Prólogo

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Às vezes, o jogador número 14 do Corinthians se pega pensando em algumas coisas, como, talvez, em um romance tipo dos livros: um romance leve, divertido, um romance de televisão, sem os problemas que normalmente os casais comuns têm ou que apenas ele tem. Um romance em que ambos largariam tudo um pelo outro, um romance dos sonhos.

Estar jogado no canto do quarto, assistindo a um jogo aleatório na televisão enquanto lágrimas cobriam seu rosto e latas de cerveja espalhavam-se pelo quarto bagunçado, não era algo comum para Raniele. Não era algo com que ele estivesse acostumado.

Não era algo que ele gostava de sentir. A tristeza não era uma companheira familiar para Raniele.

Principalmente quando se tratava de amor, já que ele passou quatro anos de sua vida apaixonado por uma pessoa. Quatro anos loucamente apaixonado. E agora, essa pessoa o havia deixado. Deixou-o só, para chorar e ficar naquele quarto sozinho, apenas ele, a tristeza e o maldito jogo do São Paulo que passava na televisão.

Ele achava que tinha alcançado o romance dos livros, mas não, ele sabia que não, apesar de não querer aceitar isso. Ele achava que estava tudo bem e feliz com sua namorada, mas vinham brigando há algum tempo, e então, o fim chegou. Raniele não sabia como lidar com isso, já que não teve muitos relacionamentos na vida. Quando criança, se apaixonou por algumas garotas, mas ele era criança, não sabia como se sentir. Na adolescência, talvez seu coração tenha sido quebrado, mas ele só pensava no futebol naquela época. Depois, conheceu Amanda, sua melhor amiga, que anos depois se tornou mais que apenas uma amiga. Tornaram-se um casal invejável, mas agora isso acabou.

O fim que ele nunca esperou ler, o fim que ele nunca esperou assistir, o fim que ele nunca esperou ter, chegou.

A pessoa que ele amava o deixou, deixou-o só, sentado naquele chão gelado, deixou-o sozinho naquele apartamento enorme, só.

Ele não sabia como se sentir. Claro, ele estava mal, mas não sabia como se sentir em relação a Amanda, já que havia uma aliança de noivado em sua gaveta de cabeceira. Ele pensava em pedir ela em casamento, só estava esperando o momento certo, mas esse momento nunca chegará.

Gol. Gol do São Paulo. O placar agora marcava 1x2. Foi um gol bonito, bem feito por Jhonatan Calleri, um típico gol de um artilheiro camisa 9. Raniele sorriu para a televisão. Não estava feliz pelo gol do São Paulo; sorriu porque um argentino estava fazendo história no tricolor paulista. Um artilheiro argentino idolatrado pelos brasileiros, que estava deixando sua marca no Brasil. Isso o fez lembrar de outro argentino, outro que também podia fazer história no Brasil, que tinha tudo para se tornar o melhor camisa 10 do país atualmente. Ele pensou no argentino que jogava no alvinegro paulista, o maior alvinegro paulista. Um típico argentino que não ligava para o hino nacional brasileiro, não se importava com o que acontecia no país onde agora vivia, e nunca se importaria com as cores verde e amarelo da seleção. Bem, não tão típico assim, já que seu recém-nascido filho era uma criança brasileira e paulista. Mas, tirando esse pequeno detalhe, um argentino feliz e craque no Brasil.

O jogador número 10 e o número 14 do Corinthians tinham uma grande proximidade no clube. O brasileiro foi se aproximando aos poucos, trocando apenas olhares no início, já que Raniele não sabia espanhol e Rodrigo não sabia português. Foi difícil se aproximarem, mas o argentino tomou a iniciativa. Raniele lembra bem da primeira frase que Garro lhe disse, uma mistura engraçada de "portunhol" que não deu muito certo.

"Eres bonito, jugaste bom" O argentino se aproximou e sorriu para o Raniele.

"Obrigado?" O brasileiro ficou confuso com as palavras de Rodrigo. Ele acabara de elogiar sua beleza do nada? E por que disse de forma tão estranha que ele jogou bem? "Posso dizer que você também é hermoso?"

Algo loco- Raniele & Garro ⚣Onde histórias criam vida. Descubra agora