Interrogações...Parte 2

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Ele seguiu na frente, seus passos ecoando no corredor silencioso, até o mesmo lugar em que nos sentamos antes. Do outro lado da mesa comprida, um grupo de veteranos nos olhava surpreso, murmurando entre si enquanto nos sentávamos um de frente para o outro. Edward parecia distraído, seus olhos perdidos em pensamentos distantes.

- Pegue o que quiser - disse ele, empurrando a bandeja de prata reluzente para mim.

- Estou curiosa - eu disse enquanto pegava uma maçã vermelha e brilhante, virando-a nas mãos. - O que você faria se alguém o desafiasse a comer comida?

- Você é sempre curiosa. - Fez uma careta, sacudindo a cabeça, os cachos rebeldes balançando.

Ele olhou para mim, sustentando meu olhar enquanto levantava a fatia de pizza da bandeja, e deliberadamente mordeu um pedaço, mastigou rapidamente e engoliu. Eu observei, de olhos arregalados, a cena inusitada.

- Se alguém desafiasse você a comer terra, você poderia, não é? - perguntou ele com condescendência, um brilho travesso nos olhos.

Franzi o nariz.

- Eu comi uma vez... num desafio - admiti. - Não foi tão ruim.

Ele riu, um som melodioso que preencheu o espaço entre nós.

- Eu não devia me surpreender. - Algo por sobre meu ombro parecia atrair a atenção dele, um ponto distante além das paredes do refeitório.

- Jessica está analisando tudo o que eu faço... Ela vai cair em cima de você depois. - Ele empurrou o resto da pizza para mim. A menção a Jessica devolveu uma pontada de irritação a suas feições, uma sombra passando por seu rosto perfeito.

Baixei a maçã e dei uma dentada na pizza, desviando os olhos, sabendo que ele estava prestes a começar um interrogatório sutil.

- Então a garçonete era bonita, é? - perguntou ele casualmente, uma sobrancelha arqueada.

- Você não percebeu mesmo?

- Não. Não estava prestando atenção. Tinha muita coisa em mente.

- Coitada. - Agora eu podia ser generosa, um sorriso brincando em meus lábios.

- Teve uma coisa que você disse a Jessica que... bom, me incomodou. - Ele se recusava a se distrair. Sua voz era rouca e ele olhava de soslaio com olhos perturbados, como se uma tempestade se formasse em seu interior.

- Não me surpreende que tenha ouvido alguma coisa de que não gostou. Você sabe o que dizem sobre ouvir a conversa dos outros - lembrei a ele, tentando aliviar a tensão com um toque de humor.

- Eu avisei que estaria ouvindo.

- E eu avisei que você não ia querer saber tudo o que eu estava pensando.

- Avisou mesmo - concordou ele, mas sua voz ainda era áspera. - Mas você não está exatamente correta. Quero saber o que está pensando... Tudo. É só que preferia... que você não ficasse pensando certas coisas.

Dei um olhar zangado.

- É uma honraria e tanto.

- Mas não é o que interessa no momento.

- Então o que é? - Agora estávamos inclinados um para o outro sobre a mesa. Ele estava com as mãos brancas e grandes cruzadas sob o queixo; eu me inclinei para a frente, a mão direita envolvendo meu pescoço. Tive que lembrar a mim mesma que estávamos em um refeitório lotado, com provavelmente muitos olhares curiosos em nós. Era fácil demais ficarmos presos em nossa própria bolha particular e tensa.

A Saga Crepúsculo Forever(FANFIC BASEADA NA OBRA ORIGINAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora