Um menino

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Enid

Termino de preparar o lanche, coloco-o na lancheira de Wendy e chamo por ela no corredor.

— Vamos, Wendy, ou vamos chegar tarde outra vez! — Pego as chaves e logo minha menina surge com sua bolsa nas costas.

Wendy estava com seis anos e era muito esperta para a idade. Já sabia ler e escrever, porém era um pouco rebelde às vezes. Eu e Wednesday sempre dizíamos que ela era mais parecida com Wednesday, mesmo não sendo nossa filha biológica. Era impressionante a semelhança.

Deixo Wendy na escola e vou trabalhar. Wednesday estava no Brasil a trabalho faziam duas semanas e estávamos morrendo de saudades. Por sorte, ela voltava hoje à noite. Então, assim que apanhasse Wendy mais tarde, passaria no mercado para comprar algumas coisas para fazer um jantar maravilhoso de boas-vindas.

Ao chegar, aceno para Bianca, me aproximo e sento ao seu lado nas cadeiras da recepção.

— Oi, Bia! — Ponho minha bolsa ao meu lado.

— Oi, Enid, a pequena deu trabalho hoje!? — Bianca diz com um certo humor na voz, pois sabia que era um sacrifício convencer Wendy a acordar cedo. Ainda mais porque ela estava de férias na semana passada, então a readaptação a acordar no horário a estava deixando difícil.

— Só para acordar e tomar banho, o resto até que não foi tão ruim! — Encosto minha cabeça no apoio da cadeira.

— Wednesday volta hoje, né? — Sorrio e confirmo.

— Vou fazer um jantar de boas-vindas para nós, quer dar uma passada lá? — Pergunto e ela confirma levantando logo em seguida.

— Vamos logo trabalhar, tempo é dinheiro. — Faço o mesmo e vou até minha sala, quase formada em administração e estava na parte das finanças.

Trabalho até escutar o meu celular apitar sobre a mesa de vidro. Pego e logo em seguida dou um pulo da cadeira ao ver que se tratava da assistente social Suze, e logo atendo.

— Oi, Suze, boa tarde!

— Oi, senhora Addams, boa tarde! — Ela diz gentilmente.

— Boas notícias?

— Sim, senhora, acabamos de receber um bebê e vocês são os próximos na fila. Gostariam de conhecê-lo?

— Conhecê-lo?

— Sim, é um menino. Eu sei que vocês queriam uma menina, mas ele acabou de chegar. Caso não tenham interesse, podemos passar a vez de vocês para o próximo casal e esperamos uma menina para vocês.

— Não! — Falo rápido.

Eu e Wednesday queríamos uma irmã para Wendy, mas se tinha um bebê disponível, não perderíamos tempo.

— Quero conhecer sim! — Digo.

— Ótimo, quando seria melhor para vocês?

— Minha esposa está em uma viagem de trabalho, mas chega hoje. Acha que poderíamos ir amanhã à tarde?

— Claro, esperamos vocês!

Suze desliga o celular e eu dou pulinhos. Já estamos há quase dois anos na lista de adoção e avia chegado nossa vez.

Termino um relatório e pego meu carro para buscar Wendy na escola. Eram quase cinco da tarde. Ela estudava em uma escola semi-integral por conta dos meus horários e dos de Wednesday. Pretendíamos mudar isso assim que o nosso outro filho chegasse. Eu trabalharia de casa e Wednesday também.

Desço do carro e Wendy é liberada pelo porteiro, para o qual aceno, pois o conhecia, era o antigo motorista da mansão dos Addams.

— Mamãe!! — Ela pula em meus braços e a seguro.

— Oi, meu amor! — Sorrio feito uma boba olhando para a pequena.

— Vamos, sua mãe, Wed, vai chegar mais tarde. Temos que fazer um jantar bem gostoso para ela. — Wendy concorda sorridente.

Ponho-a no banco de trás, ponho o cinto, dou a volta no carro e entro no assento do motorista. Dirijo até o supermercado e deixo o carro no estacionamento.

Ando de mãos dadas com Wednesday até o lugar de pegar o carrinho.

— Posso empurrar, mamãe? — Ela pergunta e eu assinto.

— Onde vamos primeiro?

— Pegar macarrão! — Digo e Wendy já sabia onde ficava, pois vínhamos muito com ela aqui.

Pego algumas coisas que estavam em falta em casa no caminho e ponho no carrinho.

— Posso pegar um salgadinho? — Wendy pede enquanto eu estava escolhendo um molho.

— Pode, vou ficar olhando daqui! — A parte dos salgados era visível da sessão onde eu estava, então deixo ela ir buscar.

Fico olhando enquanto ela olhava atentamente os salgados e tenta pegar um em uma parte um pouco mais alta. Eu já ia lá para ajudá-la, mas uma mulher chegou mais rápido e ao olhar melhor reconheci quem era, minha mãe.

Largo o carrinho e caminho até minha filha que agradecia a mulher sem saber quem ela era. Wendy nunca teve contato com minha mãe ou com o pai de Wednesday. Apenas poucas vezes ela ligava só para tirar o peso da sua própria consciência e pedir desculpas.

— Vamos, filha! — Digo chamando a atenção de Wendy e, consequentemente, a de Esther.

— Enid? — Ela me olha surpresa.

— Oi, mãe! — Falo pegando Wendy no braço.

— Essa garotinha é sua filha!? — Ela aponta para Wendy que estava confusa nos olhando enquanto segurava um salgadinho de cebola.

— Sim!

Ela para, olhando para Wendy, e eu me preparo para dar a volta e ir até meu carrinho, mas ela segura meu cotovelo.

— Como está a Wednesday? — Ela perguntou pela primeira vez por minha esposa desde o dia em que o marido a expulsou de casa.

— Ela vai muito bem. Se me der licença, tenho que ir para casa!

— Onde você está morando?

— Acho melhor manter as coisas como estão, Esther! — Falo e ela parece magoada. Era exatamente assim que eu estava com ela. Dou as costas indo em direção ao meu carrinho e o levando até o caixa.

Beijos da Torry 😘

A filha do meu padrasto- WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora