waves.

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- sicheng? - abro meus olhos, tudo aquilo parecia ter se passado em questão de segundos.
Levanto meu olhar, encontrando o de Taeyong que ainda me encarava esperando respostas, engolindo seco eu início uma breve autobiografia da minha vida. - como já deve saber, eu nasci já China, morei lá até meus 9 anos junto com meu pai, minha mãe e meu irmão mais novo... - inicio, dando uma pequena pausa ainda receoso. - na verdade... Antes de completar meus 8 anos minha mãe desapareceu, nunca descobri o real motivo pois meu pai se quer me deu notícias do caso. Quando comecei a morar na Coreia minha vida virou um completo caos, estávamos sobrevivendo as custas do meu pai e ele raramente aparecia em casa, passávamos dias sem comer, e isso me resultou em uma pessima rotina alimentar hoje em dia. - ao citar esse detalhe, yuta desvia o olhar de mim, como se algo tivesse lhe incomodado, e taeyong parece se interessar cada vez mais em minha história apenas mexendo sua cabeça em sinal de compreensão. - ele havia voltado a beber, meu irmão não tinha a presença dele em suas reuniões escolares, eu sofria constante bullying no colégio e ele não notou o quão melancólico eu estava. Eu não era apegado a minha mãe, ela nunca pareceu gostar de mim muito menos de meu irmão, pois ela desenvolveu depressão após o meu nascimento, e só piorou no nascimento do meu irmão. Quando ele chegava bêbado em casa eu costumava me esconder no meu quarto com meu irmão, pra evitar gritaria dele, só que um dia ele se estressou demais com o fato de ter sido chamado no colégio por conta do bullying que eu tinha sofrido, ainda no meu primeiro dia de aula, quando chegamos em casa ele me agrediu, saiu pra beber mais, buscou meu irmão na creche, ameaçou matar ele na minha frente e eu quase como extinto peguei uma faca para caso algo pior acontecesse, ele viu, me ameaçou também, e meu extinto de defesa soou mais alto e reagiu com uma facada em sua barriga, ele me disse palavras que até hoje me perseguem, desmaiou em meus braços, eu liguei pra polícia e no final fui parar em um orfanato e centro de ajuda psiquiátrica, me separaram de meu irmão, provavelmente ele conseguiu a guarda do menino de volta, e eu agora me sustento com o dinheiro que meus avós enviam. - finalizo, já com os olhos marejados, era horrível ter que lembrar cada detalhe daquilo a que passei, parecia mil vezes mais vivo em minha mente.

- então está aqui para uma vingança? - Taeyong quebra o silêncio - o principal é encontrar meu irmão. - digo, sentindo um rolo de fios me enforcar ali mesmo, minhas mãos suavam e minha perna tremia constantemente. - certo então, sua história me comoveu. Creio que já saiba das regras, Lucas ou Yuta te ensinará tudo direitinho, estou confiando em você. - ele afirma, e eu assenti com a cabeça, aliviado por ter sua confiança, oque para Yuta pareceu ser surpreendente pois arqueou suas sombrancelhas de forma surpresa com a minha facilidade de conseguir a confiança do coreano.

Levanto da cadeira ao mesmo tempo que o japonês, que me leva para fora da sala alheia. - isso foi incrível! Você tem superpoderes? - ele diz risonho, a caminhar para algum lugar aleatório - é tão difícil assim? - pergunto confuso - claro que é! - entramos no elevador.

Depois disso, yuta conversou sem parar com a garota de mais cedo assim que pisamos na sala de treinamento, apenas de passagem. Voltando para o carro que nos esperava no mesmo lugar, o japonês abre a porta para mim e logo depois fecha a porta do carro - você não sabe disfarçar seu nervosismo - ele afirma focado no caminho, permaneço calado olhando para o relógio, que já estava dando quase 1h da madrugada, o tempo parecia ter passado tão rápido. - gosta de praias? - ele pergunta parando enfrente a uma loja de conveniência que por incrível que pareça ainda estava aberta. - não. - respondo, tirando meu celular do bolso. - oque?! Você não gosta de praia?! Isso é quase um crime! - diz escandaloso.

Era quase uma questão de trauma, meu cérebro grampeou esse cenário em minha cabeça, pois foi o local onde vi minha mãe sorrir pela primeira vez. Estávamos na praia, eu estava brincando como qualquer outra criança, e havia sido ela quem tinha me levado ao local, como uma forma de conhecer seu próprio filho melhor, até então parecia ser um local incrível, cheio de conchas e as ondas eram lindas, mas, como nem tudo é perfeito, a mulher tinha permanecido calada Des do início do passeio, tirei seu sorriso quando lhe entreguei uma concha de forma genuína, foi um sorriso fraco, mas ainda sim um sorriso gratificante. Nesse dia voltamos para casa sozinhos, em uma rua vazia, escutando apenas o som de nossos passos e dos pássaros a cantar nas redondezas, eu caminhava na frente e ela sempre atrás, de cabeça baixa, mas não tirava os olhos de mim, foi o único dia em que pude aproveitar um momento com a mulher que me deu a vida. Depois desse dia ela nunca mais apareceu em minha vida, dada como morta, não foi algo chocante para mim, mas criou um certo vazio desconhecido em meu peito, claro, era minha mãe, mas sua ausência era tão frequente que já nem fazia falta.

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