am i a monster?

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Lágrimas de chuva escorriam pela janela do quarto de Sicheng, enquanto isso, o garoto desenhava traços de uma pessoa anônima a dançar balé.
Des de seus primeiros passos, Sicheng já demonstrava um certo interesse pela arte, e agora, com seus 10 anos, não seria diferente. Já estava quase dando o horário de sua saída para seu colégio, era seu primeiro dia de aula estudando na Coreia do Sul, estava um tanto quanto nervoso mas ansioso para conhecer novas pessoas, por mais que odiasse socializar. O menino se assusta com o som de um trovão alto, que ecoa pelo seu quarto, poucos minutos depois, ainda com os ouvidos tapados por suas mãos, o garoto nota a porta ser aberta, e a figura masculina de seu pai lhe chama para ir a escola. Sicheng levanta, guardando seu caderno de desenhos na mochila e a colocando nas costas, saindo em passos leves de dentro do quarto, uma mão pequena agarra a sua, um pouco assustado ele olha para o dono da mesma, e sorri levemente ao ver o rostinho de seu irmão mais novo, Chenle, um pequenino sorridente, a única pessoa que lhe tirava sorrisos juntamente a Chittaphon, um garoto que havia conhecido a dois anos.
O chinês adentra o carro, arrumando o pequeno em seu banco, colocando o seu cinto e o dele, por mais que reclamasse, era necessário, e WinWin se preocupava imensamente com o garotinho.
Ao chegar no colégio, o irmão mais velho se despede do pequeno, que faz um biquinho enquanto estica os braços a pedir um abraço de despedida. Dong abraça o menino, fazendo um leve carinho em seus cabelos lisos, em seguida fecha a porta do carro e dá um tchauzinho com a mão.
- Win! Você veio mesmo! - a voz do tailandês, com sotaque nítido, é escutada por Winwin, que sorri ao ser abraçado pelo garoto, por mais que não gostasse tanto de toques, Ten tinha um especial, aquele que lhe confortava, que fazia seu coração acelerar sem nem saber o por quê. De bochechas rosadas, winwin concorda com a cabeça, Lee pega em sua mão, caminhando em direção aos corredores do colégio.
- oque achou da escola? É bonita? Eu achei linda! E adivinha? Próxima semana vai haver a abertura de clubes! Incluindo até clube de balé e artes! - entre sorriso o mais velho diz, as sombrancelhas de Winwin arqueiam, interessado pelo assunto, mas ainda assim calado. - eu conheci novas pessoas, YangYang e Kun! Eles também tão estrangeiros, me trataram super bem e Kun é super inteligente! - winwin desmancha seu sorriso aos poucos, pois um medo começou a crescer em seu peito, não o medo de conversar com eles, e sim, o medo de perder a amizade de Ten para pessoas possivelmente mais interessantes que ele. - oque foi? Eu disse algo ruim? - Lee pergunta parando seus passos ao notar o desaparecimento repentino do sorriso lindo de Winwin - nada, pode me mostrar minha sala? Se souber. - o garoto corta o assunto, começando a caminhar novamente. - acho que sei sim! Você é da mesma sala do Jaehyun, certo? - Ele ignora o acontecimento - quem é Jaehyun? - Por ser novato no país e na escola, a única pessoa que conhecia sem ser seu pai e seu irmão era Ten. - havia esquecido desse detalhe... Mas vem! Tenho quase certeza de que você é de lá. - Ten novamente pega na mão de winwin, novamente um choque percorre pelo seu corpo.
Ao chegar na sala, Ten se despede com um abraço quente, deixando o chinês sozinho, nervoso o garoto entra na sala, envergonhado por ter muitas pessoas lhe encarando, ele se senta em uma cadeira aleatória, brincando com seus próprios dedos, seu olhar percorria por toda a sala, que a cada canto tinha um grupinho de amigos conversando alegremente. Não entendia oque estava acontecendo, seu corpo tremia sem parar, e o medo só tomava cada vez mais conta de seu corpo, tudo ao seu redor parecia desaparecer, restando apenas ele, sozinho em uma sala fechada e Fria, por conta da ausência de um agasalho, seu corpo esfriada de acordo com a temperatura do local. Ao olhar para a janela, ainda estava a chover, mas parecia estar mais fraco do que antes. - ei, você é novato aqui? - o garoto é tirado de seus pensamentos, ao notar a presença de um outro menino sentado ao seu lado. Um nó se forma em sua garganta, sua boca parecia ter sido costurada, e seu corpo parecia congelar. - acredito que esteja nervoso, vem cá, qual seu esporte favorito? - o menino que ainda era desconhecido, pergunta, na intenção de distrair Winwin de algo. - hein? - ele insiste, o chinês ainda não conseguia verbalizar uma palavra se quer. - complicado hein, não parece ser daqui, você é estrangeiro? Chinês, sei lá. - o garoto pergunta, e winwin apenas concorda com a cabeça - uou, então você é igual aqueles caras que comem animais de estimação? Tipo gato, cachorro e até mesmo sapo! - ele diz em alto Tom de voz, assustando Winwin, que estava com medo e agora com vergonha. - eca! Que nojo! Deve ser por isso que não fala nada, talvez o sapo tenha comido sua língua! - o menino continua falando alto, rindo de Winwin, que nervoso não parava os olhos em um único lugar. O garoto se afasta, ainda rindo de Sicheng, que agora estava com mais medo ainda. Comentários como "eu devo trazer petiscos de sapos para ele" ou até mesmo imitações de sua língua nativa eram muito bem escutados pelo garoto, que agora segurava o choro.
