IV

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𝐃𝐢𝐚 𝐜𝐞𝐫𝐨

Raniele estava visivelmente desconfortável, sentado no sofá da sala espaçosa, com um bebê repousando em seus braços. Ele, tímido, sorria de leve para a criança, que soltava pequenos murmúrios de satisfação — pelo menos, ele queria acreditar que era isso. Sem muita habilidade, Raniele mexia os braços delicadamente, balançando o bebê para manter seu humor tranquilo, enquanto esperava o retorno do pai, Rodrigo. O jogador, que se encontrava na casa do amigo argentino, não sabia ao certo o que Rodrigo estava resolvendo — talvez uma conversa tensa com a esposa ou organizando o quarto de visitas. Seja como for, era um mistério. Seus pensamentos foram interrompidos quando o argentino entrou na sala com um sorriso amplo.

Listo — disse Rodrigo, sua voz carregada de um entusiasmo característico, enquanto avançava em direção a Raniele.

Apesar da recepção calorosa, o brasileiro se sentia um tanto deslocado. Ele nunca havia solicitado estar ali, o que lhe causava um incômodo que não conseguia esconder. Sentia-se como um intruso na intimidade da casa de seu amigo, como se estivesse invadindo um espaço que não lhe pertencia. Raniele, conhecido por vestir a camisa 14, sempre evitou situações como essa. Não era familiarizado com esses momentos de informalidade entre amigos mais próximos, e seu medo constante era o de ser um incômodo. Mas, por mais que estivesse inquieto, algo dentro dele se acalmava sempre que seus olhos encontravam o sorriso fácil e o brilho nos olhos de Rodrigo.

¿Qué fue? — perguntou o argentino, franzindo o cenho ao perceber a expressão fechada no rosto do brasileiro.

— Nada, Rodri — Raniele respondeu com um sorriso discreto, enquanto cuidadosamente entregava Felipe de volta ao pai.

Rodrigo, sempre cheio de energia, logo puxou Raniele em direção ao quarto onde o amigo ficaria hospedado pelos próximos 10 dias. Ao entrar no ambiente, Raniele viu a esposa de Rodrigo, concentrada em arrumar a cama. Ela estava finalizando os últimos detalhes, ajeitando uma bandeira e uma camisa do Brasil, ambas orgulhosamente abertas sobre a colcha, um toque que fez Raniele soltar uma risada abafada.

Para que apoyes la Copa América — Rodrigo comentou, empolgado, enquanto entregava Felipe para os braços da esposa. Ela, carinhosa, depositou um beijo rápido no marido antes de sair do quarto, deixando-os sozinhos.

Assim que a porta se fechou, Rodrigo se jogou na cama com um suspiro satisfeito, bagunçando a organização que sua esposa acabara de fazer. Ele puxou a bandeira do Brasil com um sorriso travesso no rosto e, em um movimento rápido, apontou para a grande televisão instalada na parede.

Podemos ver todos los juegos aquí — disse ele, seus olhos brilhando com a expectativa de assistir aos jogos ao lado do amigo.

Raniele, no entanto, permanecia cético, embora divertido com a animação de Rodrigo.

— Rodri... você sabe que eu vou ficar aqui só por 10 dias, né? — a voz rouca do brasileiro ressoou enquanto ele se aproximava da cama, onde o argentino ainda estava largado.

— Eu sei, mas você pode assistir os jogos aqui!

— Por que você está tão animado com a minha presença? — Raniele finalmente colocou em palavras a curiosidade que o atormentava desde o momento em que Rodrigo o puxou para sua casa.

Rodrigo se endireitou na cama, o sorriso em seu rosto vacilando por um momento antes de suspirar.

— Porque você é meu amigo... e essa rotina diária não está me fazendo bem — confessou ele, com um suspiro profundo. — Eu amo a Mili e o Felipe, mas... eu precisava de um tempo para mim, algo fora dessa rotina de ser apenas o "pai de família".

Algo loco- Raniele & Garro ⚣Onde histórias criam vida. Descubra agora