A filha do meu padrasto- Wenclair

Grávida

Enid

Minha mãe tinha ido para casa tomar banho e trocar de roupa e logo voltaria. Ela disse que não se importava mais com a reação de Gomes ao saber que ela se reaproximou de mim e de Wednesday, e que Wendy era a prioridade agora.

Tyler tinha saído para pegar um ar há quase duas horas e não tinha voltado até agora. Eugene estava deitado no ombro de Pugsley no sofá, e Bia estava sentada comigo à mesa, na esperança de me fazer comer alguma coisa, enquanto Divina e Yoko dormiam um pouco no meu quarto.

— Come, Enid! — Ela diz, e eu olho para o prato. Eu não estava com fome, mas, para ela parar de insistir, pego um pouco com o garfo e levo à boca.

— Muito bem, você tem que estar bem quando a Wendy voltar! — Ela fala, e eu a encaro.

— Onde você estava quando o pessoal te avisou? Você não chegou com o Tyler. — Pergunto, remexendo no prato, tentando me distrair.

— Eu... — Ela olha em volta, certificando-se de que ninguém estava ouvindo. — Eu estava no médico. Não diz ao Tyler, mas eu fui fazer um teste de gravidez de sangue. — Ela fala.

— Você desconfia que está grávida? — Pergunto, e ela confirma.

— Bem, não é meio que uma desconfiança. Eu fiz três testes e todos deram positivo. O de sangue é só para confirmar de vez.

— Fico feliz por você, Bia. Em outras circunstâncias, eu gritaria e pularia por ganhar um sobrinho para mimar, mas...

— Eu entendo, Enid. Mas logo, logo você vai poder comemorar. A Wendy vai voltar. Wednesday prometeu, não foi? E quando ela promete, ela cumpre.

Termino de comer o restante do prato e vamos para a sala, onde o resto dos meus amigos estavam esperando notícias.

Esther

Assim que entro em casa, o sol já estava se pondo e minha cabeça explodindo de dor. Tomaria um remédio e um bom banho e depois voltaria à casa de Enid.

Assim que piso na sala, Gomes estava sentado na poltrona com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça baixa.

— Oi! — Digo, e ele nota minha presença.

— Onde você estava? — Pergunta com a voz baixa.

— Na casa da Enid, a...

— Então você sabia, sabia que ela tinha uma filha... — Ele parece desapontado.

— Sim, nos aproximamos há umas semanas, e eu não queria que você me proibisse de vê-las.

— Proibir? Eu... Wednesday foi me procurar na prefeitura hoje cedo, me pediu ajuda para achar a filha.

— E o que disse a ela? — Pergunto, sentindo remorso. Me sentia culpada pelo rapto de Wendy.

— Eu vou ajudar. Já chamei o meu contato da polícia e eles já acharam a câmera de segurança que flagrou o carro fugindo com a garota.

— Eu estava lá!

— Eu vi...

— Vou me arrumar e voltar para a casa de Enid. Ela precisa de mim, e sinto que a Wednesday precisa de você.

— Eu não posso!

— Ainda com essa arrogância? Elas se amam e se casaram, nos deram uma neta, pelo amor de Deus, Gomes.

— Não é isso, elas não me perdoariam por ter tentado separar elas. Wednesday não me perdoaria.

— Se você quer ajudar, já é um bom começo. Quer vir comigo? Aposto que, se se mostrar presente e interessado em ajudá-las nesse momento, elas...

— Você acha?

— Tenho certeza. Vamos comigo até lá?— Ele assente, e eu sigo até as escadas para tomar meu banho.

Wednesday

Eu e Tyler estávamos na delegacia com um dos caras que resolvia esse tipo de coisa.

— Eles foram espertos. A chamada não deixa marcas. O único jeito é tentar rastrear na hora que façam uma ligação. — O homem diz, mexendo no computador da delegacia.

— Então temos que esperar ele entrar em contato? — Tyler pergunta, enquanto eu estava apoiada no balcão do lugar. Estamos em uma sala especial.

— Sim, esse tipo de gente não demora a entrar em contato. Eles vão pedir mais uma vez e passar as coordenadas...

O celular de Enid, que estava em cima do balcão, começa a tocar e logo eu atendo. O policial começa a mexer rapidamente no computador enquanto me manda falar.

— Alô? — Digo nervosa.

— Oi, Addams!

— Onde está minha filha? — Pergunto, elevando o tom da voz.

— Calminha, ela está bem aqui, com o papai dela! — Ele diz, e logo a imagem do homem vem à minha mente. O pai de Wendy. Eu o vi apenas uma vez, quando ele teve que assinar um termo para abrir mão de qualquer direito sobre a Wendy. Na época, ele sequer quis vê-la, só compareceu no tribunal por uma ordem judicial.

— O que você quer para me devolver ela? — Pergunto.

— Dois milhões amanhã à tarde! — Fala com uma voz rouca.

— Eu não tenho tanto dinheiro assim! — Falo a verdade.

— Não se finja, Addams. Andei pesquisando sobre vocês. Você é nada menos que a filha do prefeito desse buraco de cidade. Se alguém tem esse dinheiro, é seu papai.

Olho para o policial, que apertou um botão e depois fez um sinal positivo, afirmando que havia conseguido a localização.

— Tudo bem, só não machuque a minha filha. Vou te dar tudo que tenho para tê-la de volta.

— É assim que se fala, e nada de polícia ou nunca mais vai vê-la, entendeu?

— Entendeu? — Fala mais alto.

— Sim!

Ele desliga a ligação, e o policial levanta da cadeira.

— Temos a localização. Ele está na parte mais decadente da cidade, na Rua Fox, casa 17. Vamos mandar uma viatura disfarçada agora.

— Vamos com você! — Eu digo, e Tyler assente.

— Nem pensar, nada de civis. Se quiserem esperar aqui, podem, ou vão para casa.

Olho para Tyler e logo o policial sai da sala.

— Nem pensar que vou ficar de braços cruzados! — Digo, guardando o celular no bolso da jaqueta.

— Eu vou com você!

Beijos da Torry 😘