VIII

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Día tres
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Raniele estava ofegante e exausto, com o suor escorrendo pelo seu rosto e formando pequenas poças no chão sob seus pés. Seu corpo suportava firme o calor intenso do sol, que queimava sua pele exposta. Hoje, o treino foi tático, um esforço coletivo para se prepararem para o jogo decisivo de amanhã.

Pela manhã, Raniele se despediu de seu irmão e do irmão de Garro. Na noite anterior, nada de significativo havia acontecido entre ele e Rodrigo; os dois foram dormir como se nada tivesse mudado. Contudo, Raniele sentia uma alegria profunda por Rodrigo ter se aberto sobre seus sentimentos. Essa sinceridade alimentou sua motivação para o treino. Durante a atividade, seus olhos frequentemente buscavam o argentino, que exibia um sorriso contagiante. Ver Rodrigo feliz iluminava o coração de Raniele, tornando o treino mais leve e prazeroso.

A rotina de Raniele estava mais intensa do que o habitual. Pela manhã, ele já havia se esforçado na academia, e, à tarde, após um almoço rápido, participou do treino em campo, que, por ser tático, exigia menos fisicamente do que os treinos normais. No entanto, mesmo assim, a tensão e a expectativa pairavam no ar. Após o treino, Raniele precisava se preparar para sua sessão de terapia semanal, um compromisso que agora se tornara parte de sua vida. O clube havia determinado que cada jogador deveria participar de, pelo menos, uma sessão; embora não fossem obrigados a continuar, era altamente recomendado. Muitos jogadores decidiram manter as consultas, e Raniele era um deles. Já Rodrigo, por outro lado, mostrava resistência; ele expressou que não se sentia à vontade com a ideia de terapia e que não se interessava muito. Raniele, por sua vez, tinha certeza de que a terapia poderia ser uma grande ajuda para o argentino.

Pela tarde quase anoitecendo, o elenco do Corinthians se prepararia para embarcar em um ônibus em direção ao aeroporto, onde pegariam um voo para Curitiba, Paraná. Amanhã, um grande jogo os aguardava pelo Campeonato Brasileiro.

Finalmente, o treino chegou ao fim, e Raniele foi o primeiro a correr para o vestiário, sua mente ansiosa por um banho revigorante. Enquanto se despedia do calor e do esforço físico, um pensamento importante invadiu sua mente: Yuri finalmente enviara uma mensagem para o camisa 14 e para o camisa 10. Durante a madrugada, ele informou que já havia pousado no Texas, mas não sabia o que Matías estava fazendo ou onde ele estava. Havia uma chance considerável de que Matías não tivesse realmente viajado para o Texas, mas Yuri, determinado, não estava disposto a desistir tão facilmente.
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Raniele entrou no consultório de Anahy, situado no CT, e logo sentiu o ambiente acolhedor e convidativo. A luz suave e amarelada do teto envolvia o espaço com um toque de tranquilidade, enquanto as paredes pintadas em um tom de azul claro transmitiam uma calma silenciosa. Nas paredes, algumas mensagens motivadoras se misturavam a quadros que homenageavam o Corinthians, um detalhe que sempre o fazia se sentir em casa. Ali, naquele espaço cuidadosamente decorado, ele conseguia respirar mais leve, ainda que, hoje, seu peito parecesse mais apertado do que de costume.

Ele se acomodou no sofá, sentindo o tecido macio que parecia abraçá-lo, exatamente o que precisava naquele momento. Anahy logo apareceu com seu sorriso tranquilo, irradiando uma gentileza que fazia Raniele se abrir de forma natural. A terapeuta, sempre atenciosa, representava para ele um apoio discreto, mas essencial, em meio aos seus conflitos internos.

— Oi, Raniele! Que bom te ver de novo. Como você está se sentindo hoje? — perguntou ela, com uma voz serena e envolvente, enquanto se ajeitava na poltrona à sua frente.

Ele respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos, antes de deixar escapar um suspiro leve.

— Um pouco ansioso, na verdade... — admitiu, desviando o olhar para o chão. — Muitas coisas passando pela cabeça.

Algo loco- Raniele & Garro ⚣Onde histórias criam vida. Descubra agora