As únicas mudanças que Charlie tinha feito fora por eu ter crescido: mudou o berço por uma cama e colocou um escrivaninha. A escrivaninha agora tinha um computador de segundamão, com o fio do telefone para a internet grampeada pelo chão até chegar na tomada de telefone mais próxima. Isso tinha sido estipulado por minha mãe, para que pudéssemos manter contato fácil. A cadeira de balanço dos meus tempos de bebê ainda estava num canto.
Havia somente um pequeno banheiro no andar de cima, o qual teria que dividir com Charlie. Tentava não pensar muito nisso. Uma das coisas boas sobre Charlie é que ele não fica me cuidando. Ele me deixou sozinha para desfazer minhas malas e me ajeitar, uma coisa que seria completamente impossível para minha mãe. Era bom poder estar sozinha e não ter que ficar sorrindo e parecer feliz. E era um alívio poder olhar com desânimo para a chuva na janela e deixar escaparem algumas lágrimas. Não estava afim de começar uma choradeira. Guardaria isso para a hora de dormir, quando fosse pensar na manhã que estava por vir.
A Escola de Forks tinha o aterrorizante total de apenas trezentos e cinquenta e sete - agora cinquenta e oito - alunos. Só no meu ano, lá em Phoenix, havia mais de setecentos alunos. Todo mundo aqui tinham crescido juntos - seus avós tinham sido bebês juntos. Eu seria a garota nova da cidade grande. Uma curiosidade, uma aberração. Talvez se eu parecesse com uma garota de Phoenix isso poderia ser uma vantagem. Mas fisicamente eu nunca me encaixaria em lugar algum. Eu deveria ser bronzeada, esportiva, loira - jogadora de vôlei, ou líder de torcida, talvez - essas coisas associadas ao vale do sol. No lugar disso, eu tinha pele branca apesar do sol constante, sem nem ter a desculpa de ter olhos azuis ou cabelos ruivos. Sempre fora meio magra, mas nem tanto, obviamente não era atleta. Não tinha a coordenação motora necessária para praticar esportes sem me humilhar - e machucar a mim mesma ou qualquer um parado muito perto de mim.
Quando terminei de colocar minhas roupas no velho guarda-roupa de pinho, peguei minha bolsa de produtos de beleza e fui ao banheiro comunal para me lavar depois do dia de viagem. Olhei para meu rosto no espelho enquanto penteava meu cabelo embaraçado e úmido. Talvez fosse a luz, mas eu já parecia mais pálida, pouco saudável. Minha pele poderia ser bela - era bem clara, parecia transparente - mas tudo dependia da cor, e eu não tinha isso.
Encarando meu reflexo pálido no espelho fui obrigada a admitir que estava mentindo para mim mesma. Não era só fisicamente que eu nunca me encaixaria. E seu eu não conseguia achar um lugar para mim numa escola com três mil pessoas, quais eram minhas chances aqui?
Eu não me relacionava bem com pessoas da minha idade. Talvez a verdade fosse que eu não me relacionava bem com as pessoas, ponto. Até minha mãe, que era a pessoa mais próxima de mim no planeta, nunca estava em harmonia comigo, nunca estávamos exatamente de acordo. As vezes imaginava se eu via as mesmas coisas através de meus olhos que o resto do mundo via com os deles. Talvez houvesse um problema no meu cérebro. Mas o motivo não importava. O que importava era o resultado. E amanhã seria só começo.
Não dormi bem naquela noite, mesmo depois de ter chorado tudo que precisava. O barulho constante da chuva e do vento no telhado não saiam da minha mente. Puxei a coberta desbotada sobre minha cabeça e depois adicionei o travesseiro também. Mas não consegui dormir até depois da meia-noite, quando a chuva finalmente diminuiu para um chuvisco.
Cerração fechada era tudo que conseguia ver pela minha janela de manhã, e pude sentir a claustrofobia começado. Não se podia ver o céu aqui, era quase uma jaula. O café-da-manhã com Charlie foi um evento silencioso. Ele me desejou boa-sorte na escola. Eu agradeci, sabendo que as esperanças dele eram inúteis. Boa-sorte tinha a tendência de me evitar. Charlie saiu primeiro, indo para o posto policial que era sua esposa e família. Depois que ele saiu, sentei à velha mesa quadrada em uma das três cadeiras que não combinavam entre si e examinei sua pequena cozinha, suas paredes com painéis escuros, armários amarelo brilhante, e piso de linóleo branco. Nada mudara. Minha mãe pintara os armários dezoito anos antes na tentativa de trazer alguma luz para a casa. Sobre a pequena lareira, na sala do tamanho de um lenço que ficava logo ao lado da cozinha, havia uma fileira de fotos. A primeira era uma do casamento de Charlie e minha mãe em Las Vegas, uma de nós três no hospital quando eu nasci, tirada por uma enfermeira prestativa, seguida de uma procissão de fotos escolares minhas até o último ano. Essas eram embaraçosas de se ver - teria que ver se convencia Charlie a colocá-las em outro lugar, pelo menos enquanto eu estivesse morando aqui. Era impossível, estando nessa casa, não perceber que Charlie nunca tinha superado minha mãe. Isso me fazia ficar desconfortável.
Eu não queria chegar cedo demais na escola, mas não podia ficar mais na casa . Vesti meu casaco - que me fazia sentir como numa roupa anti-nuclear - e sai para a chuva. Ainda chuviscava, mas não o suficiente para me molhar muito enquanto procurava pelas chaves da casa que sempre ficavam escondidas nas plantas perto da porta e a trancava. O barulho das minhas novas botas à prova d'água era irritante. Sentia falta do barulho normal de cimento quando caminhava. Não pude parar para admirar minha nova caminhonete como queria. Estava com pressa para sair da névoa molhada que rondava minha cabeça e se grudava no meu cabelo por baixo do capuz. Dentro da caminhonete estava seco e bom. Obviamente, Billy ou Charlie tinham limpado o carro, mas os assentos ainda cheiravam vagamente à tabaco, gasolina e menta. O motor ligou rápido, para meu alívio, mas bem alto, ganhando vida ruidosamente e então chegando ao volume máximo. Bom, uma caminhonete velha assim tinha que ter um defeito. O rádio velho funcionava, uma vantagem que eu não esperava.
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A Saga Crepúsculo Forever(FANFIC BASEADA NA OBRA ORIGINAL)
FanfictionBella Swan é uma jovem que decide deixar sua mãe em Phoenix e se mudar para Forks, uma pequena cidade chuvosa no estado de Washington, onde seu pai é o chefe de polícia. Lá, ela conhece Edward Cullen, um rapaz misterioso e atraente que esconde um se...