Já fazia uma semana desde o incidente. Raniele continuava sendo ignorado pelo argentino Rodrigo. Garro não sabia o que tinha feito para merecer tanto desrespeito. Eles mal se falavam e raramente se cumprimentavam.Era madrugada, a escuridão dominava o lado de fora do quarto de Raniele. Seu quarto tinha pouca iluminação, com algumas malas espalhadas pelo chão, roupas jogadas sobre a poltrona e livros empilhados em vários lugares. Ele estava à procura de um novo lugar para morar, mas ainda não queria sair dali. Embora o espaço fosse pequeno, ele nunca se sentia completamente sozinho. Nos quartos destinados aos jogadores, sempre havia alguém que também dormia no alojamento. No entanto, naquela noite, ele estava sozinho.
Raniele estava sem sono, talvez ansioso para o jogo do dia seguinte. O brasileiro se sentia um pouco melhor desde o incidente, embora ninguém soubesse que ele estava morando lá, e ninguém conhecesse o que havia acontecido com ele. Ele sempre mentia sobre o motivo de ficar no alojamento.
Raniele tinha medo. Não medo das opiniões ou da história, ele apenas sentia medo. O maldito medo.
Talvez ele nunca devesse ter ultrapassado a barreira da amizade com aquela mulher. Talvez, hoje, eles ainda estariam juntos como bons amigos. Raniele sempre se lamentava pelo que aconteceu, pela amizade estragada com Amanda.
Ele estava mal, mas não havia muito o que fazer naquela situação. Deitado, olhando para o teto sem sono, já era tarde da noite. A iluminação deixava o ambiente confortável. Apenas ele e seu corpo, ele e sua intimidade, ele e seu prazer.
__O sol batia na janela de Raniele, espalhando uma luz dourada por todo o quarto. Já era de manhã. Seu celular havia tocado há cerca de dez minutos, mas ele ignorou o alarme. Três batidas fortes ecoaram na porta do quarto, seguidas de risadas e vozes desconhecidas para Raniele.
— Seja quem for, sabe que eu não tranco a porta — ele gritou da cama, esfregando os olhos inchados de sono. — Entra.
A porta se abriu lentamente, e o quarto foi invadido por Yuri, Rodrigo Garro e, surpreendentemente, Matías Rojas, o antigo camisa 10 do Corinthians. Todos estavam com sorrisos largos e carregavam algumas sacolas. Apesar de Rodrigo e Raniele terem se afastado um pouco, o clima não estava desconfortável, apenas carregado de uma leve tensão.
— Bom dia, princesa — disse Yuri, jogando-se ao lado de Raniele na cama, que afundou com o peso adicional. — Como você está?
— E esse aí? — Raniele apontou para o paraguaio, que respondeu com um sorriso discreto. — O que está fazendo aqui?
— Rojas é meu amigo, ele vem quando quer. Apesar de ele ter me esquecido um pouco e agora só pensar no Messi — Yuri revirou os olhos teatralmente e jogou um travesseiro em Rojas, que riu e devolveu a brincadeira com um empurrão leve.
— Bom dia — Raniele se dirigiu a Rodrigo, cuja presença sempre o deixava um pouco nervoso. — Tudo bem?
— Bueno — respondeu o argentino com sua voz rouca e um sorriso que deixou Raniele um tanto quanto animado. — ¿Bien y tu?
— Bom — o brasileiro riu, tentando esconder seu nervosismo, e abriu mais os olhos para observar o rosto bonito do argentino. — Apesar da tormenta, estou bem.
— Vai nos contar o que está acontecendo? — Yuri se ajeitou na cama de um jeito desajeitado, mas que para ele estava confortável. — Você está praticamente morando aqui. Qual a desculpa dessa vez?
Raniele engoliu em seco, sentindo a garganta apertar, e ficou em silêncio, desconfortável com a situação. Ele se sentia ainda mais desconfortável com Yuri o encarando fixamente, esperando explicações. O camisa 9 sempre foi direto e sem muita noção, falando tudo que lhe vinha à cabeça sem se importar com a sensação do outro. Isso podia ser tanto uma qualidade quanto um defeito.
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Algo loco- Raniele & Garro ⚣
FanfictionComo é deixar tudo para trás por alguém? Como é abandonar todos os seus preconceitos para viver de uma nova maneira? Como é experimentar algo verdadeiramente louco? Ou melhor, algo completamente 'loco. É melhor viver um vazio ou uma paixão proibida...