VI

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Día dos
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Raniele respira fundo ao abrir a porta da casa de Rodrigo. O sorriso que havia oferecido ao se despedir do motorista desaparece como fumaça ao vento, substituído por uma expressão de tensão. Ele avança rapidamente para dentro da casa, sentindo o peso da noite. É tarde, e Raniele não consegue acreditar que o argentino estará acordado; as luzes estão todas apagadas, criando uma atmosfera de silêncio profundo

Ele dá alguns passos hesitantes até a escada que leva ao seu quarto, os ecos de seus pés no chão de madeira ecoando em sua mente. O corredor está mergulhado em escuridão, e uma sensação de frio se apodera dele, apesar do calor que emana de seu corpo. A festa o deixou levemente bêbado - ou talvez muito -, e ele se sente como se estivesse flutuando, fora de controle. Ao abrir a porta do quarto, um barulho ressoa, e ele entra, atordoado. Sua camisa está encharcada, e ele nem sabe onde deixou a blusa. Com um movimento desajeitado, Raniele tira os sapatos e os joga em um canto do quarto, antes de arrancar a camisa e se deixar cair na cama, exausto. A mistura de cansaço e embriaguez promete um despertar difícil no dia seguinte.

Mas, de repente, batidas na porta o fazem despertar do torpor. A porta se abre rapidamente, e Raniele não levanta o olhar; ele já sabe quem está ali.

¿Bebiste? — uma voz familiar o questiona.


— Não... — Raniele responde de maneira automática, mas logo percebe que não é Rodrigo, e sim a esposa dele. — Mili? — pergunta, tentando ajustar a voz embargada ao seu estado.

— Oi, Raniele — ela diz em um tom baixo, respirando fundo, como se estivesse se preparando para uma conversa delicada.

— O que foi? — Ele tenta articular as palavras e se vira, encarando a mulher que o observa com preocupação.


— O que aconteceu? O Rodrigo voltou pra casa... Molesto y triste — Mili se aproxima da cama, a expressão de sua face refletindo a angústia. — Você não devia ter bebido tanto...

— É, eu sei — bufa Raniele, esforçando-se para formar uma frase coerente em meio ao turbilhão de emoções. — Acho que briguei com o Rodrigo, um pouco.

— Ele gosta muito de você, Raniele — ela diz, respirando fundo, com a voz embargada. — Ele ficou muito chateado. Se puder, converse com ele.

— Eu não estou em condições — Raniele responde, se jogando de lado na cama novamente. Seus olhos se fecham, e ele quase se entrega ao sono ali mesmo.

— E eu não estou em condições de ficar com um adulto choramingando no meu quarto — Mili retruca, com um olhar firme, e sai do quarto com passos decididos.

Raniele respira fundo, forçando-se a se levantar da cama, cambaleando. A ideia de ir atrás de Rodrigo o assusta; ele se sente tão mal que até atravessar aquele longo corredor parece um desafio. Em vez disso, corre para o banheiro e se ajoelha na frente do vaso, vomitando tudo o que havia ingerido na festa, permanecendo ali por longos 20 minutos.

Ey — a voz do argentino surge atrás dele, acompanhada de batidinhas suaves na porta. — ¿Estás bien?

— Não — Raniele responde, lutando para recuperar a compostura. Seu corpo está mole e quente, e ele percebe que a embriaguez se transformou em um calor inquietante.

Algo loco- Raniele & Garro ⚣Onde histórias criam vida. Descubra agora