

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