As aulas pareciam não acabar nunca, no intervalo, o garoto acaba que não encontrando seu amigo, e isso só lhe deixa com mais medo de perder o tailandês. Sozinho, em um banco de madeira, winwin mantinha seu olhar baixo, e ficou ali até o intervalo acabar; após a sirene tocar, winwin volta para a sua sala, indo até sua cadeira pegar sua mochila para procurar seu livro, mas se assusta ao sentir algo pular em seu corpo, algo molhado e gélido, ao olhar, era um sapo pequeno, mas ao olhar mais, viu que haviam mais e mais sapos ali dentro, enojado o garoto sente vontade de vomitar, juntamente com seu corpo formigar por completo, lhe dando uma dor enorme no estômago enquanto seus olhos enchiam de lágrimas, seu corpo tremia novamente, e novamente tudo piora ao ter risadas direcionadas a si.
Winwin levanta cambaleando, sentindo as lágrimas se desprender de seus olhos e escorrer em sob seu rosto. Ele não sabia oque falar, nem oque fazer, a não ser sair dali chorando, assustado com tudo ao seu redor. No banheiro masculino, o menino se ajoelha em uma das privadas, vomitando, enquanto tossia e chorava.
Não entendia o por que de serem assim, era apenas uma criança, uma criança de um país diferente, oque tinha de tão errado nisso? A ansiedade por novas amizades agora havia se tornado angústia, sentia que ninguém iria lhe olhar da mesma forma, por ser um estrangeiro nojento, um monstro que devorava animais inocentes, mesmo tendo o sonho de fazer medicina veterinária.
Sentado em uma cadeira enfrente a diretora do colégio, com seu pai ao lado, Winwin estava totalmente apático, olhando para o chão, enquanto a diretora explicava o acontecimento para o homem, que estava nitidamente estressado, apenas concordando com oque a mulher falava. Ao chegar em casa, winwin teve seu corpo jogado no chão, pela mão grande e forte de seu pai. - por quê falou que é estrangeiro? Ahn? Você sabe muito bem a merda de educação que aquele lugar tem! E agora eu quem terei que quebrar a cabeça pra tentar proteger um fraco como você! - o homem grita, apontando o dedo para Sicheng, caído no chão, chorando. - aprenda a se defender! Não irei gastar meu tempo com isso! - ele afirma, puxando o menino pela camisa, o pequeno chorava ao ponto de soluçar, não era a primeira vez que aquilo acontecia, aos poucos ia virando parte da rotina. Se perguntava onde estava chenle, que não havia chegado da creche, estava com medo de perguntar e acabar sendo mais agredido pelo homem que chamava de pai. Seu coração doía, tudo oque mais queria era ser bem tratado dentro de sua própria casa, ser amado, algo completamente estranho, pois o único amor que ainda acreditava ser verdade era o de Chenle e o de Chittaphon.
Após a saída do Homem, para algum lugar desconhecido, provavelmente para algum bar, Sicheng levanta com um pouco de dificuldade, mancando até chegar no telefone, discando o número da polícia. - boa noite, você discou o número do Departamento policial de Myeongdong, em que podemos ajudar? - a voz feminina é escutada, limpando as lágrimas após alguns minutos de silêncio, Sicheng responde. - socorro. - sua voz baixa e embargada finalmente sai de sua boca. - olá, em que podemos ajudar? - a voz feminina pergunta novamente, e assim, sicheng encerra a ligação, desistindo de procurar alguma ajuda. Ainda mancando, o garoto vai para o seu quarto, sentando na cadeira de sua escrivaninha, novamente uma chuva se forma, com trovões e relâmpagos, o menino novamente chora, oque havia feito de errado? Teria sido melhor se não tivesse nascido?
Estava com uma forte dor na coluna, e uma forte dor de cabeça, a dor na coluna foi causada pelo impacto que seu corpo teve contra o chão, já a dor de cabeça era pelo choro forte que estava tendo.
Em momentos assim, sairia correndo pelas ruas atrás do abraço de Chittaphon, e atrás do abraço de seu irmãozinho. Estava tão perdido em seus devaneios que nem notou a hora passar, ouvindo a porta de casa ser aberta, e os passos rápidos de seu pai irem até a porta de seu quarto, o menino se assusta ao ver o homem segurando seu irmão pela cabelo, o garotinho assustado chorava sem parar, de olhos arregalados Sicheng levanta da cadeira.
- você sabe muito bem oque eu posso fazer com ele, não é? - a voz embolada do Homem deixava claro que o mesmo estava bêbado - por favor deixe ele em paz! Ele não fez nada! - o menino grita, chorando mais ainda - vocês são duas desgraças na minha vida! Vieram para estragar tudo! Eu podia matar vocês! - ele continua a gritar saindo dali ainda puxando o pequenino, que permanecia a chorar. Sicheng, corre até a cozinha, pegando uma faca, e escondendo atrás de suas costas ao ver o nome virar-se. -me dá essa faca, eu vou matar ele e você! - ele vai em direção de Sicheng, que não pensa duas vezes antes de furar a barriga do mais velho, tirando a faca ensanguentada do local e puxando Chenle para ir para seu quarto, o homem cobre o local a sangrar, novamente indo em direção a Sicheng, que chorava, por ainda amar seu pai, e arrependido de estar fazendo aquilo. - é isso que você faz com seu pai? - o homem pergunta com um pouco de dificuldade na fala -o que você se tornou?... - sua voz embargada, seus olhos úmidos, tudo isso formando uma figura devastada, uma criança ensanguentada, esfaqueando o próprio pai para proteger o irmão. O homem agarra o pescoço de Sicheng, já perdendo as forças, o mais novo novamente perfura o homem, novamente em sua barriga. - você é um monstro, igual a mim. - ele diz, sorrindo, enquanto sangrava, desmaiando pela perca de sangue, caindo encima de Sicheng, que finalmente se toca de que estava com seu pai ensanguentado em seus braços, sua roupa estava vermelha pelo sangue impuro de seu pai, e a faca ainda permanecia em sua mão, e seu irmão? Oque iria pensar dele?
Sicheng joga a faca para longe, encarando o homem caído no chão, enquanto sangrava sem parar, o chinês se ajoelha, estancando o sangue nos locais perfurados - eu sou um monstro, eu sou um monstro, eu sou um monstro... - ele repetia rapidamente para si mesmo, chorando desesperadamente, cobrindo as perfurações com um lençol que estava no sofá, novamente ligando para a polícia.

- eu matei meu pai. -

Ele diz antes mesmo da mulher terminar de falar.
Desliga o telefone e corre ao banheiro, tentando limpar o sangue que parecia nunca sair de seus braços e mãos, quando estava no mínimo aceitável, correu até o quarto onde Chenle estava, ainda chorando, Sicheng para na porta do quarto, engolindo seco, com o rosto molhado pela água misturada com lágrima, o pequeno não hesita em correr até seus braços e lhe abraçar, surpreso, Sicheng retribui o ato. -me desculpe por ter feito isso... - ele diz, beijando a testa de Chenle, que soluçava em seu como, e após alguns minutos a polícia invade a casa, encontrando as duas crianças abraçadas.
Um dos policiais, calmamente adentra o quarto, tentando ganhar a confiança dos dois, que pareciam animais selvagens, que a qualquer movimento brusco poderiam fugir. Ao ganhar a confiança de Chenle, o homem pega o pequeno no colo, e outro policial segura a mão de Sicheng, acalmando o menino que ainda chorava, da mesma forma que Chenle também chorava sem parar enquanto abraçava o pescoço do policial. Assim, retirando os dois de dentro da casa ensanguentada, tapando os olhos das crianças ao passar pelo homem desacordado, e em seguida colocando os dois dentro da viatura. Sicheng levado ao hospital por se queixar de muita dor na coluna, lá, descobrindo que havia quebrado um pequeno osso, tendo que fazer uma cirurgia.
Levados ao orfanato, infelizmente, Chenle foi separado de Sicheng, fazendo o garoto aos poucos cair em uma profunda depressão.

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